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esconder os teus sentimentos de mim.” Tinha de saber se ela ia incitar Devon a atacá-lo mais tarde, devido ao que sucedera quando a trouxera para aqui.

      Envy arregalou os olhos. Trevor tinha-lhe dito a mesma coisa. Será que ambos sabiam o que sentia melhor do que ela própria? Saber que ambos conseguiam lê-la tão bem fazia-a sentir um pouco exposta.

      Trevor sentiu-a tensa, mas, antes que pudesse ver-lhe a expressão, Envy pressionou novamente o rosto contra o seu peito. “O Trevor disse ou fez alguma coisa que te transtornou no caminho para cá? Porque se o fez, juro que…”

      Envy afastou-se rapidamente e olhou para Devon, quase zangada. “Não, prometeste-me que nunca o irias magoar, independentemente de tudo.” O coração dela batia forte no peito, não querendo nunca mais voltar a vê-los lutar. Se algum deles ficasse ferido… ia sentir ódio pelo outro, não importava quem fosse. Sabia-o agora.

      Trevor quase deixou de respirar ao vê-la defendendo-o. Envy fizera Devon prometer-lhe que jamais o magoaria… e Devon concordara pela mesma razão que Trevor não o matara nessa noite.

      “Quanto às lágrimas”, Envy baixou a voz, dominando as emoções que estavam à flor da pele, “sonhei que um daqueles monstros do cemitério te tinha apanhado e estava a chorar quando acordei.” Bem… isso também era verdade.

      “Foi só um sonho”, sussurrou ele, e abraçou-a. Trevor fechou os olhos, pensando se a ligação que ela tinha consigo e com Devon teria sido a causa do sonho tão certeiro. Não querendo pensar sobre isso, deitou Envy de costas e fitou-a, baixando-se depois lentamente e beijando-a.

      Envy gemeu suavemente e arqueou as costas, empurrando os seios contra o peito de Devon. Pôs os braços à volta do pescoço dele, que lhe agarrou os pulsos e os pressionou delicadamente contra o colchão.

      As suas bocas separaram-se e Envy inclinou a cabeça para trás quando os lábios de Devon deram início ao percurso longo e tortuoso pelo pescoço dela, até à clavícula. Sorrindo com a sensação, abriu as pernas e enrolou-as à volta da cintura dele para puxá-lo para mais perto, até sentir a dureza de Devon pressionando dentro de si.

      Trevor parou e olhou para ela, ficando ali a pairar durante alguns instantes, antes de investir. Não queria saber com quem se parecia… este corpo era seu e era exatamente ali que queria estar. Pairando sobre Envy, fez amor com ela como se fosse um homem determinado que tivesse ficado perdido na sua própria insanidade.

      Envy mordeu o lábio para não gritar e acordar o irmão. Agarrou Devon para tentar igualar o seu ritmo, mas depressa percebeu que não ia conseguir acompanhá-lo naquela noite. Tudo o que podia fazer era simplesmente aguentar, enquanto ele a levava ao orgasmo tantas vezes que a deixava embriagada.

      Trevor reclamou rapidamente os seus lábios quando ela se esqueceu de que não estavam sozinhos em casa, mas ele não ia dar-lhe hipótese de recuperar tão cedo. Manteve-se a si mesmo sob um controlo rigoroso, não cedendo à mesma embriaguez até se ter passado mais de uma hora.

      Ficou durante alguns minutos a vê-la dormindo, e depois deu-lhe um beijo suave e deslizou para fora da cama.

      *****

      Warren começava a ficar preocupado. Estivera em busca do cheiro de Devon pelo cemitério durante uma hora. Quando se afastou do irmão momentos antes, pensou que ele estaria mesmo atrás de si, pronto para o combate. Warren tinha matado mais três Skitters até se aperceber de que Devon não estava em lugar nenhum.

      Emitiu até um grito felino estridente, que era essencialmente a forma de comunicação entre jaguares. Não houve resposta. Examinando o último lugar onde vira Devon, encontrou os vestígios do confronto, mas não viu nenhum Skitter nem sinais do irmão. Demorou alguns minutos, mas quando finalmente captou o cheiro de Devon, foi conduzido até uma cripta antiga.

      Aproximando-se cuidadosamente da cripta, cheirou o perímetro e tateou a porta trancada com a pata. Rugiu para o trinco e duas soluções surgiram na sua mente. Ou Devon tinha sido colocado ali, ou a porta fechara-se, trancando-o lá dentro durante um confronto.

      Revertendo à forma humana, Warren arrancou a porta, separando-a das dobradiças com um estrépito de metal velho contra madeira maciça. Arregalou os olhos quando viu Devon deitado no chão, com dois Skitters amontoados ao pé dele.

      Devon abriu um pouco os olhos quando a porta se abriu com um estrondo, mas fechou-os imediatamente no momento em que a luz da manhã entrou, queimando-lhe as retinas. Sentiu-se como se tivesse acabado de beber o stock inteiro de Heat de Kat, e ainda se tivesse metido no meio de uma briga fracassada.

      “O que raio se passou aqui?”, inquiriu Warren com suavidade.

      Devon soltou um rosnado baixo e reverteu à forma humana. Levando uma mão à cabeça, sentou-se lentamente com a ajuda de Warren e inspecionou o lugar.

      “A última coisa de que me lembro é de me envolver numa luta com outro Skitter depois de te teres ido embora”, respondeu Devon. “Devo tê-lo encurralado ali e matado…” Olhou para os Skitters empilhados e franziu a testa. “…tê-los matado. Um deles deve ter-me desferido um golpe certeiro na cabeça antes de ser derrotado.”

      “Penso que já chega de lutar”, disse Warren após uma longa pausa. “Ambos estamos a precisar de dormir um pouco.”

      Devon assentiu e deixou que o irmão o ajudasse a pôr-se de pé. “Fantástico, estamos nus”, resmungou.

      “Digamos apenas que somos corredores expostos”, sorriu Warren. “Queres caminhar daqui para fora sem pressa e ver quantos piropos recebemos, ou preferes fazer uma corrida?”

      “À contagem de três”, respondeu Devon, com uma sobrancelha erguida.

      Quando regressaram ao carro, vestiram a muda de roupa que guardavam ali em caso de necessidade.

      “Deixa-me em casa do Chad. A Envy está lá, e vou simplesmente dormir na cama dela”, disse Devon, recostando-se no assento. “E faz-me também um favor.”

      Warren olhou para ele enquanto conduzia. “Não vou contar a ninguém, assim a informação não chegará à Envy.”

      Devon sorriu para a habilidade desconcertante do irmão mais velho de saber sempre o que os outros estavam a pensar. Isso às vezes tornava as coisas tão constrangedoras.

      “Obrigado”, disse Devon. “Detesto quando ela fica preocupada.”

      Alguns minutos depois, Warren parou o carro em frente ao apartamento de Chad e olhou para Devon. “Dorme um bocado e liga-me quando estiveres pronto para regressar.”

      Devon anuiu. “Não te preocupes com isso, ou o Chad nos leva, ou chamo um táxi.”

      Antes de partir, Warren esperou até Devon abrir a porta da frente e entrar em casa. Não queria dizer-lhe nada, mas encontrá-lo assim lançou um sinal de alerta. A forma como a porta tinha sido trancada a partir do exterior parecia demasiado bem planeada, fazendo-o perguntar-se se alguém, ou alguma coisa, o tinha trancado ali de propósito.

      Abanando a cabeça, Warren decidiu não pensar mais naquilo durante o resto do dia… estava exausto.

      Devon movimentou-se silenciosamente pelo apartamento em direção ao quarto de Envy. Abrindo a porta, sorriu perante a visão do seu rosto angelical descontraído no sono. Despindo-se, entrou na cama e enroscou-se atrás de Envy, pondo-lhe um braço à volta da cintura.

      Ela aninhou-se mais, relaxando depois contra o peito dele, e inclinou a cabeça para trás. Voltou a respirar longamente, num estado de sono profundo, e Devon descontraiu. Decidiu deixá-la dormir, em vez de a acordar para lhe dizer que estava ali… tinha de se lembrar de cuidar mais dos hábitos de sono dela a partir de agora.

      *****

      O sétimo andar do hospital estava tranquilo e silencioso. Tinha sido um turno longo e aborrecido, com os enfermeiros fazendo a ronda pelos pacientes. As cadências suaves das máquinas de suporte de vida apitavam continuamente, criando som de fundo suficiente para fazer com que o andar escuro não parecesse sinistro.

      “Umas dez longas horas, hã?”, perguntou o agente de segurança

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