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Mike, mas não tens de o fazer. Já há muito tempo que cuido de mim própria.

      Mike pensou que fora obrigada a fazê-lo. Vivia na vila há cinco ou seis anos. Vivia sozinha. Mas isso não evitava que ele sentisse um instinto de protecção em relação a ela.

      Então, ouviram-se vozes na casa.

      – Acho que já chegaram – observou Grace. – Mesmo a tempo. O frango está pronto.

      Quando Alex e Connor entraram com a sua pequena, Mike forçou um sorriso.

      – Bem-vindos a casa!

      – Oh, não tinham de se incomodar! – exclamou Alex, com os olhos cheios de lágrimas. Então, olhou para Grace. – Tu fizeste isto?

      – Foi ideia de Mike. Agradece que eu tenha cozinhado e não ele.

      Todos se riram, incluindo Mike.

      – Eu farei o café. Confio tudo o resto a Grace.

      – Que inteligente! – exclamou Grace.

      Alex sorriu e abraçou Mike.

      – És um querido – sussurrou-lhe ao ouvido.

      – Não digas nada. Isso é um segredo – sussurrou ele. Então, endireitou-se. – Não trabalhes. Nós vamos cuidar de tudo para que tu possas simplesmente cuidar desse presente que tens aí – indicou, apontando para a barriga de Alex.

      – Isso foi o que eu lhe disse – declarou Connor, pondo Maren na sua cadeirinha e dando-lhe um biscoito. – Nada é mais importante do que cuidar do nosso bebé.

      Mike olhou para Grace, que tinha uma expressão estranha reflectida na cara enquanto olhava para Alex… parecia magoada. Entendia que se sentisse daquela maneira devido à preocupação com a sua amiga, mas havia algo mais. Uma tristeza profunda. Não entendia porque é que ver Alex a deixava triste.

      Grace apercebeu-se de que estava a olhar para ela e sorriu, apagando aquela expressão triste da sua cara como se nunca tivesse existido.

      – Podes servir o frango, por favor, Mike? Eu vou tirar o resto da comida do frigorífico.

      Todos se sentaram para jantar, mas Mike não conseguiu esquecer a expressão triste de Grace.

      Connor e Alex estavam a deitar Maren e Johanna estava a limpar a cozinha. Grace tentara ajudar, mas Johanna impedira-a. Então, como sabia que não devia simplesmente ir-se embora para casa, saiu para o jardim. Estava a anoitecer. Suspirou, sabia que se se fosse embora para casa naquele momento acabaria por sentir pena dela própria. Apesar das preocupações que tinham, os Madsens eram uma família feliz. Ela pensara que algum dia teria uma igual, mas naquele momento sabia que nunca aconteceria. A maioria do tempo era fácil, mas num momento como aquele… custava muito e fazia-a lamentar o que nunca teria.

      Nunca teria a sua própria família…

      – Está uma noite muito bonita, não está? – perguntou Mike, interrompendo os pensamentos dela.

      – Sim.

      – Vais contar-me porque estás tão triste?

      Mike estava atrás dela. Se olhasse para ele, não sabia se seria capaz de se conter e podia criar uma situação muito incómoda.

      – Estou bem, simplesmente, estou a desfrutar da noite.

      – Grace Lundquist, mentes muito mal!

      Ela suspirou, desejando que ele ficasse atrás dela.

      Fechou os olhos.

      – Esquece, Mike.

      Durante um momento, ele ficou em silêncio e ela perguntou-se se se teria ido embora. Mas então ele voltou a falar.

      – Não posso.

      Grace perguntou-se porque é que ele teria de se preocupar tanto com ela de repente. Ele só a via como uma amiga e, mesmo que pensasse nela doutra forma, não significaria muito, já que ele não ficava com nada nem com ninguém durante muito tempo. E não gostava desse tipo de relações.

      Preocupava-se com Mike, isso era verdade, mas não podia aproximar-se demasiado dele. Não sabia se ele não acabaria por a abandonar novamente e não queria cometer o mesmo erro duas vezes.

      Dar-se-iam muito melhor se fossem só amigos.

      Mike pôs uma mão sobre o seu ombro e ela apoiou-se nela.

      – Estou bem. Juro.

      – Durante o jantar não parecias bem. Parecia que todo o teu mundo estava a desmoronar-se ao teu redor.

      Grace obrigou-se a sorrir e virou-se para olhar para ele nos olhos, que reflectiam preocupação. Ele segurou nos dedos dela.

      Ela afastou a mão.

      – Quando te tornaste tão dramático, Mike? Mundos a desmoronarem-se. Como se isso acontecesse…

      – Se não estavas triste, o que é que fazes aqui fora na escuridão?

      – Não queria ser impertinente. Devia ir-me embora para casa.

      – Não devias preocupar-te com isso. Eu vivo aqui. Não podes intrometer-te mais do que eu.

      – É só temporário.

      – Sim, é. Tenho muita vontade de ter a minha própria casa.

      Grace olhou para ele, contente por terem mudado de conversa.

      – Parece engraçado que tu vás ter a tua própria casa e estejas a começar um negócio. Nunca foste desse tipo de pessoas.

      – E não era. Não fui durante muito tempo. Mas as coisas mudam.

      – Que coisas? – Grace inclinou a cabeça, curiosa.

      – Não fazia sentido andar de um lado para o outro sem nenhum propósito, procurando algo sem saber o que era. Chegou um momento em que queria estabelecer-me e encontrar um lugar para mim. Construir um negócio. Criar um lar, até mesmo ter uma família.

      Grace sentiu-se como se os seus ossos se derretessem. Tinha de fugir. Mike, uma casa e uma família. Palavras que nunca esperara ouvir dos seus lábios.

      Sentiu uma vontade desesperada de chorar e mordeu o lábio para se conter.

      – Tenho de me ir embora – afirmou, correndo para o seu carro, entrando e arrancando.

      O que Mike estava à procura naquele momento era o que ela nunca seria capaz de lhe dar.

      Grace levantou-se da cama. Estava constipada e sentia-se muito mal. Tudo o que desejava era ficar na cama, o que era uma pena, tendo em conta que estava um fabuloso dia outonal.

      O dia seguinte era dia de pagamento no Circle M. Alex estava a repousar na cama e era ela que tinha de passar os cheques. Sentou-se na mesa, pensando que não conseguiria ir para o rancho naquela manhã. A última coisa de que Alex, ou Maren, precisavam era que lhes pegasse a constipação.

      Talvez alguém do Circle M pudesse trazer-lhe os documentos necessários. Levantou-se e telefonou para ver se conseguia fazê-lo…

      Mike estacionou a sua carrinha, pegou nas pastas com os documentos e saiu. Dirigiu-se para a porta traseira, onde sabia que gostava de se sentar a ler. Ia deixar o livro de contabilidade e o livro de cheques, mas também ia certificar-se de que ela estava bem.

      Pareceu-lhe que Grace demorou muito a abrir a porta e, quando o fez, Mike teve de se esforçar para não ficar boquiaberto.

      Estava vestida com calças de ganga e uma t-shirt de seda azul que o fez sentir água na boca. Engoliu em seco. Era uma combinação de inocência e de sedução e, por um instante, imaginou-se a agarrá-la pelos ombros e a beijá-la apaixonadamente. Mas a toalha que tinha em redor do cabelo teria dificultado um pouco as coisas…

      – Estou

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