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los otros y logren articularse entre sí; de lo contrario, considero que es muy peligroso este tipo de cosas.

      J. O.: Una pregunta más, profesor Sigmar: ¿cuál cree usted que es el porvenir de la psicología? ¿Hacia dónde va la disciplina? ¿Usted qué percibe?

      S. M.: Yo soy muy optimista. Yo creo que la psicología es una ciencia que está creciendo, está madurando y avanzando. De lo que yo estudié a los conceptos que hoy existen, ha habido un progreso notorio, muy visible, con muchos conceptos nuevos, y noto que la psicología acompaña la evolución del mundo. Creo que seguimos produciendo investigaciones y conceptos nuevos; el problema hoy es que hay mucha dispersión y que atrapa mucho la divulgación de esos conceptos. La psicología existe, no en los periódicos, pero sí en algunas redes; donde hay gente creativa, seria, buena. Esos grupos innovan la psicología y así la psicología es una ciencia que crece.

      J. O.: ¿Qué le recomendaría usted a un estudiante que se quiere formar hoy en psicología? ¿Cuál sería su consejo para los nuevos estudiantes de nuestra ciencia y profesión?

      S. M.: Tres cosas: reflexionar, reflexionar y reflexionar. Las tres. Yo pienso igual que los franceses. Ellos dicen que hay tres especias inevitables en la cocina para dar sazón: la primera es la mantequilla, la segunda es la mantequilla y la tercera es la mantequilla. Yo diría la misma cosa: tú puedes llegar por varios caminos a ser un psicólogo, pero si no tienes capacidad de reflexión, no llegarás nunca a ser uno realmente bueno.

      J. O.: ¿Y qué le recomendaría a un profesor que va a formar psicólogos?

      S. M.: La misma cosa: reflexionar sobre qué es ser psicólogo y qué tarea es esta de formar psicólogos, y sobre cómo lograr la transformación que tiene que realizar sobre sus alumnos.

      J. O.: Bien, profesor quisiera agradecer este interesante espacio de conversación.

      S. M.: ¡Ha sido con gusto! Gracias también por permitirme reflexionar sobre este tema.

       Christian Dunker conversa com Carlos Mendes Rosa*Universidade de São Paulo, Universidade Federal do Tocantins, Brasil

      Christian Dunker é Psicanalista, Professor Titular Livre Docente do Instituto de Psicologia da USP e Analista Membro de Escola (AME) do Fórum do Campo Lacaniano. Tem experiência na área clínica com ênfase em Psicanálise (Freud e Lacan), atuando principalmente nos seguintes temas: estrutura e epistemologia da prática clínica, teoria da constituição do sujeito, metapsicologia, filosofia da psicanálise e ciências da linguagem. Além disso, é um dos grandes divulgadores da psicanálise em nosso tempo, sempre se colocando de forma clara e precisa, seja nos debates públicos, seja em seu próprio canal no Youtube.

      Sigmund Freud é, inegavelmente, uma das figuras mais marcantes dos últimos dois séculos. Sua influência se estende por várias áreas do conhecimento, desde as artes até a medicina. É na psicologia, porém, que seu legado se consolida como paradigma e campo epistemológico. Por essa razão, uma coleção de diá logos acerca da formação em Psicologia não poderia prescindir da experiência e do conhecimento de um renomado psicanalista. É com esse intuito que nos encontramos com Christian Dunker para uma conversa acerca dos vários temas relacionados ao formar-se psicólogo.

      Carlos Mendes Rosa (C. M. R.): Christian, como e por que você escolheu a Psicologia e posteriormente a Psicanálise?

      Christian Dunker (C. D.): A Psicologia veio para mim como uma espécie de solução de compromisso. Eu tinha um apreço pelas pessoas, pelo cuidado com elas, gostava de ouvir histórias. Ao mesmo tempo, eu tinha um interesse pela Filosofia, pela história das religiões, pelas narrativas, pelos mitos. Assim, a Psicologia tinha esse sentido de ser uma coisa ao mesmo tempo prática, orientada para as pessoas, e que continha a promessa de projeto de autoaperfeiçoamento.

      Muitas vezes, nós ouvimos frases como “a pessoa presta o curso de Psicologia para resolver seus próprios problemas”, “ela devia procurar uma psicoterapia ou uma psicanálise e não fazer o curso de Psicologia”. Eu acho que essa crítica tem um sentido até a página três, porque no fundo, de fato o estudo da Psicologia, quando bem posto, faz parte de uma trajetória de formação de libido em um sentido mais clássico e de autoaperfeiçoamento, ou de perfectibilidade, se você for falar como Rousseau. Essa ideia de que o que você faz e estuda tem sempre que ver com você.

      C. M. R.: E a Psicanálise…

      C. D.: Então, a Psicanálise entrou na minha vida, acho que de uma forma feliz, ou pelo menos de um jeito que eu acho interessante, pois não foi de uma forma muito cognitiva, não foi uma escolha assim “qual é a teoria que do ponto de vista epistêmico me persuade mais?”. Mas, simplesmente, porque eu tive um despeito, estava sofrendo como um perro, e achava que alguém devia fazer alguma coisa. Assim, pedi uma indicação e me indicaram um profissional, mas eu nem sabia que era psicanalista e muito menos que era lacaniano. Eu vim descobrir isso durante o processo e depois que esses encontros se dão, eles provocam consequências, transcendências e ligações que são imprevisíveis.

      Então, já na metade do curso, quando estava no terceiro ano, eu tive uma experiência inusitada de participar de um concurso de bolsas para uma associação de psicanalistas e passei. Daí para frente, então, minha vida se dividia da seguinte forma: de manhã, fazia Psicologia, à tarde estudava Psicanálise e à noite fazia Ciências Sociais. Uma coisa que acho muito interessante da formação do psicólogo é o fato de ela se combinar com alguma outra formação. No meu caso, não cheguei a concluir o curso, mas com alguma outra formação, seja no campo das artes, seja no campo da teoria social, da Filosofia, no campo das línguas, me parece ser muito desejável.

      A Psicanálise foi entrando primeiro como uma experiência pessoal e depois, obviamente, o curso se traduz na tentativa de dar direcionamento a essa experiência junto às matérias, às disciplinas e aos professores. Muitos professores significativos foram decisivos no processo, no meu caso um pouco antes, mas também depois de formado, na continuação da formação psicanalítica. Isso é muito interessante, porque ela cria outra posição para você diante do curso; você sai daquela atitude “shopping center”, segundo a qual você olha vitrines e escolha o que gosta mais, e começa a se responsabilizar pelos livros que escolhe ler e pelos que não lê, pelos professores que você resolve seguir, pela continuidade dos problemas em que se coloca, eventualmente, em uma pesquisa formal ou informal. A Psicanálise muda tudo quando ela entra no curso de Psicologia, quando ela entra no sujeito.

      C. M. R.: Você já começou a responder a uma segunda pergunta: você poderia falar um pouco sobre sua trajetória acadêmica e sua experiência docente? Acrescento, ainda, ter visto no seu Lattes que você fez doutorado em Psicologia Experimental. Como se deu isso?

      C. D.: Então, essa é uma coisa interessante e pouco mensurada nos cursos de Psicologia que é admirável na Psicanálise: ela é mais ou menos próxima do nascimento da própria Psicologia, ela é formativa do campo das práticas em psicoterapia. Não existe nenhuma prática psicoterápica tão antiga quanto a Psicanálise. Outras se desenvolveram, se autonomizaram, se opuseram e há outros paradigmas, mas a força de você estar na antiguidade histórica, na formação do campo, é muito grande.

      No caso do curso de Psicologia da USP, onde eu estudei, isso se reflete, por exemplo, em uma variedade de incidências da Psicanálise. Então, se lá você tem Psicanálise na Psicologia da Aprendizagem, na Psicologia do Desenvolvimento, na Psicologia Social, na Psicologia do Trabalho, na Psicologia Clínica, obviamente, e na Psicologia Experimental, é porque o curso de Psicologia na USP foi formado, basicamente, a partir de três grandes tradições: uma é a Psicanálise, outra é a tradição da análise experimental e do comportamento, e a outra é a tradição dos estudos em Teoria da Ciência, Epistemologia e História da Ciência, que está a cargo, historicamente, da Psicologia Experimental. Mas, bem antes que eu participasse desse departamento, nós tínhamos professores que se formaram

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