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ela se apercebesse e, de repente, estava nua da cintura para cima, sentindo um prazer desconhecido enquanto Antonio continuava a explorar o seu corpo com os lábios e as mãos.

      As calças tiveram o mesmo destino do que a t-shirt e o sutiã e, um segundo depois, as cuecas. Sem saber como, estava nua e Antonio também estava. Olhou para a sua pele bronzeada à luz do candeeiro da secretária, para o peito largo, musculado e perfeito.

      Maisie tremia. Mesmo naquele estado de atordoamento erótico, sabia que o passo que ia dar era enorme e irrevogável.

      Antonio parou, apoiando os braços no sofá. A sua respiração era agitada e irregular.

      – Tens a certeza? – perguntou, novamente. Ela assentiu, demasiado atormentada para falar. – Diz-me para continuar ou diz-me para parar.

      Maisie respirou fundo.

      – Sim – sussurrou, puxando a sua cabeça para o beijar. – Tenho a certeza.

      Antonio não precisava de ser mais encorajado. Beijou-a na boca, apertando as suas ancas enquanto se aproximava e Maisie ficou tensa com a invasão repentina, questionando-se se ele saberia que nunca o fizera. A sua inexperiência seria evidente?

      Antonio deixou escapar um gemido rouco enquanto a penetrava e Maisie tentou habituar-se à sensação. De modo que era aquilo de que tanto ouvira falar. Gostava um pouco mais dos jogos prévios, pensou.

      – Maisie…

      – Não faz mal.

      Não queria que soubesse que era, ou fora, virgem até àquele momento. Que entregara a virgindade a um desconhecido que nunca mais voltaria a ver. Levantou as ancas, empurrando as suas costas e aceitando-o mais profundamente enquanto punha as pernas à volta da sua cintura.

      Antonio começou a mexer-se devagar, com movimentos deliberados, e um brilho de prazer começou a crescer no seu interior. Maisie tentou seguir o ritmo e o brilho transformou-se numa chama, num incêndio imparável.

      Perdeu a noção do tempo e do espaço até explodir. O seu grito quebrou o silêncio, antes de cair no sofá, emocional e fisicamente cansada.

      Antonio apoiou a testa na dela por um instante enquanto tentava recuperar a compostura, espantado por isso ser tão difícil.

      Ter sexo com uma mulher no sofá do escritório não era uma experiência completamente nova para ele. Mas aquilo, com Maisie, parecia-lhe diferente. Parecia-lhe avassalador.

      Não esperara sentir essa emoção. Não sentia emoções, exceto no aniversário da morte do irmão, deixando-se levar pela dor que mantinha guardada durante todo o ano. Não devia tê-la convidado precisamente naquela noite, não devia tê-la seduzido quando se sentia tão vulnerável, em carne viva. Não devia ter aberto a porta do seu coração bem guardado, mas fizera-o e não podia permitir que a corrente de dor penetrasse por esse buraco e o sufocasse.

      Deitou-se de lado e apoiou a cabeça na curva suave do pescoço dela. Continuava a tentar recuperar a calma, embora soubesse que era uma causa perdida. Rendera-se quando a penetrara, quando Maisie o abraçara pelo pescoço e deixara que a penetrasse profundamente, fazendo com que se sentisse feliz e perdido ao mesmo tempo.

      Apertou-a contra o seu peito, abraçando-a como se fosse a sua âncora e ela, a dele. Maisie acariciava o seu cabelo, sussurrando palavras de consolo ao seu ouvido como se fosse uma criança.

      Era tão estranho e, no entanto, tão necessário, pensou, enquanto se apertava contra ela, procurando o consolo que só Maisie podia dar-lhe.

      – Amava-lo muito – sussurrou ela.

      – Sim – confirmou Antonio, sem abrir os olhos. – Sim, amava-o muito e… – Por alguma razão, sentia-se impelido a falar, a contar-lhe a verdade terrível ou, pelo menos, parte dela. – A morte dele foi culpa minha.

      Susteve a respiração, esperando pelo veredicto e pela condenação.

      – Mataste-o? – perguntou ela, em voz baixa.

      – Não, claro que não…

      – Então, não foi culpa tua.

      Antonio deixou escapar um suspiro. Se fosse tão fácil, aceitaria a absolvição e ir-se-ia embora, sentindo-se livre. Mas sabia que não era assim tão fácil e, se lhe contasse toda a verdade, ela também perceberia.

      – Não podes dizer isso.

      – E tu não podes dizer que o mataste – replicou Maisie, segurando-lhe a cara para olhar para ele nos olhos. – Era por isso que parecias tão triste, porque carregas esse sentimento de culpa e ninguém consegue carregar um peso tão grande.

      – Tu não sabes…

      – Então, conta-me.

      Antonio abanou a cabeça. Odiá-lo-ia se lhe contasse a verdade e queria preservar o pouco que tinham partilhado. Preservar a lembrança daquela noite que o sustentaria durante muito tempo.

      – A dor da morte do teu irmão deve ser terrível e não acho que seja boa ideia acrescentar o sentimento de culpa – murmurou, tocando nos seus lábios com um beijo que ele recebeu com os olhos fechados, como se fosse um bálsamo.

      – Tu não sabes – repetiu. Era a única coisa que podia dizer.

      – Sei o suficiente. Vejo o suficiente nos teus olhos. – Maisie beijou as suas pálpebras fechadas e Antonio ficou imóvel, aceitando a carícia, embora algo parecesse partir-se dentro dele, fragmentando outra peça do seu coração endurecido até, em algum momento, não restar nada.

      Continuava a beijá-lo, pressionando suavemente os lábios no seu pescoço e no seu peito, como se estivesse a tentar memorizar cada centímetro do seu corpo. Entre a dor e a tristeza, Antonio sentiu que o desejo despertava. Não o desejo urgente de há alguns segundos, mas algo mais profundo e mais terno, algo mais alarmante e muito mais maravilhoso. E sabia que não conseguiria resistir.

      Maisie pôs-se em cima dele. O seu cabelo era como uma manta vermelha que cobria os dois. Antonio deslizou as mãos pelas suas ancas para a segurar e guiar ao mesmo tempo, sabendo que ela também o sentia, não só o desejo, mas a ligação. Tinham partilhado muito mais do que os seus corpos naquela noite. Entregaram-se um ao outro, partilharam as suas almas.

      Daquela vez, acabaram ao mesmo tempo, de forma natural, e a sensação de felicidade deixou-o com falta de ar. Desfrutara de muitos encontros sexuais na sua vida, mas nunca sentira algo assim, essa intensidade, essa emoção e esse prazer eram algo desconhecido.

      Observou-a enquanto se mexiam com um ritmo sensual e ela retribuiu o olhar. Os seus olhos estavam cheios de compaixão e desejo. Enquanto subiam para o topo do prazer, sentiu-se como se fosse parte dele, como se tivesse entrado no seu sangue, na sua alma. Agarrou-se a ela e ela, a ele, enquanto caíam pelo precipício.

      Depois, Maisie apoiou a cabeça no seu peito e ele enredou um dos seus caracóis entre os dedos, como se isso pudesse ancorá-los ali, naquele momento. Nenhum dos dois disse uma palavra, mas não era preciso. As palavras eram supérfluas face à forma mais pura de comunicação que estavam a partilhar.

      Deviam ter adormecido porque Antonio acordou abruptamente ao ouvir um barulho no corredor. Estava frio no escritório e ela continuava a dormir ao seu lado.

      Ficou em silêncio, à espera, mas a sensação de paz fora substituída por uma impressão fria de horror e vergonha. O que fizera?

      Recordava como tremera entre os seus braços, as coisas que dissera, a fraqueza e o desejo que mostrara. Era uma vergonha. Passara toda a sua vida, especialmente os últimos dez anos, a manter-se distante, a esconder as emoções. Era melhor assim, mais seguro. E numa noite, em algumas horas, ela conseguira abrir o seu coração como uma casca de ovo.

      Sentia-se horrivelmente exposto, como se ela lhe tivesse arrancado a pele, expondo os nervos. Não conseguia suportá-lo. Porque o afetava tanto quando mais ninguém o fizera?

      Devia ter sido o uísque.

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