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à sala.

      – Majestade?

      – O que te parece, Malik? Servirá?

      Malik olhou para Olivia.

      – O cabelo…

      – Pode arranjar-se facilmente – indicou Aziz.

      – Os olhos?

      – Não são necessários.

      – Tem a altura adequada – afirmou Malik, assentindo lentamente. – É discreta?

      – Totalmente.

      – Então, acho que pode ser uma possibilidade.

      – É mais do que uma possibilidade, Malik. É uma necessidade. Vou dar uma conferência de imprensa dentro de uma hora.

      – Uma hora… Não há tempo.

      – Tem de haver. Sabes que não posso arriscar-me a deixar que aumente a instabilidade. – Olivia observou que a expressão de Aziz endurecia e que se transformava em alguém completamente diferente do playboy risonho e despreocupado que conhecia. – Neste momento, um rumor seria como um fósforo aceso. Poderia arder tudo.

      – É verdade, Majestade. Vou começar os preparativos.

      – Obrigado.

      Malik foi-se embora e Olivia olhou para Aziz.

      – O que é tudo isto?

      – Desculpa-me por falar assim com o Malik. Suponho que a tua confusão tenha aumentado.

      – Acertaste – queixou-se ela, incomodada com a forma como os dois homens tinham falado dela, como se fosse um objeto. Embora fosse a governanta de Aziz, não era uma posse e não ia permitir que outra pessoa voltasse a controlar o que fazia.

      – Calma, Olivia. Tu e eu não teríamos continuado a falar se o Malik não te tivesse dado a sua aprovação.

      – Para quê?

      – Suponho que não conheças os termos do testamento do meu pai.

      – Não, é claro que desconheço essa informação.

      – Podia ter-se filtrado – indicou, encolhendo os ombros. – Houve rumores do que o testamento exige.

      – Não faço caso aos rumores. – Nem sequer lia revistas cor-de-rosa.

      – Sabes que fiquei noivo da Elena, a rainha de Tália?

      – Claro. – O noivado fora anunciado na semana anterior. Olivia sabia que o casamento se celebraria em Kadar dentro de poucos dias.

      – Talvez te tenhas perguntado porque ficámos noivos com tanta rapidez.

      Olivia encolheu os ombros. Aziz era um playboy. Verificara-o devido às mulheres que trouxera para casa em Paris.

      – Suponho que tenhas considerado necessário casar-te, agora que és xeque – comentou ela. Aziz deixou escapar uma gargalhada.

      – Podia explicar-se assim. – Aziz voltou a olhar pela janela, cerrando os dentes. – O meu pai nunca estava de acordo com as minhas decisões – explicou, ao fim de uns segundos. – Nem comigo como pessoa. Suspeito que tenha imposto determinadas condições no seu testamento para que ficasse em Kadar e seguisse as velhas tradições. Ou talvez só quisesse castigar-me.

      Apesar de falar como se se tratasse de algo agradável ou corriqueiro, Olivia observou uma expressão fria, ou talvez magoada, nos seus olhos.

      – Que condições?

      – Para continuar a ser xeque, tenho de me casar no prazo das seis semanas posteriores à morte do meu pai – informou, com amargura.

      – Já passou mais de um mês.

      – Exatamente, Olivia: Cinco semanas e quatro dias, para ser exato. E o meu casamento com a Elena foi marcado para depois de amanhã.

      – Então, vais casar-te dentro do prazo e não haverá problemas.

      – Mas há um problema grande: A Elena desapareceu.

      – Desapareceu?

      – Um insurgente raptou-a há dois dias.

      Olivia conteve um grito e tentou recuperar a compostura.

      – Não sabia que essas coisas continuavam a acontecer num país civilizado.

      – Ficarias surpreendida com o que pode acontecer em qualquer país, quando se trata de poder, com os segredos que se guardam e as mentiras que se contam.

      Nos seis anos que Olivia passara a trabalhar para Aziz, só parecia o que deixava ver na superfície: Um playboy encantador e despreocupado. Mas, naquele momento, Olivia teve a impressão de que tinha segredos. Um lado escuro.

      E ela sabia tudo sobre ambas as coisas.

      – Sabes onde esse… esse insurgente a tem?

      – Em algum lugar do deserto, é o mais provável.

      – Está à procura dela?

      – Claro, com todos os meios ao meu alcance. Há cinco anos que não vinha a Kadar e, quando era criança, passava aqui o mínimo de tempo possível. O povo não me conhece. E, se não me conhecem, não serão leais até lhes provar o que valho, se é que consigo.

      – A que te referes?

      – Refiro-me a ser muito difícil encontrar a rainha no deserto. As tribos beduínas são leais ao sequestrador, por isso vão ajudá-lo. Portanto, até encontrar a Elena ou chegar a um acordo com quem a retém, tenho de avaliar outras possibilidades.

      – Quais? – perguntou Olivia, embora tivesse a sensação horrível de que fazia parte das mesmas.

      Aziz esboçou um sorriso radiante. Olivia sentiu que o seu corpo reagia de forma involuntária e observou-o não como o patrão nem como uma pessoa atraente, mas como um homem. Um homem desejável.

      Reprimiu a surpresa devido a semelhante reação inadequada. Era, evidentemente, uma reação biológica e instintiva que não conseguia controlar. Achava que superara esse tipo de coisas, mas talvez o seu corpo não pensasse o mesmo.

      – A que outras possibilidades te referes?

      – É importante que ninguém saiba que a Elena desapareceu, porque isso aumentaria ainda mais a instabilidade em Kadar.

      – Ainda mais?

      – Algumas das tribos do deserto apoiam esse rebelde, o Khalil.

      Olivia questionou-se quem seria Khalil.

      – Porque o apoiam? Tu és o herdeiro legal.

      – Obrigado pelo teu voto de confiança, mas receio que o assunto seja um pouco mais complicado.

      Aziz voltou a falar num tom leve, mas ela não se deixou enganar.

      – Porque é mais complicado? E o que tenho a ver com tudo isto?

      – Como não posso tornar público que a minha noiva desapareceu – disse ele, olhando fixamente para ela –, preciso de outra pessoa.

      Olivia sentiu-se como se a agarrassem pelo pescoço e apertassem. Durante uns segundos, não conseguiu respirar.

      – Outra pessoa – repetiu.

      – Sim, Olivia. Outra pessoa para ser a minha noiva.

      – Mas…

      – E é aí que intervéns – interrompeu Aziz, com um brilho risonho nos olhos. Observou-o, incrédula e horrorizada. – Preciso que sejas a minha noiva.

      Capítulo 2

      A governanta competente, pensou Aziz, perturbado, parecia estar prestes a desmaiar. Cambaleava ligeiramente enquanto o observava com os olhos

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