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mi vos quero affirmar

      Que faça cousas mais novas,

      De quanto podeis cuidar;

      E esta cêa, que he manjar,

      Vos faça na boca em trovas.

– oOo —NA INDIA AO VISO-REI, COM O MOTE ADIANTE

      Conde, cujo illustre peito

      Merece nome de Rei,

      Do qual muito certo sei

      Que lhe fica sendo estreito

      O cargo de Viso-Rei;

      Servirdes-vos d'occupar-me

      Tanto contra meu Planeta,

      Não foi senão azas dar-me,

      Com as quaes vou a queimar-me,

      Como o faz a borboleta.

      E s'eu a penna tomar,

      Que tão mal cortada tenho,

      Será para celebrar

      Vosso valor singular

      Dino de mais alto engenho.

      Que se o meu vos celebrasse,

      Necessario me sería

      Que os olhos d'aguia tomasse,

      Só para que não cegasse

      No sol de vossa valia.

      Vossos feitos sublimados

      Nas armas, dignos de gloria,

      São no mundo tão soados,

      Qu'em vós de vossos passados

      Se resuscita a memoria.

      Pois aquelle ânimo estranho,

      Prompto para todo effeito,

      Espanta todo o conceito:

      Como coração tamanho

      Vos póde caber no peito?

      A clemencia, que asserena

      Coração tão singular,

      S'eu nisso puzesse a penna,

      Sería encerrar o mar

      Em cova muito pequena.

      Bem basta, Senhor, que agora

      Vos sirvais de me occupar;

      Que assi fareis aparar

      A penna, com que algum'hora

      Vos vereis ao ceo voar.

      Assi vos irei louvando,

      Vós a mi do chão erguendo,

      Ambos o mundo espantando;

      Vós com a espada cortando,

      Eu com a penna escrevendo.

Mote que lhe mandou o Viso-Rei

      Muito sou meu inimigo,

      Pois que não tiro de mi

      Cuidados, com que nasci,

      Que põe a vida em perigo.

      Oxalá que fôra assi!

Volta

      Viver eu, sendo mortal,

      De cuidados rodeado,

      Parece meu natural;

      Que a peçonha não faz mal

      A quem foi nella criado.

      Tanto sou meu inimigo,

      Que por não tirar de mi

      Cuidados, com que nasci,

      Porei a vida em perigo.

      Oxalá que fôra assi!

      Tanto vim a accrescentar

      Cuidados, que nunca amansão

      Em quanto a vida durar,

      Que canso ja de cuidar

      Como cuidados não cansão.

      S'estes cuidados, que digo,

      Dessem fim a mi e a si,

      Farião pazes comigo;

      Que pôr a vida em perigo,

      O bom fôra para mi.

– oOo —A HUMA DAMA, QUE LHE MANDOU PEDIR ALGUMAS OBRAS SUAS

      Senhora, s'eu alcançasse

      No tempo que ler quereis,

      Que a dita dos meus papéis

      Pola minha se trocasse;

      E por ver

      Tudo o que posso escrever

      Em mais breve relação,

      Indo eu onde elles vão,

      Por mi só quizesseis ler;

      Despois de ver hum cuidado

      Tão contente de seu mal,

      Verieis o natural

      Do que aqui vêdes pintado;

      Que o perfeito

      Amor, de que sou sogeito,

      Vereis aspero e cruel,

      Aqui com tinta e papel,

      Em mi com sangue no peito.

      Que hum continuo imaginar

      Naquillo que Amor ordena,

      He pena, que emfim por penna

      Se não póde declarar;

      Que se eu levo

      Dentro n'alma quanto devo

      De trasladar em papéis,

      Vêde que melhor lereis,

      Se a mi, se aquillo qu'escrevo?

– oOo —A HUMA SENHORA, A QUEM DERÃO HUM PEDAÇO DE SITIM AMARELLO

      Se derivais da verdade

      Esta palavra Sitim,

      Achareis sem falsidade,

      Que apos o si tẽe o tim,

      Que tine em toda a Cidade.

      Bem vejo que m'entendeis;

      Mas porque não falle em vão,

      Sabei que a esta Nação

      Tanto que o si concedeis,

      O tim logo está na mão.

      E quem da fama s'arreda,

      Que tudo vai descobrir,

      Deve sempre de fugir

      De sitins, porque da seda

      Seu natural he rugir.

      Mas panno fino e delgado,

      Qual a raxa e outros assi,

      Dura, aquenta, e he callado,

      Amoroso, e dá de si

      Mais que sitim, nem brocado.

      Mas estes, que sedas são

      Com quem s'enganão mil Damas,

      Mais vos tomão, do que dão;

      Promettem, mas não darão,

      Senão nodoas para as famas.

      E se não me quereis crer,

      Ou tomais outro caminho,

      Por exemplo o podeis ver,

      Quando lá virdes arder

      A casa d'algum vizinho.

      Oh feminina simpreza,

      Donde estão culpas a pares,

      Que por hum Dom de nobreza,

      Deixão dões da natureza,

      Mais

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