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árido, com Dagra arrastando os calcanhares atrás deles. Eles atravessaram o Caminho dos Defuntos arruinado e pararam diante da ponte levadiça. Oriken lançou um olhar de soslaio através das barras de ferro para a charneca além e, por um momento, sentiu como se ele fosse um prisioneiro, preso dentro das palavras do Tecelão de Histórias, transportado para uma época que talvez devesse ter ficado presa dentro das palavras das histórias antigas. Empurrando a sensação para o lado, ele observou Jalis enquanto ela produzia um pergaminho amarelado do bolso da perneira e começava a estudá-lo.

      “Olhe aqui,” ela disse. Os homens se aproximaram. Ela tocou o mapa com uma unha e traçou uma linha para o norte, até um ponto a três quartos do caminho. “Deve ser bastante simples. Seguimos o caminho principal até este ponto.” Ela arrastou o dedo para a direita e bateu no X marcado pela cliente deles. “Depois um breve passeio para o lado e estamos lá.”

      “Se não tivéssemos este mapa,” Dagra disse, uma expressão inflexível em seu rosto, “teríamos de investigar todo o cemitério.”

      “Você pode agradecer Cela por isso quando voltarmos.” Jalis fez um gesto à frente. “Por enquanto, nosso prêmio chama.”

      Oriken apertou seu ombro gentilmente, depois partiu ao longo do caminho central. Jalis e Dagra alinharam-se de cada lado. À medida que eles caminhavam, uma percepção se apoderou lentamente dele e ele abriu seus sentidos para os arredores.

      Estou certo, ele pensou. Uma semente de preocupação aninhou-se na boca do seu estômago. Não somente estavam as árvores mortas e escurecidas, elas estavam cobertas com pústulas fúngicas. Também não havia nenhum arbusto à vista além da salsola quebradiça ocasional.

      Não consigo ouvir nenhuma criatura se movendo por aí. Deveríamos ser capazes de ouvi-las mesmo que não possamos vê-las. Seja o que for que este lugar foi outrora, deveria ter sido há muito tempo reivindicado pelos animais e gramíneas. Nenhum gafanhoto, nenhuma mosca, nenhum pássaro. Árvores mortas e nenhuma gramínea qualquer. Que porra é essa?

      “Não há nenhum sinal de vida em todo o lugar amaldiçoado, Dagra disse. “Exceto nós três.”

      Oriken franziu o cenho. “Sim, eu estava prestes a....”

      “Há um cheiro no ar,” Jalis disse, seu olhar passando pelas fileiras de lápides inclinadas.

      Oriken também podia sentir o cheiro agora. Não era apenas o cheiro mofado de anos longos e desolados nem somente o cheiro salgado do oceano próximo; era outra coisa, algo quase imperceptível, mas estava lá. Ele fungou e semicerrou os olhos.

      Doce, como um perfume que permanece muito depois que a garota que o usava deixou a sala.

      “Isso parece errado,” Dagra disse. “Nada está vivo aqui. Apenas mofo cobrindo tudo e até isso está tudo seco.”

      “Você conhece a lenda,” Oriken disse. “Talvez haja uma semente de verdade sobre a Cidade Sinistra no final das contas.”

      Dagra bufou. “Um nome adequado para um lugar, se já houve um.”

      Oriken deu uma gargalhada. “Sim e estes supostos Jardins dos Mortos, eles são um…” Ele esfregou um polegar na barba e olhou para Jalis. “Qual é aquela palavra que você usa? None-secateur? Sim, é isso. Todo este lugar não poderia estar mais morto. Eles acertaram. Mas Jardins? Nome idiota para um lugar que não tem nenhuma folha de grama.”

       Jalis deu um olhar confuso para ele. “É ótimo que mais uma vez você tenha prestado atenção à minha língua materna, mas creio que você está procurando por non sequitur. Secateurs são tesouras de poda. Contudo, de certo modo, você está certo. Definitivamente este Jardins não precisam de seus arbustos podados.”

      “Bem, praga ou não, isso foi há muito tempo.” Oriken olhou para os telhados da vasta cidade. “Agora que estamos tão perto, ainda é um pouco tentador dar uma olhada por aí.”

      Dagra bufou. “Até você pode sentir o erro aqui, Orik. Não tente o destino mais do que já fizemos. Não sou nenhum covarde e você sabe disso, mas eu me lembro do medo que sentia quando criança em relação a este lugar e não preciso entrar na cidade para que este medo volte nitidamente. Estar cercado por estas criptas, lápides e estátuas pagãs já é o suficiente.”

      “Estou apenas dizendo, só isso. Ei, Dag, você não precisa segurar este pingente com tanta força. Você não precisa da Díade quando você nos tem.” Oriken piscou para Jalis. Os lábios dela se contraíram em um sorriso rápido.

      “Aceitarei a Díade e vocês dois,” Dagra disse. “Solidez em números.”

      “Sim... Uau.” Oriken parou quando seus olhos pousaram em algo que se projetava da terra a poucos metros do Caminho dos Defuntos. Ele se aproximou e inclinou-se para dar uma olhada mais de perto. Uma coleção de ossos pequenos estava semi-encapsulada na terra, inconfundivelmente uma mão humana. “Imagino que eles não os enterravam muito profundo por aqui.”

      “O que é isso?” A voz de Dagra tinha uma borda dura.

      “Lembra daquela casa em que esbarramos com aqueles cravantes?”

      “Sim.”

      “Bem, quando eu disser, vamos apenas continuar caminhando, faça um favor a si mesmo e ouça desta vez. Você já está no limite, não precisamos que você entre em um ataque de pânico completo.”

      Dagra fez uma careta e virou-se. “Anotado.”

      Eles seguiram pelo Caminho dos Defuntos até que a muralha dividindo o cemitério da cidade apareceu ao longe, sua ponte levadiça abaixada como o portão na entrada. Oriken olhou por cima do ombro para as torres e ameias da muralha da charneca, quase invisíveis por trás das entradas elevadas das criptas, estátuas exuberantes e árvores esqueléticas.

      “Devemos estar nos aproximando da cripta Chiddari,” ele disse.

      Jalis dobrou o mapa e colocou no bolso. “Há muitas criptas por aqui. Sugiro nos dividir e verificá-las separadamente.”

      Dagra balançou a cabeça com veemência. “Esqueça. De maneira nenhuma vou entrar sozinho em um daqueles lugares.”

      Jalis reprimiu um suspiro. “Não estava falando para entramos nelas, Dagra. Estou dizendo que deveríamos verificar os nomes acima das entradas e nas estátuas daquelas que as tiverem.”

      “Oh.” Dagra pigarreou. “Tudo bem. Ótimo.”

      Oriken observou seu amigo barbudo. A verdade era que a fanfarrice de Dagra tinha diminuído cada vez mais, quanto mais eles entravam na Colina Scapa e agora, aqui no cemitério, tinha praticamente desaparecido. Isso é inaceitável. Realmente inaceitável. Ele estalou os dedos na frente do rosto de Dagra e fixou-o com um olhar severo. “Ei. Vamos lá. Sai dessa. Entendo que você esteja tendo problema com os deuses neste momento, mas faça um favor para os seus amigos e tente guardá-los. Vamos verificar aquelas placas de identificação como Jalis disse.”

      “Vai se foder,” Dagra murmurou. Ele ergueu os olhos para encontrar o olhar de Oriken e deu um aceno brusco de cabeça, em seguida girou nos calcanhares e foi para a cripta mais próxima.

      Oriken compartilhou um olhar com Jalis antes de se afastar para verificar a dúzia, mais ou menos, de entradas de criptas na área imediata. Ao alcançar a primeira, ele esticou-se para inspecionar os entalhes na pedra acima da entrada. Uma rachadura corria verticalmente através da pedra, bem através do centro do nome Hauverydh. A estátua que acompanhava a cripta estava no chão perto da entrada, seu rosto de pedra esburacado e gasto, as mãos pressionadas no peito; seja o que for que estivesse segurando havia deteriorado ou caído há muito tempo.

      Oriken passou entre as lápides enquanto caminhava para a segunda cripta. Algumas das lápides haviam caído, algumas estavam submersas ou apoiadas em ângulos, enquanto outras permaneciam completamente em pé. As gravações em várias continham o nome Chiddari ou o que parecia ser uma variação disso.

      “Chegando

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