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e a incapacidade de síntese, uma professora do primeiro grau daria uma nota baixa ao maior poeta. Eu, como sempre, faço um paralelismo entre a evolução literária da humanidade e aquela de um estudante, Homero está no primeiro grau, Virgílio no segundo grau, Paolo na escola técnica profissional, estará só com o Iluminismo se chegar à universidade. Este paralelismo é útil para evitar pretender demais dos antigos, lembrem-se que César está entre os melhores e os mais límpidos escritores latinos e ele era um político e um general. O discurso é longo e interessante, mas não é o tema deste livro, assim, boa leitura.

      â€‹A História

      Por que publicar um livro antigo em latim e principalmente de parte? O motivo é exatamente esse, na definição "de parte": a história escrita é sempre de parte enquanto é gerada por uma "estrutura cultural"; entidade que, com frequência, coincide com o "estado-nação". Na prática para a história, vale o mesmo conceito válido para a arte, cada época dá um julgamento diferente sobre uma determinada obra de arte. Desde rapaz, quando eu estudava arte no segundo grau, ia para a biblioteca da escola para consultar uma famosa e belíssima série dedicada aos pintores, naqueles livros eram descritos os julgamentos críticos de especialistas da arte e artistas de diferentes épocas. Ali, podia-se ver a mudança de opinião com o passar do tempo. Assim, uma obra barroca primeiro gostamos, depois é desprezada e depois volta a ser considerada bonita. Esta mudança de opinião é estritamente ligada aos eventos históricos e às mudanças sociais. Para explicar alguns conceitos basilares vou continuar a usar o paralelismo arte-história, que acredito seja o mais adequado. Conto aqui brevemente uma experiência pessoal tida na Universidade ao prestar um exame de História Medieval. Assistindo aos exames de alguns estudantes meus colegas, notei a dificuldade que tinham ao definir os períodos históricos, ao seu apego às datas. O corpo docente da Estatal de Milão se irritava consideravelmente ao ver a incapacidade de argumentar sobre as datas de início e fim da época Medieval. As datas são convenções escolares, a idade antiga não terminar em um dia em um determinado lugar, mas é uma delimitação que se desloca e leva consigo mudanças sociais, frequentemente não uniformes. O reino goto na Itália ja é talvez da época Medieval, mas nós o consideramos tardio antigo, porque tendemos a fazer iniciar a época Medieval na Itália com os vinte anos das guerras góticas ou com a irrupção na península. A resposta certa à pergunta ''quando começa a época Medieval?'' é a data convencional da destituição do último imperador Romando do Ocidente, acompanhada da determinação que se trata, na realidade, de um longo período de transição que vai de Odoacre, aos Lombardos, e não envolve todo o território de modo uniforme. Se olhamos para a arte, vejamos os esplêndidos mosaicos de Ravenna, mas depois aparece o imponente mausoléu de Teodorico, faço notar que, depois destes, se passa para uma arte pobre paleocristã: a arte marca bem a passagem do mundo antigo aos novos tempos. De igual modo, independentemente da data em que conta-se que Colombo tenha descoberto a América, a arte do segundo quatrocentro florentino já mostrava o Renascimento, que aparece brevemente e logo se dissolve no Maneirismo que se tornará Barroco já na cúpula de Michelangelo de São Pedro. Assim, os Comuns tornam-se Senhorios e a política libera o fio com a antiguidade clássica que tem em si os símbolos do poder. Estranha história aquela da arte Clássica, nasce na democrática Atenas para se tornar instrumento de cada ambição imperial. De todo modo, também a arte decreta o fim da época Medieval, com a volta à plasticidade o "stil novo" de Vasari. Na prática, é o David de Michelangelo e não Colombo, a data certa a ser lembrada.

      Assim, tendo esclarecido que é a sensibilidade comum e não as datas a enunciarem a História, acrescentemos o conceito de instrução estatal. Cada estado exalta a

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      história que convém a ele para justificar a sua existência, podia-se adicionar também o fator geográfico que é parte integrante, mas haveria um tratado à Platão e bem longo. Resumindo, os Lombardos dividiram a Itália e para o futuro Estado-Nação, tudo isso que não tem Roma como capital e todo o território nacional como domínio é negativo, sem beleza, não importante. Este era o interesse dos Savoia, patriotas do Ressurgimento, do reino e também do Duce, agora, com um partido chamado Liga Nord, as "trombetas de Roma" voltaram a se fazer ouvir, sujando a verdade histórica. Eu acho que a Itália do Ressurgimento se tornou um estado maduro, pronto a se tornar parte do mundo. De resto, há cento e cinquenta anos, os Savoiardi são famosos biscoitos, ótimos para o tiramisù e o sentimento antigermânico se transformou em antagonismo esportivo. Desta forma, permitindo a todos lerem um texto como esse no formato original sem uma mediação cultural estatal, permite ao homem contemporâneo, "científico", julgar por si e aprofundar o tema como desejar.

      â€‹O Autor

      Paolo Diacono nasceu em Cividale del Friuli, provavelmente em 720 d.c. O seu nome latino era Paulus Diaconus, aquele lombardo Paul Warnefried ou também Paolo di Varnefrido. Era descendente de Leupichi, um dos lombardos que seguiram Alboino durante a invasão da Itália. Quando jovem, foi mandado para Pavia, que naqueles tempos era a capital do Reino Lombardo do Rei Rachis. Aqui foi aluno de Flaviano, frequentou a escola do mosteiro de São Pedro em Ciel d'Oro, de onde depois se tornou docente. Ficou junto à corte também com os sucessivos Reis Astolfo e Desiderio, sob este último, se tornou preceptor da filha Adelperga. Quando a filha de Desiderio se casou com o duque de Benevento Arechi, o seguiu. Com a queda do Reino Lombardo de 774, por causa da prisão do irmão, aceitou transferir-se para junto da corte carolíngia entre os anos 782 e 787, onde foi apreciado principalmente como gramático. Depois da liberação do irmão Paolo fugiu da corte de Carlo Magno e voltou para Benevento, e aqui entrou no mosteiro de Montecassino se tornando Monge Beneditino. Exatamente no mosteiro, escreveu entre 787 e 789 a Historia Langobardorum, a sua obra mais famosa e importante. Um outro fato que se refere a ele, mesmo se indiretamente, é ligado à música e de fato dá um seu hino dedicado à São João Batista, no século XI (onze), Guido d’Arezzo obteve as sete notas musicais, que deram à música um notável passo à frente. Paolo Diacono morreu em Benevento em 799, deixando a sua História desejosamente incompleta porque estava Paolo, que foi usada por muitos séculos como texto didático.

      â€‹O que é a Historia Langobardorum

      O que é a Historia Langobardorum

      

      

      O que é a História dos Lombardos

      Uma bela história, em muitas das suas partes emocionantes, infelizmente as exigências nacionais dos dois séculos anteriores não permitiram uma visão objetiva sobre este período. O problema principal é a nacionalidade dos Lombardos, chamados de estirpe Germânica, tentem entender, com os Austríacos em Milão e Veneza, depois em Trento e Trieste, não se podia mesmo olhar o período lombardo com orgulho nacional. Roma também era um problema, perguntem à Garibaldi e Cavour. Por falar em Garibaldi, ele é um nome conhecido entre os Lombardos, não encontrarão igual na História de Paolo, mas encontrarão uma bela sugestão. Enfim, a Itália nasce anti-alemã e por muito tempo isso que os italianos fizeram, e um pouco também a última guerra, condicionaram a imaginação de todos nós. E ainda, foram os Lombardos a romper a unidade da península, o que irá durar até 1918. Mas, algo importante, os estudos sobre suas origens étnicas da Europa demonstraram que a identificação Estado-Nação é artificial, cultural, frequentemente de recente criação e o sangue é tão misturado que talvez a única verdadeira nação europeia é exatamente a Europa, assim desfrutem da história. Às vezes, será

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