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imaginar a reação deles quando descobrissem que os noivos tinham desaparecido. Ficariam para jantar quando soubessem que os noivos se tinham ido embora? Talvez ficassem para desfrutar do copo-d’água esplêndido. Alguns, alegrar-se-iam por não haver brinde e, outros, aqueles que gostassem de Damen, sentir-se-iam confusos e preocupados.

      O casamento fora um desastre.

      Como é que Damen lhe chamara? Uma farsa?

      De repente, Kass sentiu-se culpada e angustiada. Aquilo era uma loucura. E, agora iam-se embora, mas não sabia para onde. Quando o cabo começou a desaparecer da sua vista, o piloto diminuiu a velocidade da lancha para se aproximar de um iate enorme. Havia vários membros da tripulação à espera deles numa plataforma, a segurar uma escada.

      – Tira os sapatos – aconselhou Damen. – Será melhor não subires a escada com esses saltos. Quanto medem?

      – Não sei, são muito altos – admitiu ela, tirando os sapatos que lhe tinham magoado os pés durante toda a tarde.

      Damen pegou nela ao colo para a pôr na plataforma.

      – Consegues subir a escada com esse vestido? – perguntou.

      – Que outra coisa posso fazer, tirá-lo?

      – Não – respondeu ele.

      – Então, consigo subir a escada com o vestido.

      Quando chegou ao topo, ajudada pelos membros da tripulação, deixou escapar um suspiro de alívio. Um empregado acompanhou-a ao interior, levando-a por várias escadas e corredores. As paredes eram de teca brilhante e os móveis, elegantes e discretos. Não tinha nada a ver com o iate do pai, que fora construído para a sua esposa. Infelizmente, Kristopher Dukas nunca entendera o gosto da sua mãe, de modo que o iate era exageradamente feminino, com paredes cremes, superfícies douradas, estofos florais e colunas horrendas por todo o lado para que o interior parecesse um templo grego. Kassiani achava-o estridente e feio e odiava que a obrigassem a participar nos cruzeiros que faziam pelo Mediterrâneo, prendendo-os a todos numa cela flutuante.

      Susteve a respiração quando o empregado que a acompanhava parou à frente de uma porta. Não sabia se era o quarto principal ou um camarote para convidados, mas teve a certeza assim que pôs um pé no quarto. Tinha de ser o quarto principal porque era enorme, com uma parede de vidro e uma coberta privada de onde conseguia ver o templo de Poseidon, com as suas colunas majestosas e brilhantes como o ouro. As ruínas antigas eram impressionantes e Kass saiu para a coberta para as admirar, mas as luzes de uma vila do outro lado da baía competiam pela sua atenção.

      A vila de Damen, onde o copo-d’água tinha lugar.

      Talvez o seu sangue grego reconhecesse que voltara a casa porque, de repente, levou uma mão ao peito, embargada pela emoção.

      – Arrependes-te? – perguntou Damen, atrás dela.

      Kassiani virou-se, tentando esboçar um sorriso.

      – E tu? Arrependes-te? Não sou a mulher que tu querias.

      – Não – respondeu ele, sem hesitar.

      – Entendo que te sintas dececionado. A Elexis é muito bela.

      – Parece-se com a tua mãe.

      – E eu pareço-me com o meu pai.

      – Não escolhi a Elexis pela sua beleza.

      Kassiani esboçou um sorriso. Não acreditava.

      – Em qualquer caso, suponho que já nada disso importe, pois não?

      Olhou para o Cabo Sunião, brilhante e dourado, com o templo famoso de mármore construído no ano 440 a.C. Era incrível que ainda permanecesse de pé.

      – Imagino que tenhas fome.

      – Tenho aspeto de quem passa fome? – brincou Kassiani

      Observou-a em silêncio por um instante.

      – Vou pedir que te tragam uma bandeja.

      – Não vais comer nada?

      – Tenho de tratar de uns assuntos.

      Era a sua noite de núpcias, mas não queria jantar com ela. Não devia incomodá-la. Era a substituta por obrigação e ele era o noivo humilhado. Não devia surpreender-se por querer manter a distância.

      – Nesse caso, muito obrigada. Posso comer aqui fora?

      – Sim, claro. Vou pedir que preparem uma mesa.

      Kass ia agradecer, mas Damen já se virara e viu-o a desaparecer com um nó na garganta.

      Aquilo não seria fácil.

      O escritório de Damen, na coberta do segundo andar, era semelhante ao seu quarto, com uma parede de vidro, outra parede com estantes cheias de livros, obras de arte de tamanho grande aqui e acolá e uma secretária enorme virada para o mar.

      Desejava o mar. Só de olhar para o mar e para o horizonte, conseguia relaxar e respirar à vontade.

      Comeu alguma coisa enquanto estudava o acordo que havia no ecrã do seu computador. Um acordo de há três anos, embora a discussão sobre a fusão com Dukas tivesse começado há cinco anos, quando Elexis ainda estava na universidade. Foi Kristopher que propôs esse casamento combinado, sugerindo uma fusão que os transformaria num empório poderoso que controlaria rotas de navegação por todo o mundo.

      Damen sentira-se intrigado, mas não o suficiente porque conhecia a reputação de Kristopher Dukas, que costumava fazer acordos demasiado apressados e ambiciosos.

      Ele também era ambicioso, mas geria o seu negócio com integridade. No entanto, dois anos depois, quando soubera que Kristopher estava a oferecer a filha a outro armador grego, viajara para São Francisco para discutir um casamento que poderia ser benéfico para os dois.

      Damen não sentia nada por Elexis, que mal conhecia. Era apenas um meio para obter um fim. E, no entanto, quando finalmente a conhecera, pensara que, para além de ser uma boa esposa e a mãe dos seus herdeiros, poderia ser um ativo valioso para ele. As pessoas sentiam-se atraídas por Elexis e isso seria muito útil para entreter os clientes.

      Poderia dedicar-se ao aspeto social e, desse modo, ele poderia concentrar-se nos negócios.

      O amor nunca fizera parte do acordo porque Damen não amava. Precisava de certas pessoas na sua vida para conseguir coisas. Respeitava as pessoas que trabalhavam para ele, mas não tolerava fraquezas. Quanto mais benéfico alguém fosse, mais o valorizava. Era simples.

      Era frio e não tinha sentimentos, mas nunca se desculparia por ser pragmático e estratégico.

      Isso levara-o dos olivais de Quios até ao leme da Naval Egeu, que se transformara na Naval Alexopoulos quando o idoso senhor Koumantaras morreu. A família não gostara, mas Damen não tinha remorsos. Os filhos de Koumantaras não queriam trabalhar no negócio familiar. A única coisa que queriam era viver dos lucros. Porque haveriam de se importar se a empresa mudasse de nome?

      Algum dia, a Naval Dukas também perderia o seu nome e faria parte da poderosa Naval Alexopoulos.

      Damen fechou o computador para olhar para o céu escuro pela janela.

      As luzes do templo de Poseidon apagar-se-iam à meia-noite, mas eram apenas dez horas e continuavam acesas.

      Damen tamborilou com os dedos no braço da cadeira, tentando acalmar o seu mau humor. Detestava que Kristopher Dukas tivesse brincado com ele. Demorara muitos anos a aprender a controlar o seu mau feitio e a sua raiva, mas, naquele dia, estavam a pô-lo à prova. Naquele dia, queria dar rédea solta à sua cólera.

      Pensou em Kassiani no quarto principal e fechou os olhos, abanando a cabeça.

      Devia dormir num camarote para convidados. Longe dele para que pudesse esquecê-la.

      Contudo, estava no seu quarto, à espera que voltasse.

      Sentiu um

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