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começou a bater no seu sangue. Rashid aceitara o seu destino apaixonadamente e aquele destino não era duro para ele.

      Jenna não podia acreditar que ele estivesse a referir-se ao que ela suspeitava.

      – O momento de quê?

      A boca de Rashid torceu-se. Tinham tido pouco contacto nos últimos quatro anos. Alguns encontros formais em companhia dos seus tutores, quando ela fora visitar a sua família. E quando vira o seu cabelo dourado e as curvas quase pecadoras do seu corpo, que a roupa folgada de Quador não conseguira esconder. Rashid quase ficara contente pela presença da sua escolta. Compreendera perfeitamente a necessidade dos seus acompanhantes.

      Ela enviara-lhe algumas cartas desde Nova Iorque, nas quais descrevia uma vida que parecia aborrecida com o excesso de trabalho. E, por isso, tinha estado disposto a suportar a sua curta temporada de liberdade. Como esposa dele, esperariam que dedicasse a sua vida a obras de caridade e aquela mudança parecera-lhe uma boa maneira de se habituar.

      Jenna era uma mulher inteligente. Tinha sido melhor permitir-lhe uma pequena porção de liberdade do que amarrar completamente as suas asas.

      Rashid franziu o sobrolho e replicou:

      – Acho que sabes muito bem ao que me refiro, Jenna. Está na altura de voltares para Quador e tornares-te na minha esposa!

      A mão de Jenna tremeu.

      – Que proposta tão romântica! – ela riu, quase histérica. E viu que Brad abria os olhos incrédulo.

      – Se o que procuras em mim é um romance, será melhor que esqueças – declarou ele. A oposição de Jenna começava a excitá-lo.

      Ela tentou manter a calma e acrescentou, com desespero:

      – Não podes querer que seja a tua esposa, Rashid.

      A excitação de Rashid tornou-se em irritação. Um pouco de resistência ficava bem, mas tanta começava a irritá-lo. Ela deveria estar a suspirar de gratidão!

      – Os meus desejos não são o mais importante – acrescentou Rashid, com frieza. – O acordo foi feito há muito tempo, como sabes. Mas podes ter a certeza de que eu satisfarei todas as tuas necessidades como minha esposa, Jenna, não duvides.

      Ela ouviu o tom profundo e sensual da sua voz e começou a tremer. Sabia bem ao que ele se referia. A sua mestria na cama era bem conhecida.

      Mas Jenna duvidava que pudesse dar mais, dar amor. Para ele amar seria um sinal de fraqueza.

      – Rashid… não podes falar a sério…

      – Achas que te tornas provocante opondo-te… mas deixa-me dizer-te uma coisa, Jenna. Vais ser minha e voltarás para Quador imediatamente, percebeste?

      Ela fez um esforço para aceitar o inevitável, sabendo que era uma parvoíce negar-lhe pelo menos a segunda parte da sua ordem. Ela voltaria para Quador e seguir-lhe-ia o jogo. Dentro em breve, Rashid não quereria casar com ela, mas sentir-se-ia satisfeito consigo mesmo por ter tomado aquela decisão.

      – Ainda hesitas? – acrescentou Rashid. – Talvez queiras que manda alguém buscar-te…

      – Não! – protestou ela. – Reservarei uma passagem no próximo voo.

      – Terás um carro à tua espera em Quador para que te leve ao palácio.

      E desligou a comunicação.

      Capítulo 2

      Jenna desligou o telefone.

      – Jenna, o que é que aconteceu? – inquiriu Brad.

      – Sabes quem era?

      Brad anuiu.

      – Oh, sim! Nadia contou-me muitas histórias sobre a sua arrogância. Teria de ser surdo para não imaginar que era Rashid. O que é que te disse? Pareces abatida.

      – Primeiro vou vestir-me – declarou Jenna, a tremer de frio. – Depois conto-te tudo.

      Vestiu rapidamente umas calças de ganga e uma T-shirt. Penteou o cabelo húmido e olhou-se no espelho.

      Tinha que actuar rapidamente! Rashid nunca casaria com uma mulher que não achasse atraente!

      Voltou para a sala. Brad tinha feito café e ela aceitou uma chávena e sentou-se no sofá.

      – Conta-me… – pediu Brad.

      Jenna suspirou.

      – Quer casar comigo.

      Brad quase entornou o café.

      – O que é que estás a dizer?

      Jenna pousou a chávena e acrescentou:

      – Talvez me tenha expressado mal. Na realidade, não acredito que queira casar comigo. Mas acho que é algo que pensa que deve fazer pela honra. Foi um acordo entre os nossos pais há muito, muito tempo.

      – Jenna, não estou a perceber…

      – Vou tentar explicar. O falecido pai de Rashid e o meu pai eram muito amigos e, quando eu ainda era um bebé, decidiram que se eu reunisse certas condições… certos critérios, seria a esposa de Rashid.

      – E quais eram esses critérios? – inquiriu ele.

      – Físicos, por exemplo, deveria ser do agrado de Rashid.

      – Bom, não acho que haja dúvida sobre isso, não é? – riu Brad.

      Ela encolheu os ombros.

      – Acho que cumpro com essa condição.

      – Falas como se estivesses a falar de um móvel ou de uma coisa!

      – É possível que se trate de uma coisa do género – declarou Jenna, lembrando-se do último encontro com ele, com aqueles olhos pretos fitando-a com desejo.

      – Qual é o outro critério?

      – O óbvio. Devo ser virgem… mas não me apetece falar disso.

      – Pois… – anuiu Brad. – Mas há qualquer coisa que não me estás a contar, Jenna. Não me parece que a ideia seja repugnante para ti. Tenho visto fotografias do homem e é muito atraente…

      Jenna engoliu em seco. Era verdade.

      – Oh, não é nada disso! É um homem espectacular, só que a América mudou-me. Com o que aprendi agora, talvez não queira o que antigamente queria.

      – Perdi-me nas tuas reflexões! – protestou Brad.

      – Quando vim para os Estados Unidos, tive acesso à liberdade da imprensa pela primeira vez e li o que diziam as revistas da sociedade sobre o estilo de vida de Rashid!

      – Estou a começar a perceber – afirmou Brad.

      – Rashid é quase doze anos mais velho do que eu… Quando era criança costumava proteger-me…

      Ele levara-a com ele para todos os lados durante a sua infância. Ela sempre o admirara. E quando tinha catorze anos suspirara por ele ao vê-lo montado no seu cavalo preto, um magnífico garanhão…

      Durante a sua relação com ele, tinha-o feito rir, tinha brincado com ele e Rashid tinha tolerado o que em qualquer outra pessoa teria tomado como sinal de insurreição… E ela tinha sentido que o mundo começava e acabava com Rashid…

      – Então, o que é que aconteceu para que agora o detestes dessa maneira?

      – Detestá-lo? Não, não o detesto.

      – Pela maneira como falas, parece que o odeias…

      «Ódio?», pensou Jenna. Na realidade, amara-o sempre. Mas seria sempre um amor não correspondido, insuficiente para a mulher em que se tornara.

      Quando fizera dezoito anos, a relação entre eles mudara profundamente. Rashid

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