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de prosseguir.

      – Gostas sim. E tu que nunca gostas de ninguém.

      – É simpática – murmurou Cameron.

      – Achas que não deveria casar com ela – disse Devon.

      – Cala-te, ainda te ouve.

      Mas Ashley já se tinha afastado de Devon e estava focada na sua conversa com Brooke.

      – Se pensas que é linda e simpática, para quê a conversa de eu ser um mártir por ir casar-me? – insistiu Devon.

      – Ouve, não gostaria que a magoassem e isso é o que vai acontecer se não fores sincero com ela. As mulheres acabam por descobrir tudo.

      – Quem diz que não sinto algo por ela?

      – Quer dizer que sentes algo por ela? – perguntou Cameron. – Porque não parece.

      Devon franziu o sobrolho e olhou em volta para assegurar-se de que ninguém os ouvia.

      – A que te referes? Rafe, Ryan e tu somos os únicos que sabemos a verdade sobre a minha relação com Ashley. Não dei motivos a ninguém para pensar que não me caso com ela por amor.

      – Talvez tenhas razão. Talvez seja porque sei a verdade que não te vejo tão contente com o casamento como está a tua noiva.

      – Maldição – amaldiçoou Devon. – Vais acabar por tornar-me paranoico.

      – Ouve, esquece. Estou certo de que tudo correrá bem. Além disso, não é assunto meu. Parece uma rapariga muito doce e tenho pena que possa sair magoada.

      – Não vou magoá-la – disse Devon. – Vou casar-me com ela e vou cuidar dela.

      – Estão a chamar-te outra vez – disse Cameron, apontando com a cabeça para Ashley. – Vou-me embora. Acompanhar-te-ei e felicitarei Ashley uma vez mais antes de despedir-me.

      Devon chegou junto a Ashley, que lhe apresentou outra das suas primas, e depois esperou que Cameron se despedisse e lhe desse um beijo em cada face. Durante todo aquele tempo não conseguiu deixar de pensar na sua conversa com Cameron. Era mesmo verdade que não o via entusiasmado com o casamento? Não podia perder a oportunidade quando estava tão perto de atingir o seu objetivo. Tinha trabalhado muito para que à última hora tudo se estragasse. Se tivesse que casar com o diabo para fechar o acordo, fá-lo-ia.

      Capítulo Três

      Apesar das noites que já tinha passado no apartamento de Devon, ainda sentia borboletas no estômago sempre que entrava no quarto dele para se deitar. Estava ali há uma semana e ainda estava incómoda porque não sentia que aquele fosse o seu lar.

      Estava a tirar a camisa de noite quando o riso de Devon rompeu o silêncio do quarto. Voltou-se rapidamente, franzindo o sobrolho enquanto ele olhava para ela, divertido.

      – O que é assim tão divertido?

      – Tu. Todas as noites perdes o teu tempo vestindo essa bonita camisa de noite para depois a despires, pouco depois de te meteres na cama.

      Ela assentiu. As faces ardiam-lhe.

      Devon sorriu e puxou-a para a cama.

      – Asseguro-te que… – disse e beijou-a, – que nunca deixarei de desejar-te – disse, mordiscando-lhe a orelha. – A não ser que esteja amarrado da cabeça aos pés e, ainda assim, pensaria nisso.

      – Portanto, é verdade que os homens só pensam em sexo.

      – Às vezes também pensamos em comida.

      Ashley riu.

      – A minha mãe está escandalizada por ter praticamente vindo viver contigo.

      – Praticamente não – disse enquanto lhe deslizava uma das alças pelo ombro. – Vieste viver comigo.

      – Estava aterrorizada. O meu pai disse-lhe que deixasse de se preocupar tanto, que nos íamos casar e que é normal que queiramos passar algum tempo juntos antes do grande dia, para nos assegurarmos de que somos compatíveis. Por outro lado, Eric está bastante chateado. Acha que está louco por permitir que me mude para casa de um homem que foi para a cama com meia cidade. São palavras dele, não minhas.

      Devon ficou sério e aproximou-se dela.

      – Fazes sempre isso?

      – O quê?

      – Dizer a primeira coisa que te vem à cabeça.

      – Não sei, nunca tinha pensado nisso – ripostou, franzindo o sobrolho. – Foi o que ele disse. Mas não lhe prestei muita atenção. É demasiado protetor comigo e fica sempre muito resmungão quando alguém repara em mim.

      Ela estremeceu enquanto a puxava para a cama. Cada noite, levava-a até lugares com que nunca sonhara.

      Se aquilo era uma mostra do que ia ser a sua vida com ele, então estava visto que ia ser uma mulher muito feliz.

      – A acompanhar-nos na nossa reunião desta manhã, temos em videoconferência Ryan Beardsley e Rafael de Luca – disse Devon enquanto os rostos dos amigos apareciam no ecrã da parede. – Ryan está na ilha de Saint Angelo, onde estamos a construir um dos nossos hotéis. Quando estiver terminado, este hotel será o padrão da cadeia Copeland. Bom dia, Ryan. Talvez queiras explicar-nos os avanços das obras.

      Devon cedeu a palavra a Ryan e olhou para Cameron, que estava sentado na sua cadeira. Sabia bem como iam as obras porque se informava todos os dias. Embora Ryan acompanhasse o progresso das obras no local, estava pendente de a sua mulher dar à luz a qualquer momento. Por isso, Devon estava em contacto com o chefe de obras para tratar de qualquer assunto que surgisse.

      Cameron não se tinha vestido adequadamente para a situação. Não concordava com a ideia de que a imagem fosse tudo no mundo dos negócios. Além disso, não se importava com o que os outros pensassem. Ainda assim, era fácil para Cameron. Tinha nascido naquele mundo, ao contrário de Devon, que tivera de abrir caminho pouco a pouco.

      Cameron parecia disposto a passar o dia na praia ou sentado com uma cerveja numa mão e um cigarro na outra. Claro que Cameron nem fumava nem bebia. Não tinha nenhum vício. Era perfeito na sua imperfeição.

      O pessoal da Tricorp escutava Ryan atenciosamente e tomava notas. Havia um ambiente de expectativa na sala. Todos sabiam que era uma questão de tempo o anúncio de uma fusão.

      Devon preferia esperar. Talvez estivesse a ficar velho e mole. Talvez nem merecesse estar prestes a dar o maior golpe da sua carreira. Porque quando estava quase a conseguir o que sempre desejara, tinha ido falar com William Copeland para sugerir-lhe que adiassem seis meses o anúncio. Achava preferível que Ashley não pensasse que os negócios tinham algo a ver com o casamento e que a fusão ocorreria mais tarde. Mas William não quis. Fazia questão de que as coisas fossem feitas conforme o planeado.

      Pensava que Devon se preocupava demasiado com a possível reação de Ashley. Ela amava-o. Isso não era suficiente? Devon sentia-se embaraçado por toda a gente saber que ela estava loucamente apaixonada pelo seu futuro marido.

      Além disso, William assinalara que, além do desinteresse de Ashley pelos negócios familiares, as possibilidades de ela perceber o esquema eram muito limitadas. Que conselho dera William a Devon? Que a mantivesse ocupada e feliz.

      De repente, a meio do relatório de Ryan, um estranho som inundou a sala. Todos olharam em redor. Devon franziu o sobrolho. Que fora aquilo? Parecia o som de um telemóvel, mas nunca antes o ouvira.

      Então, toda a gente se voltou lentamente para ele e percebeu que era o seu.

      – Que raio…? – murmurou.

      Devon tirou o telemóvel do bolso e viu o nome de Ashley no ecrã.

      – Desculpem-me um momento – disse, pondo-se em pé. – Atenderei lá fora.

      Saiu rapidamente,

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