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que estivesse zangada com ele, o facto de estar protegida pelo seu corpo provocou uma excitação sexual nela. Tinha dezassete anos quando saíra com ele e, depois disso, cada vez que ele lhe tocara, sentira um nó no estômago. E daquela vez não era diferente. O seu coração acelerou.

      Então, dirigiram-se para o rancho e ela pensou que já há muito tempo que não se sentia tão desprotegida. Aquela sensação de perigo não tinha nada a ver com cavalos ou carros, mas tinha tudo a ver com um cowboy chamado Mike Gardner.

      Mike guiou Lightning para os estábulos. Ao chegar, desmontou e Grace sentiu imediatamente a perda da sensação do seu corpo contra o dela.

      Então, ele ajudou-a a desmontar.

      Naquele momento, se ele se inclinasse levemente para a frente, ela ter-se-ia esquecido de todas as razões pelas quais ele a enfurecia e tê-lo-ia beijado. Teria posto os seus lábios sobre os dele para ver como se sentia, para ver se ele continuava a ter o mesmo sabor que ela recordava. Era a segunda vez naquela tarde que sentia a necessidade de o fazer…

      Depois de a deixar no chão, Mike foi levar Lightning para o seu compartimento.

      Grace respirou fundo para recuperar. Tinha de ir a casa para telefonar para a oficina. Ficou doente ao pensar na possibilidade de o carro não poder ser arranjado. Perguntou-se o que faria nesse caso. Não podia comprar um novo.

      Dirigiu-se para a casa e telefonou para a oficina de Bob, onde Phil atendeu o telefone. Ele era o filho de Bob. Prometeu-lhe que alguém iria buscar o seu carro na próxima hora. Quando estava a desligar o telefone, Mike entrou.

      – Conseguiste um reboque?

      – Sim. Phil vai mandar alguém.

      – Óptimo!

      Grace passou ao seu lado, saindo para o alpendre.

      – Sim, bom, vai ser um incómodo estar sem o carro. Deus sabe quanto tempo vão demorar a arranjá-lo.

      – Se for um problema de transmissão, e parece que é, talvez demorem algum tempo.

      Mike aproximou-se dela e tocou-lhe com cuidado na ferida que tinha na testa.

      – Devias usar o cinto de segurança. A sério, Grace. Tens a certeza de que estás bem?

      Ela afastou-se dele… e das suas críticas.

      – Tu, o senhor traumatismo craniano, vais dar-me lições sobre cintos de segurança? Para tua informação, uso sempre o cinto. Simplesmente, não funcionou correctamente. Não tens de me repreender por isso.

      – Alguém tem de o fazer. Podias ter ficado seriamente ferida se o carro tivesse saído da estrada.

      Grace virou-se para se ir embora, mas ele agarrou-a pelo braço.

      – E se tiveres um traumatismo craniano? Dói-te a cabeça? Estás enjoada?

      Mike não lhe soltava o braço e ela teve de lutar contra a excitação que começou a percorrer-lhe o corpo.

      Riu-se tensamente antes de contra-atacar.

      – Tu estás habituado aos sintomas dos traumatismos – acusou, erguendo o queixo. – Mas a única coisa que está a dar-me dores de cabeça hoje és tu.

      A última coisa que ela devia ter esperado era que ele sorrisse, mas fê-lo, derretendo-a.

      – Grace, não recordo que antes fosse tão divertido discutir contigo.

      Ela afastou-se, pondo as mãos nas suas ancas, já que sabia que, se não o fizesse, ia apagar-lhe aquele sorriso da cara com um beijo.

      Tinha de parar de pensar em beijá-lo!

      – Talvez seja porque não ficaste comigo o tempo suficiente para o verificares.

      O sorriso que ele estava a esboçar desapareceu.

      – Mas não te preocupes comigo. Agora tenho preocupações maiores, obrigada.

      – Não te preocupes com o teu carro, eu ocupar-me-ei dele.

      Ele ia fazer o quê? Grace perguntou-se quando é que ele ia perceber que ela não queria que cuidassem dela.

      – Posso fazê-lo sozinha. Mas obrigada de qualquer forma – replicou.

      – Ouve, estavas aqui a trabalhar para o Circle M. O mínimo que posso fazer é arranjar o teu carro. Pensa nisso. Se estiveres sem meio de transporte, podes levar uma das camionetas da quinta.

      – Aqui temos uma informação de última hora – gozou Grace, que estava a começar a sentir dores de cabeça. – Não quero, nem preciso, da tua ajuda!

      Por um instante, oscilou e começou a tremer. Percebeu que podia ter-se magoado novamente. Agarrou-se ao portão e respirou fundo para tentar ganhar controlo.

      Então, ouviu como um automóvel se aproximava e perguntou-se se seria Phil. Mas era Connor.

      – Olha para ti, estás a tremer – indicou Mike, pondo-lhe uma mão nas costas. – Porque estás tão empenhada em não deixar que as pessoas te ajudem? Porque tens de fazer tudo sozinha?

      Mike não compreenderia. Ele sempre fizera o que quisera quando quisera e acabara por a abandonar. Ela odiara tanto ter ficado na vila depois de ele se ter ido embora que decidira ir para o liceu em Red Deer.

      Fora um grande erro, um erro que tentava esquecer para não esbanjar a sua energia a arrepender-se. A razão pela qual sentira um aperto no coração quando o carro parara fora porque revivera o seu anterior acidente, o medo de ter estado no hospital, a devastação de ter acordado da anestesia para descobrir as notícias terríveis.

      Ela sabia porque era tão independente. Acreditara em Mike e, quando ele já não estava lá, concentrara-se num substituto para resolver as coisas… e correra tudo mal.

      – Pára de ser tão antiquado e vê lá se percebes que estamos no século XXI. As mulheres são perfeitamente capazes de cuidar de si próprias. Não preciso de ti, Mike.

      – Como tencionas chegar a casa? A voar? – perguntou ele.

      Ela não pensara nisso. Parecia que, afinal de contas, precisava dele.

      Então, Connor abriu a porta da sua carrinha e ela aproximou-se rapidamente dele.

      – Connor? Tive problemas com o carro. Importavas-te de me levar a casa? – pediu, sorrindo docemente.

      Viu como Connor olhou para Mike e não precisava de se virar para saber que Mike estava a olhar para eles friamente.

      – Mike podia…

      – Oh, não quero incomodar mais Mike. Já me trouxe até aqui e certificou-se de que eu estava bem. Simplesmente, preciso que me leves a casa.

      – Bom, está bem – Connor voltou a olhar para Mike. – Por favor, diz a Alex que voltarei dentro de meia hora.

      Mike não respondeu. Simplesmente, virou-se e entrou em casa, batendo com a porta…

      Grace não sabia o que fazer enquanto estava à porta da oficina de Bob. Da janela conseguia ver o seu carro. Estava aterrorizada à espera de saber o que Phil pensava. Mas, pelo menos, deixá-la-ia levar o carro e pagar a reparação em pagamentos semanais.

      Então, entrou na oficina.

      – Bom dia, Grace! – cumprimentou Phil, ao vê-la.

      – Olá, Phil! – cumprimentou ela, olhando para o carro. – Não são boas notícias, pois não?

      – Perdeste a transmissão.

      Grace sentiu um aperto no coração. Sabia que as transmissões eram um problema muito sério.

      – Vale a pena arranjá-lo?

      – Bom, podias comprar um modelo menos antigo, mas não haveria nenhuma garantia de que

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