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os seus olhões azuis.

      – Que se passa? – perguntou-lhe Juno, mas não conseguia dizê-lo em voz alta.

      – Acalme-se, querida – disse ele, pondo-lhe uma mão no pescoço. Juno tentou dizer algo, o que fosse, mas só lhe saiu um gemido. – Que tal tentarmos isto?

      Então, de repente, inclinou a cabeça para beijá-la. E assim que aqueles lábios roçaram os seus, a pulsação de Juno enlouqueceu.

      Devia empurrá-lo mas, sem dar por isso, abriu os lábios e ele aproveitou para deslizar a língua para dentro da sua boca. E essa invasão despoletou um rio de lava entre as suas pernas, um formigueiro que nunca tinha sentido.

      As suas línguas travavam um duelo, enquanto ele metia uma mão sob a t-shirt para acariciar-lhe as costelas... mas quando se apertou mais contra ela e sentiu o duro membro masculino a roçar o seu ventre, Juno afastou-se, assustada.

      – Ena, isto foi uma surpresa – murmurou ele, com um sorriso nos lábios. – Mas será melhor pararmos antes que percamos o controlo.

      Juno olhou para ele, espantada.

      Que tinha feito? Depois de seis anos de celibato, beijara um completo estranho no aeroporto de Heathrow. Um estranho de que nem sequer gostava.

      – Poderia afastar a mão? – urgiu, envergonhada, ao reparar que continuava a acariciá-la.

      – Que tal procurarmos um sítio para continuarmos isto em privado?

      Juno endireitou a camisa com as mãos a tremer, sentindo as faces a arder. Pensaria que era uma prostituta ou coisa parecida?

      – Passa-se alguma coisa? – perguntou-lhe ele, olhando-a com surpresa.

      «Claro que se passa algo, uma ninfomaníaca acaba de apoderar-se do meu corpo»

      – Não se passa nada.

      – De certeza? Está a agir de um modo algo estranho.

      «Nem imaginas».

      – Tenho que ir-me embora.

      E era verdade. Tinha que afastar-se daqueles olhos azuis e daquele rosto tão atraente antes que se transformasse numa ninfomaníaca.

      Mas ele segurou-lhe o pulso.

      – Espere aí um instantinho.

      – Não, a sério, tenho que ir-me.

      – Não se beija um homem assim para depois deixá-lo plantado. Além disso, não tinha algo importantíssimo para me dizer?

      O convite de casamento.

      Como podia ter-se esquecido do casamento de Daisy?

      – Largue-me a mão – disse-lhe. Tenho algo para si.

      – Sim, isso já eu sei – brincou ele.

      Juno sentiu as faces arderem ainda mais. Maldito fosse. Por que a afetava daquele modo?

      – É um convite para o casamento do seu irmão – insistiu Juno. Celebrar-se-á em Nice e ...

      O sorriso de Mac Brody desapareceu.

      – De que está a falar?

      – É da parte da minha amiga Daisy, a noiva do seu irmão – insistiu Juno, dando-lhe o envelope.

      Pareceu-lhe ver um brilho estranho nos olhos, mas desapareceu em seguida, portanto não podia ter a certeza.

      – Eu não tenho nenhum irmão – disse ele, amarrotando o envelope.

      – Claro que tem – replicou Juno, perguntando-se que raio teria acontecido entre ele e Connor.

      Tinha prometido a si mesma que não suplicaria mas depois do que se tinha passado, suplicar-lhe já não lhe parecia assim tão horrível.

      – Por favor, tem que ir ao casamento. É muito importante.

      – Para mim, não é, por isso pode dizer à sua amiga que não estou interessado.

      – Como pode ser tão indiferente?

      – E que tem a ver com isso?

      – Já lhe disse que Daisy é minha amiga, a minha melhor amiga.

      – Ah, claro. E o beijo foi ideia sua ou da sua amiga?

      – Você sabe perfeitamente que o beijo foi coisa sua!

      – Ah, sim?

      – Sabe uma coisa, senhor Brody? O facto de ser rico e famoso não lhe dá o direito de tratar a sua família como se fosse lixo. Daisy e Connor são duas pessoas maravilhosas e merecem alguém melhor do que o senhor. Francamente, não sei por que querem que vá ao casamento.

      De repente, Mac Brody soltou uma gargalhada.

      – E se pareço assim tão horrível, por que me beijou?

      Se não parassem de falar do maldito beijo, dava-lhe uma bofetada.

      – Nessa altura, não o conhecia. Agora sim, já o conheço.

      – Ah, mas ainda não viu o melhor.

      Juno voltou a corar, mas ergueu os ombros, recusando-se a reconhecer aquele estranho formigueiro no ventre.

      – Acho que sobrevaloriza os seus encantos, senhor Brody.

      Ele riu-se novamente.

      – Mas nunca terá a certeza, pois não?

      Juno não dignificou a pergunta com uma resposta. Que ser tão arrogante, imbecil, convencido...

      Ia largando fumo enquanto saía do terminal, com o coração a bater ao ritmo dos seus passos. Não estava enganada sobre Mac Brody, aquele homem não merecia uma família tão maravilhosa como a de Daisy, Connor e o seu belo filho, Ronan. Felizmente, não iria ao casamento. Que alívio não ter que voltar a ver aquele tipo insuportável em toda a sua vida.

      Mac parou de sorrir enquanto via a rapariga sair do aeroporto... ou melhor, enquanto admirava a curva do seu traseiro.

      Não deveria gozado com ela, mas parecera-lhe irresistível. Como o fora o desejo de beijá-la. Embora não soubesse muito bem porquê.

      Ao ver uma faísca de desejo nos seus olhos, o instinto apoderara-se dele. E quando começou a beijá-la, a sua inocente reação parecera-lhe embriagante.

      Mas a espontaneidade era uma coisa, a temeridade outra muito diferente.

      Mac olhou em volta. Felizmente, não parecia haver nenhum paparazzi em lado algum. Se Danners o tivesse visto a beijar aquela rapariga, poderia ter-lhe tirado uma dezena de fotos e ele não teria dado por nada.

      Suspirando, agarrou a mala do chão e dirigiu-se para a porta. Só então se deu conta de que continuava a ter o convite para o casamento na mão e aproximou-se de um caixote do lixo. Como tinha dito à rapariga, já não tinha irmão, não precisava da sua família e não pretendia ir a nenhum casamento. A última coisa de que precisava era reviver coisas que andava há muito tempo a tentar esquecer.

      Mas quando ia deitar fora o convite, levou o envelope ao nariz e respirou o aroma da rapariga no papel... e sentiu algo, uma emoção que há muito não sentia.

      Desejava-a. Depois daquele beijo, era evidente. Não era tão sofisticada ou tão complacente como as raparigas com que costumava sair em Hollywood, mas tinha-o cativado. E ele não era pessoa de cativar-se facilmente.

      Mac observou o envelope. Talvez ela o atraísse tanto precisamente por ser diferente. A sua roupa de maria-rapaz; a pele suave; a reação irritada, representavam a única coisa que não tinha há muito tempo: um desafio.

      E nem sequer sabia o seu nome.

      Murmurando um palavrão, Mac guardou o envelope no bolso das calças.

      Enquanto

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