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Então, não achas que seja uma má ideia? – perguntou ela.

      – Claro que não – respondeu ele, acariciando-lhe o queixo com a mão. O toque possuía, ao mesmo tempo, doçura e força, num contraste irresistivelmente excitante.

      – Sei que consegues entender… – Rowena estava tão aliviada, que não pensou no efeito das suas palavras. – Sobretudo tu, a quem não agradam os compromissos. Quero dizer, nenhum de nós tem tempo para uma relação séria, não é verdade? – perguntou, alegremente. – Para toda essa treta de presentes, flores e planos futuros. Mas todos temos… necessidades, não é? Achei que devia ser sincera contigo.

      – Sê sempre sincera – declarou ele, secamente.

      Rowena assentiu e Quinn retirou a mão do seu queixo.

      – Já tive relações sexuais – continuou ela a dizer, perguntando-se se devia tomar a iniciativa, mas reconheceu que não tinham sido satisfatórias. – Se tenho de ser sincera, confesso que não sou muito boa nisso, mas estou desejosa de aprender.

      Ouviu-o a tragar a saliva e lamentou-se por ter sido tão sincera. Mas era a única verdade: em termos sexuais, ela era o que se costumava chamar frígida. A primeira vez, fora culpa da inexperiência, mas, na segunda vez, cinco anos depois e com o amante correcto e experiente, perdeu a vontade de voltar a repeti-lo. Desde então, tinha-se voltado por completo para o trabalho… até Quinn.

      – Vamos deixar isto muito claro – disse ele. – Estás a dizer que me desejas somente para o sexo e mais nada.

      – Bem… – Rowena sentiu um arrepio. – Não o diria exactamente assim.

      – Pois, eu sim! – exclamou ele. – Já ouvi como te chamam por aí, Rowena. Dizem que és uma bruxa com o coração de gelo, desalmada e cruel.

      Rowena estremeceu. Tinha ouvido aquilo muitas vezes e era sempre desagradável, não importava se era Quinn a dizê-lo ou outra pessoa qualquer.

      – Eu saí sempre em tua defesa – continuou ele a dizer. – Mas começo a ver o quanto mudaste. Por amor de Deus, o sexo não é algo que possas combinar como uma reunião de negócios.

      – Eu não queria dizer… – começou ela a explicar, atordoada. – Não queria ofender-te. Só queria ser franca contigo, Quinn.

      – Não sou tão obtuso – replicou ele, com um sorriso amargo. – Não é preciso um diagrama para me explicares o que queres.

      – Deixa-me dizer-te uma coisa, Quinn. Sentires-te ofendido por te ter tratado como um objecto sexual parece-me hipócrita, tendo em conta a larga lista de aventuras que possuis. Não me parece que queiras um compromisso, não é verdade?

      – Acusaram-me de ser superficial, sim – reconheceu. – Mas, comparado contigo, não sou mais do que um aprendiz.

      – Pelo que ouvi, defendes-te muito bem – replicou ela.

      – Então, ouviste mal. Há relações que não chegam a lado nenhum, mas podem ser divertidas. Reconheço que fiz algumas coisas, mas não tanto como podes acreditas. Além disso, parte da diversão consiste em não saber quando acabará.

      Ao ouvir o seu ponto de vista, Rowena esqueceu momentaneamente o nó no estômago. Ela preferia saber sempre de antemão onde tudo acabaria.

      – Em explorar – continuou ele. – Em questionar-se se será uma relação definitiva ou se a pessoa será verdadeira.

      Rowena apertou a mandíbula. Era a revelação de que, para Quinn, existia um par ideal. Além disso, saber o que procurava… Jamais o poderia imaginar tão romântico.

      – Contigo não haveria qualquer emoção, porque ambos sabemos onde acabaríamos… Em parte alguma! – sentenciou ele.

      – Está claro que não queremos as mesmas coisas – disse ela, encolhendo os ombros. Não queria mostrar-lhe o quão decepcionada e magoada estava devido à rejeição dele.

      Quinn também encolheu os ombros. Não parecia nada afectado.

      De regresso ao presente, Rowena esforçou-se por afastar as recordações e lançou um olhar desafiador às suas empregadas. Todas pareciam olhar para ela com respeito, mas sabia que essa falsa aparência duraria somente até sair do escritório.

      – Estás contente? – perguntou a Quinn, repetindo a pergunta. – Bem, se nos desculpam, Quinn tem de se ir embora – atirou-lhe o casaco e apontou com a cabeça a porta, numa tentativa de lhe demonstrar quem mandava ali.

      – Não – respondeu ele, pondo o casaco sobre os ombros. – Ainda não falámos sobre o dinheiro.

      – Claro que não – espetou ela. – Sempre atrás do dinheiro, não é, Quinn? Porque não te dedicas à cirurgia plástica?

      – Talvez por pensar que é algo que podia fazer bem – sugeriu ele.

      Rowena ficou rígida. Não queria reconhecer que a acusação de avareza era a última que poderia fazer a Quinn.

      Quinn era considerado uma eminência no campo da reconstrução facial e, embora os seus honorários fossem elevados para os seus abonados clientes, não limitava o seu trabalho aos que podiam pagá-lo. A maior parte do seu trabalho era desempenhado na saúde pública, apesar de poder ganhar muitíssimo mais se só exercesse medicina privada.

      – Às três e meia no meu escritório, Sylvia! – ordenou Rowena antes de se ir embora.

      As três mulheres trocaram olhares entre elas quando a porta se fechou.

      – Eu bem dizia que aquele nome não me era estranho – comentou Anna. – Operou o nariz a Lexie Lamont. Vi-o num programa de televisão no mês passado, onde se falava de uma jovem que ficou com o rosto desfigurado num acidente.

      – Sim, eu também vi – disse Sylvia. – A pobre rapariga não parava de chorar.

      – E viste as fotografias de como era antes? – perguntou Anna. – Realmente fez um trabalho impressionante com ela.

      – Sim, não há dúvida de que é médico – concluiu a sua ajudante. – Acho que tivemos sorte por ainda não termos mandado embora os outros.

      – É uma suposição minha ou vocês também acham que a chefe não quer partilhá-lo? – perguntou Sylvia com um sorriso malicioso.

      A explosão de risos chegou até Rowena, que nesse momento saía de outra sala.

      – Espero que tenhas ficado satisfeito – disse furiosa a Quinn.

      – Calma, Rowena. De certeza que a tua imagem de bruxa pode superar situações piores do que esta.

      – Odeio-te! – exclamou, tentando acreditar nas suas próprias palavras.

      – Consigo suportar isso – mentiu ele. – O que não suporto é que me ignorem.

      – Eu sei que existem homens que se dedicam a espionar e a atormentar as mulheres que os rejeitam, mas nunca pensei que tu fosses um deles, Quinn. Se soubesse o que sei agora…

      – Não me tinhas rejeitado – interrompeu-a ele.

      Rowena deteve-se em frente da sua secretária e voltou-se.

      – Considera-te rejeitado, Quinn.

      – Não vês um palmo à frente do nariz – disse ele, sorrindo e, ignorando os violentos protestos dela, empurrou-a para dentro do escritório. – Não passe nenhuma chamada para a menina Parrish – ordenou à jovem secretária, muda de assombro.

      – Bernice, chama os seguranças! – gritou Rowena quando Quinn fechou a porta. – Supões que este acto próprio de um homem das cavernas me vai impressionar – retrocedeu até à secretária e sentou-se. Aquela mesa era o símbolo do seu poder, mas, naquele momento, não parecia servir-lhe de muito. – Se, por passares uma noite comigo, te achas com direito de me tratar assim estás

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