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anda enxertado

      No nome, e nas obras não.

      Fallo como exprimentado;

      Que sitim desta feição

      Eu tenho muito cortado.

      Dizem-me qu'era amarello;

      E quem assi o quiz dar,

      Só para me Deos vingar,

      Se vem á mão amarê-lo,

      O qu'eu não posso cuidar.

      Porque quem sabe viver

      Por estas artes manhosas,

      (Isto bem póde não ser)

      Dá a meninas formosas,

      Somente polas fazer.

      Quem vos isto diz, Senhora,

      Servio nas vossas armadas

      Muito, mas anda ja fóra;

      E póde ser qu'inda agora

      Traz abertas as fréchadas.

      E, postoque desfavores

      O tirão de servidor,

      Quer-vos ventura melhor;

      Que dos antigos amores

      Inda lhe fica este amor.

– oOo —A HUMA SENHORA REZANDO POR HUMAS CONTAS

      Peço-vos que me digais

      As orações que rezastes,

      Se são polos que matastes,

      Se por vós que assi matais?

      Se são por vós, são perdidas;

      Que qual será a oração,

      Que seja satisfação,

      Senhora, de tantas vidas?

      Que se vêdes quantos vem

      A só vida vos pedir,

      Como vos ha Deos de ouvir,

      Se vós não ouvis ninguem?

      Não podeis ser perdoada

      Com mãos a matar tão prontas,

      Que se n'huma trazeis contas,

      Na outra trazeis espada.

      Se dizeis que encommendando

      Os que matastes andais;

      Se rezais por quem matais,

      Para que matais rezando?

      Que se na fôrça do orar

      Levantais as mãos aos Ceos,

      Não as ergueis para Deos,

      Erguei-las para matar.

      E quando os olhos cerrais,

      Toda enlevada na fé,

      Cerrão-se os de quem vos vê,

      Para nunca verem mais.

      Pois se assi forem tratados

      Os que vos vem quando orais,

      Essas horas que rezais,

      São as horas dos finados.

      Pois logo, se sois servida

      Que tantos mortos não sejão,

      Não rezeis onde vos vejão,

      Ou vêde para dar vida.

      Ou se quereis escusar

      Estes males que causastes,

      Resuscitae quem matastes,

      Não tereis por quem rezar.

– oOo —A HUMA DAMA QUE LHE DEO HUMA PENNA

      Se n'alma e no pensamento

      Por vosso me manifesto,

      Não me peza do que sento;

      Que se não soffrer tormento,

      Faço offensa a vosso gesto.

      E, pois quanto Amor ordena,

      E quanto est'alma deseja,

      Tudo á morte me condena,

      Não quero senão que seja

      Tudo pena, pena, pena.

– oOo —A HUMA DAMA QUE LHE CHAMOU CARA SEM OLHOS

      Sem olhos vi o mal claro,

      Que dos olhos se seguio:

      Pois cara sem olhos vio

      Olhos, que lhe custão caro.

      D'olhos não faço menção,

      Pois quereis que olhos não sejão;

      Vendo-vos, olhos sobejão,

      Não vos vendo, olhos não são.

– oOo —DISPARATES NA INDIA

      Este mundo es el camino

      Adó hay ducientos váos,

      Ou por onde bons e maos,

      Todos somos del merino.

      Mas os maos são de teor,

      Que desque mudão a côr,

      Chamão logo a ElRei compadre;

      E emfim dejadlos, mi madre,

      Que sempre tẽe hum sabor

      De quem torto nasce, tarde s'endireita.

      Deixae a hum que se abone:

      Diz logo de muito sengo,

      Villas y castillos tengo,

      Todos á mi mandar sone.

      Então eu, qu'estou de môlho,

      Com a lagrima no ôlho,

      Polo virar do envés,

      Digo-lhe: tu ex illis es,

      E por isso não te ólho;

      Pois honra e proveito não cabem n'hum saco.

      Vereis huns, que no seu seio

      Cuidão que trazem París,

      E querem com dous ceitís,

      Fender anca pelo meio.

      Vereis mancebindo de arte,

      Com espada em talabarte:

      Não ha mais Italiano.

      A este direis: Meu mano,

      Vós sois galante que farte;

      Mas pan y vino anda el camino, que no mozo garrido.

      Outros em cada theatro,

      Por officio lhe ouvirês

      Que se matarán con tres,

      Y lo mismo haran con cuatro.

      Prezão-se de dar respostas,

      Com palavras bem compostas;

      Mas se lhe meteis a mão,

      Na paz mostrão coração,

      Na guerra mostrão as costas;

      Porque aqui torce a porca o rabo.

      Outros vejo por ahi,

      A que se acha mal o fundo,

      Que andão emendando o mundo,

      E não se emendão a si.

      Estes respondem a quem

      Delles não entende bem

      El dolor que está secreto;

      Mas porém quem for discreto,

      Responder-lhe-ha muito bem:

      Assi entrou o mundo, assi ha de sahir.

      Achareis rafeiro velho,

      Que

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