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que encontrei lá. Estava confuso. Precisava conversar com alguém, então liguei para Richard.

      Na véspera do meu aniversário, ele foi ao apartamento do meu irmão. Já passava das 17h, quando chegou e me trouxe uma caixa de bombons Black Pearl, da Voges Hount Chocolat.

      — Amigo, não poderei vê-lo amanhã. Preciso fazer uma viagem. Parabéns! — disse-me ele, abraçando-me.

      — Acho que vamos jantar em algum lugar. Só nós mesmos. Não quero vexame dessa vez — respondi, em tom de brincadeira.

      Levei Richard ao meu quarto, dizendo que precisava conversar a sós com ele.

      — Então, tem visto Pablo? — perguntei.

      — Nunca mais o vi. Ele enviou-me mensagem esses dias, convidando-me para sair, mas não aceitei — respondeu ele, jogando-se na minha cama.

      — Por quê?

      — Acho-o tão esquisito. Gaius, você acredita que ele me contou uma vez que fez sexo com um casal heterossexual?

      — Mesmo? Ele é muito bonito. Você não tem ciúmes dele?

      — Nós não namoramos, amigo. Só ficamos duas vezes. Ele é muito gostoso, mas acho que não vai rolar nada mais que isso. O que gosto dele é que está sempre disponível quando chamo, e é muito bom de cama. Acho que Deus estava inspirado quando o fez. Mas tem algumas coisas que não tolero. É pobre e tem um aspecto sujo. Você não observou? Um dia, ele me convidou para ir ao apartamento dele. Quando disse que era no Brooklyn, dei uma desculpa e não fui.

      Nossas risadas me fizeram relaxar.

      — Richard, pensei que vocês estivessem namorando — comentei.

      — Não! Desde o ano passado, quando o trouxe à sua festa surpresa, ele sempre pergunta por você. Acho que tem interesse — revelou, olhando-me para ver qual seria minha reação.

      Graças a Deus que ele não está namorando Pablo. Aliviei-me. Sentei na cama, de frente para Richard, segurei suas mãos e disse:

      — Amigo, preciso contar uma coisa. Na noite em que fomos ao Chinatown, depois que nos despedimos, ele mandou mensagem, e fui ao apartamento dele...

      Depois que contei a Richard tudo que tinha acontecido, ele limpou minhas lágrimas, suavemente, e me abraçou.

      — Sinto muito que tenha passado por isso — disse, balançando a cabeça em desaprovação.

      — Não sabia que ia ser assim. Achei que iríamos ficar só nós dois. Mas tudo foi tão rápido, intenso e brutal... Quando percebi, já tinha acontecido. Estou confuso porque gostei do que aconteceu, mas me sinto angustiado. Não sei se você consegue entender o que digo.

      — Olhe, amigo. Pablo é um homem envolvente. É difícil não se encantar com ele. Toda aquela beleza rústica... Isso chama a atenção de qualquer pessoa. Acho que o que está acontecendo é que você foi levado ao mundo dele muito rapidamente. Tudo aconteceu de uma forma muito sexual. Você se impressionou. E tem motivos para ficar impressionado. Realmente, tudo que eles fizeram com você foi muito forte. Não sei como me sentiria se tivesse acontecido comigo.

      Richard contou-me que das duas vezes em que saiu com Pablo, não percebeu aqueles gostos exóticos no sexo, e que gostou de ter ido para a cama com ele. Disse, ainda, que o lance deles era mais amizade, pois tinha percebido que Pablo não estava à sua altura. Completou, dizendo que não iria se casar com um fisioterapeuta e morar no Brooklyn. Almejava bem mais para si. Ao final da nossa conversa, tive vontade de revelar a ele o que aconteceu com papai em Monte Carlo, mas o barulho da porta batendo me fez parar. Era Marcus que chegava.

      — Vem! Vamos falar com meu irmão — agarrando-o pelo braço e caminhando à sala.

      — Oi, Richard! — disse meu irmão.

      — Oi, Marcus! Chegando do trabalho?

      — Sim. Por esta semana, chega. Vou aproveitar para passar o fim de semana com o aniversariante — e apontou o rosto para mim, sorrindo.

      Adoro meu irmão!

      — Vim dar um abraço nele hoje, pois amanhã terei de fazer uma viagem e não estarei aqui.

      — Que pena, Richard! Estamos pensando em ir ao Barbetta para jantar. Seria bom se estivesse conosco. Se mudar de ideia, apareça — disse Marcus, beijando-me o rosto e caminhando para seu quarto.

      Despedi-me do meu amigo e voltei ao quarto mais aliviado por ter conversado com alguém sobre o que aconteceu com Pablo. Depois, fui ver meu irmão para saber a que horas iríamos jantar.

      — Marcus? Marcus? — chamei, batendo na porta e entrando em seu quarto.

      — Oi, maninho! Estou no banho — respondeu ele.

      Alguns passos foram o suficiente para que conseguisse empurrar a porta entreaberta do banheiro. Um cheiro de jasmim me recepcionou. Ele estava dentro do box, com o chuveiro ligado, ensaboando o peito e cantarolando. Escorei-me à cômoda do espelho e cruzei os braços.

      — A que horas vamos jantar? — perguntei.

      — Fiz reservas para as 21h. Tudo bem para você?

      — Tudo bem. E seremos só nós? — perguntei novamente.

      — Não! Aidan não vai, se é o que quer saber. Não o convidei, mas ele sabe que seu aniversário é amanhã. Então, pode ser que ele o procure. Vocês não se viram mais?

      — Disse a ele que precisava de um tempo. Desde a véspera de ano novo que não o vejo. Já faz alguns meses. Sempre recebo mensagens dele no celular, mas não me sinto preparado para encontrá-lo.

      — Sabe que torço por vocês, não é, maninho?

      — Sei, sim — respondi, desconcentrando-me da conversa.

      Marcus tinha um sabonete verde claro nas mãos e, depois de ensaboar o abdome, enquanto conversava comigo, lavava o pênis e as virilhas. Dobrava os joelhos, o que permitia às mãos alcançar o interior das coxas. Ele olhava para baixo e ensaboava a glande do pênis, puxando o prepúcio para trás. Era um movimento sexy. E eu não conseguia parar de olhar. Estava ficando excitado. Nisso, uma voz feminina me fez piscar os olhos. Era Núbia.

      — Então vocês estão aí! — exclamou ela, sorridente, entrando no banheiro, beijando-me o rosto.

      — Amor, o aniversário de Gaius é amanhã. Acho que vamos jantar no Barbetta. Às 21h está bom para você? — perguntou meu irmão, desligando o chuveiro e tomando a toalha nas mãos.

      — Tudo bem. Quer dizer que amanhã você faz dezoito, é? Que bom! Aidan vai conosco? — indagou Núbia, olhando-me, curiosa pela resposta.

      — Acho que seremos apenas nós — respondi, saindo do banheiro.

      — Nós amamos muito você. Não esqueça! — afirmou Marcus, com a toalha na cintura e me mandando um beijinho com os lábios, enquanto eu saía do banheiro.

      Retribuí o beijinho de longe e saía do quarto deles, quando ouvi Núbia dizer que precisava chamar a babá para ficar com Arthur no dia seguinte.

      Era uma voz doce, angelical, repetitiva e manhosa. Então, percebi que alguém estava empurrando meus ombros.

      — Acorde, tio! Acorde!

      Abri meus olhos. Era Arthur, ainda de pijama. Meu Deus, que horas são? Abracei-o junto ao meu corpo e envolvi a nós dois com as cobertas.

      — Fique aqui quietinho com o tio. Vamos dormir mais um pouco.

      Foi quando o susto invadiu meus ouvidos.

      — Tio, papai me mandou acordá-lo. Vovô chegou de viagem e quer falar com você.

      Arregalei os olhos e sentei na cama ao mesmo tempo, repentinamente.

      — Quem está aqui, Arthur? —

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