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      Até agora, tinha reconhecido a vencedora de um prémio Nobel, outra de um prémio Pulitzer e uma com um Óscar. Também havia uma famosa artista japonesa, uma conhecida empresária de Alemanha, uma desportista profissional do Brasil e a senadora mais jovem de toda a história da Califórnia.

      E depois estava ela, que não era ninguém.

      Mas todas estavam ali pelo mesmo: porque o xeque em questão estava à procura de noiva.

      Nervosa, provou o extraordinário champanhe que lhe tinham servido e voltou a perguntar-se que raio fazia naquela espécie de harém. Não tinham o mesmo estatuto. Não pertencia àquele lugar.

      Beth sabia-o desde o princípio, desde que entraram num avião em Houston para voar para Nova Iorque, onde as esperava um jato privado. Mas não tinha tido escolha. A sua irmã gémea implorara-lhe que a substituísse e não tinha sido capaz de recusar.

      – Por favor, Beth – tinha-lhe ela dito. – Tens de ir.

      – Esperas que me faça passar por ti? Mas tu enlouqueceste?

      – Iria se pudesse, mas acabo de receber o convite, e já sabes que não posso deixar o laboratório. Estou prestes a descobrir algo importante!

      – Estás sempre prestes a descobrir algo importante!

      – Oh, vá lá, tu tens mais jeito para estas coisas – disse a irmã, que era um crânio. – Eu não sei lidar com as pessoas. Não sou como tu.

      – Dizes isso como se fosse uma modelo ou algo assim – ironizou Beth, varrendo o chão da loja onde trabalhava.

      – Só tens de apresentar-te em Paris para que me deem o milhão de dólares que oferecem. Imagina-te o que poderia fazer com esse dinheiro! Faria toda a diferença na minha investigação!

      – Estás sempre pressionar-me com essa utopia de que conseguirás curar milhares de doentes de cancro – protestou ela. – Acreditas mesmo que basta dizeres isso para que eu faça tudo o que tu queres?

      – E não é verdade?

      Beth suspirou.

      – Sim, suponho que sim.

      E era por isso que estava em Paris, com um vestido vermelho que lhe ficava demasiado justo, porque era a única das candidatas que não tinha o tamanho exigido na convocatória. Sentia-se tão mal no vestido como em tudo o resto.

      Ao chegar à capital francesa, tinham-nas levado para um hotel de luxo da avenida Montaigne e, a seguir, para o hôtel particulier, que era como os criados se referiam à mansão. Desde então, não tinha feito outra coisa senão observar as suas belas colegas enquanto falavam uma a uma com um homem de olhos escuros que usava uma túnica. E já se tinham passado várias horas.

      Aparentemente, os empregados do xeque estavam a deixá-la para o final porque não sabiam o que fazer com ela. Era como se tivessem decidido que não encaixava nos gostos do seu chefe.

      No entanto, isso não a incomodava nada, porque ardia de vontade de ser recusada; o que a incomodava era a atitude das outras mulheres, que se mostravam tão submissas quanto sedutoras com aquele homem que apontava para elas com um dedo e lhes fazia um gesto para que se aproximassem dele.

      Por que se comportavam assim? Eram pessoas com sucesso, grandes profissionais. Até tinha reconhecido Sia Lane, uma das atrizes mais famosas do mundo!

      Beth estava ali para fazer um favor à sua irmã e por uma razão menos altruísta: a de aproveitar a viagem para conhecer Paris. Mas por que estariam elas ali? Nem sequer precisavam do dinheiro. Eram tão belas e famosas quanto ricas.

      Além disso, o rei não era nenhuma maravilha. À distância, parecia demasiado magro para ser atraente, e os seus modos deixavam muito a desejar; pelo menos, para alguém do Texas. Na sua terra, qualquer anfitrião decente teria começado por cumprimentar adequadamente as suas convidadas.

      Beth entregou o seu copo vazio a um empregado e abanou a cabeça. Que tipo de homem pedia vinte mulheres como se fossem pizzas? Que tipo de homem podia usar um sistema assim para encontrar esposa?

      Do seu ponto de vista, era um cretino, por muito dinheiro e poder que tivesse. Mas, felizmente, não a achava atraente.

      Ninguém a achava atraente.

      Por isso continuava a ser virgem aos vinte e seis anos.

      Beth lembrou-se subitamente das deprimentes palavras que Wyatt lhe tinha dedicado, o homem que lhe partira o coração. Depois de pedir-lhe desculpa por não sentir nada por ela, acrescentara algo que não conseguia tirar da cabeça: que a achava demasiado vulgar.

      A recordação alterou-a de tal maneira que saiu do salão porque não conseguia respirar. E, momentos depois, deu por si num jardim com o luar como única luz.

      Então, fechou os olhos, respirou fundo e tentou esquecer, repetindo-se que não precisava que ninguém a desejasse. Além disso, estava a ajudar a irmã. Graças a ela, teria dinheiro para a sua investigação. E à tarde, sairia para ir à Torre Eiffel e ao Arco do Triunfo, sentar-se-ia num terraço e tomaria um café e um croissant enquanto o mundo lhe passava ao lado.

      Infelizmente, esse era precisamente o seu problema: o mundo passava-lhe sempre ao lado enquanto ela se limitava a olhar. Mesmo ali, naquela mansão de conto de fadas, rodeada de celebridades.

      Ficava sempre sozinha.

      Mas naquela noite não estava tão sozinha quanto pensava. Soube-o segundos depois, ao ver a silhueta de um homem entre as árvores do jardim.

      Que estaria a fazer? Beth não conseguia ver-lhe a cara, mas distinguiu a elegância dos seus passos e a retitude dos seus ombros, típica do casaco de um fato. E, apesar da escuridão, também reparou que estava chateado, ou talvez deprimido.

      Esquecendo os seus próprios problemas, caminhou para ele e disse:

      – Excusez-moi, monsieur, est-ce que je peux vous aider?

      O homem olhou para ela e Beth pensou que não era estranho que o visse tão mal por entre as sombras. Os seus olhos eram tão negros como o seu cabelo e, como se isso fosse pouco, vestia um fato da mesma cor.

      – Quem é você? – replicou com frieza.

      Beth quase que lhe disse o seu nome, mas lembrou-se de que estava a substituir a irmã e respondeu:

      – Edith Farraday. Doutora Edith Farraday. Ele sorriu.

      – Ah, a menina prodígio que investiga o cancro em Houston.

      – Efetivamente. E suponho que você será um empregado do xeque, certo?

      Ele voltou a sorrir.

      – Sim, algo assim – respondeu com humor. – Por que não está no salão?

      – Porque estava aborrecida e estava um calor horrível.

      O homem baixou o olhar e observou-a demoradamente. Beth corou e subiu um pouco o decote, que não conseguia esconder os seus generosos seios.

      – Já sei que o vestido me fica pequeno – prosseguiu. – Não tinham nenhum para o meu tamanho.

      – Ah, não? – perguntou ele, surpreendido. – Deviam tê-los de todos os tamanhos.

      – E tinham, mas só para mulheres com corpo de modelo – explicou Beth. – Era vestir este vestido ou apresentar-me com as calças de ganga e camisola desportiva que tinha esta manhã. Infelizmente, molharam-se quando saí para passear, porque começou a chover.

      – Não ficou no hotel, como as outras?

      – Para quê? Para arranjar-me e pôr-me mais bonita quando me apresentassem ao xeque? – disse, trocista. – Sei que não sou o tipo de mulher que ele gosta. Só vim porque queria conhecer Paris.

      – Por que tem tanta certeza assim de não ser o tipo de mulher de que ele gosta?

      – Porque os empregados não sabem

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