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nem que deixasse as toalhas no chão da casa de banho, ninguém com quem falar, com quem partilhar uma refeição ou com quem ver um filme…

      Era uma existência horrivelmente solitária.

      – Onde tens a cabeça? – perguntou ele, afastando-a dos seus pensamentos.

      Estava muito perto dela. Grace sentiu que o calor se apoderava do seu corpo.

      – Estava simplesmente a pensar.

      Começou a virar-se, mas ele parou-a, agarrando-a pelo braço.

      – Não vás.

      – Não estou a ir.

      – Grace, estiveste a afastar-te durante anos.

      – Não sei o que queres dizer.

      – Com certeza que sabes. O que não entendo é porquê. Porque te esforças tanto para manter as pessoas afastadas de ti quando é óbvio que te preocupas com elas? Todos os que te conhecem gostam de ti. Fazes muitas coisas pelos outros, mas acho que nenhum deles sabe o que te faz vibrar.

      Grace pensou que ele também não sabia nada do segredo que ela guardava. Se soubesse, seria uma desilusão para ele. Mesmo que desejasse que ele a amasse novamente, sabia que voltaria a abandoná-la e não podia voltar a sofrer daquela maneira.

      Mas o seu segredo era um fardo que ela carregava consigo dia após dia e, quanto mais discutiam, quanto mais protector se mostrava com ela, mais desejava contar-lhe e sentir-se livre.

      – Já estás novamente a pensar nas tuas coisas.

      Grace abanou a cabeça e olhou para ele nos olhos, onde viu reflectida preocupação e algo mais. Algo parecido com desejo. Mas não podia ser. Devia ser a sua imaginação. Recordou-se que ele não a via dessa maneira.

      – Mike…

      Ele estava muito perto dela e levantou-lhe o queixo com um dedo, fazendo com que ela olhasse para ele nos olhos. Automaticamente, o olhar de Grace dirigiu-se para os seus lábios.

      – Chiu… – disse ele, beijando-a.

      Finalmente. Parecia que cada poro do seu corpo repetia aquela palavra. Mike soltou o seu queixo e agarrou-a pelos braços, aproximando-a dele. Incitou-a com os seus lábios e ela percebeu que estava a ser muito delicado. Aquilo chegou-lhe ao coração. Mas não precisava que ele tivesse cuidado. Simplesmente, precisava dele.

      Abriu os lábios um pouco mais, convidando-o. Cuidadosamente, ele beijou-a mais profundamente, como que testando a resposta dela, que finalmente fez o que quisera fazer desde a noite em que tinham dançado juntos. Levantou os braços e passou os seus dedos pelo cabelo dele, beijando-o apaixonadamente. Queria-o, queria saber que conseguia fazer com que ele perdesse o controlo e com que a desejasse da mesma maneira com que ela o desejava a ele.

      Depois de mostrar o que queria, tudo mudou.

      Mike parou de a beijar e tomou o controlo. Olhou para ela nos olhos com tal intensidade que fez com que a excitação a percorresse por todo o corpo como uma corrente eléctrica. De repente, ele tornou-se exigente, abriu as pernas e pressionou o sexo dela, devorando-a com um beijo.

      Gemeu, fazendo com que ela recordasse que há quase uma década que não o beijava, mas o seu sabor era tão familiar como se o tivesse beijado no dia anterior pela última vez. Ele pressionava-a contra a parede de madeira e ela agradeceu, já que se não fosse assim, ter-se-ia derretido de prazer…

      – Grace – murmurou Mike, acariciando-lhe a cara para depois descer a mão para o seu peito.

      Ela observou, sustendo a respiração, como ele olhava para a parte do corpo que estava a acariciar. Sabia que ele tocaria em todos os lugares e que ela desejava que o fizesse… E também soube que não seria justo para nenhum dos dois.

      – Pára! – ordenou, duramente.

      – Não falas a sério.

      Ela desejava que ele continuasse, mas estava desesperada para parar antes de as coisas chegarem demasiado longe e de já não poderem voltar atrás.

      – Por favor, Mike, tens de parar.

      – Mas não quero fazê-lo.

      – Não podemos fazer isto. Não queremos as mesmas coisas na vida.

      Ao sentir como ela se afastava, Mike cerrou os dentes. Não queriam as mesmas coisas? Ele sabia que se desejavam um ao outro. Isso estava claro. Mas não queria forçar as coisas e deitar tudo a perder.

      – Lamento muito.

      – Não lamentes. Simplesmente, não podes ir mais à frente, é só isso.

      Grace estava a evitar olhar para ele na cara e ele perguntou-se se se teria enganado. Ela seduzira-o naquela noite na festa dos Riley, mas bebera demasiado e as suas amigas tinham-na incitado. Isso não significava que ela estivesse louca por ele. Na verdade, depois disso, tinham estado a discutir a maior parte do tempo. Por um instante, sentiu-se dispensável. Sabia o que acontecia quando se rendia ao amor. Era sempre magoado. Quando tinham estado a sair juntos, ele é que se fora embora… para que não fosse ela a fazê-lo primeiro.

      – Não quero pressionar-te. Mas não lamento o que aconteceu – não conseguiu evitar dizer.

      O olhar que Grace lhe dirigiu era tão complicado que ele nem sequer se incomodou em interpretá-lo e a sua cara reflectia excitação, medo, esperança e resignação.

      Nada fazia sentido.

      – Não queremos as mesmas coisas – repetiu ela.

      – O que queres dizer com isso? – perguntou ele, olhando para ela nos olhos.

      – Tenho de regressar – afirmou, evitando a sua pergunta. – Obrigada por me mostrares a tua casa.

      – Espera – pediu ele, segurando-a pelo braço.

      Grace olhou para ele, suplicando-lhe silenciosamente que a soltasse.

      – Deixei-te sem te dizer nada. E, Grace, lamento imenso.

      – Esquece-o!

      – Grace, não posso esquecê-lo depois do que se passou. Porque se estivermos a pensar em começar algo entre nós novamente, precisamos de esclarecer as coisas. Deves saber que estava assustado e que fui injusto contigo. Não voltaria a fazer-te algo do género.

      Mike pensou que as suas palavras tranquilizariam Grace, mas em vez disso, ela esboçou uma careta quase dolorosa.

      – Obrigada por te desculpares – respondeu ela. – Mas agora já não importa, porque não estamos a começar nada. Tenho de regressar.

      Aquilo fez com que ele, inexplicavelmente, se zangasse, mas deixou que ela se fosse embora. Disse para si que resolveria as coisas para que começassem algo entre ambos…

      Mike pôs as chaves da camioneta no bolso e passou uma mão pelo cabelo. Conseguia ouvir a música proveniente da taberna do hotel.

      Ela estava ali.

      A trabalhar.

      Trabalhava para pagar a reparação do carro e aborrecia-o que ela preferisse trabalhar como empregada de mesa em vez de aceitar a sua ajuda.

      Tapou ainda mais a cara com o chapéu e entrou na taberna, onde havia uma luz ténue. Percebeu que ela não o vira entrar. Grace estava no balcão, servindo uma bebida e rindo-se por algo que um cliente dissera.

      Quando acabou de servir o cliente, virou-se e viu-o. Fez cara de poucos amigos, mas aproximou-se para anotar o pedido.

      – Cerveja, Mike? – perguntou.

      Mike reparou na frieza do tom de voz dela. Recordava demasiado bem como se sentira ao tê-la nos seus braços e o sabor da sua boca. E o aspecto tão sexy que ela tinha naquela noite não ajudava…

      – Sim, em garrafa.

      Grace olhou para ele, arqueando uma sobrancelha.

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