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quanto mais se aproximava dele, mais bonito lhe parecia. O fato era tão novo e tão elegante como o Rolex de ouro que usava no pulso. E, quando Meg se mexeu, sentiu-se envolta num perfume masculino, caro e discreto.

      – Foi a primeira oportunidade que tive de sair da banca em todo o dia.

      – Não se preocupe, recompensá-la-ei.

      Havia todo o tipo de promessas naquela frase e não precisava de ser um génio para saber que era precisamente o que ele pretendia. Sorrindo, o homem mostrou-lhe o bloco. Tinha umas mãos grandes e tão bronzeadas como se trabalhasse ao ar livre. Mas as mãos daquele homem eram cuidadas, as unhas eram curtas e limpas, e Meg questionou-se se tudo nele seria assim tão perfeito.

      Quando o seu bonito cliente pigarreou, Meg voltou a olhar para o bloco. Era um momento único para ela, porque, quando tivesse acabado de o atender, aquele homem muito bonito desapareceria da sua vida para sempre e queria prolongar o momento ao máximo.

      – É um híbrido Imsey. Só existe no viveiro da minha família – anunciou, dando um passo atrás.

      E foi recompensada com um sorriso que acelerou ainda mais o seu coração. Os olhos castanhos do homem brilhavam, alegres, e Meg sentiu-se perdida. O sorriso era simplesmente irresistível.

      – O que quero saber é se as mulheres gostam destas orquídeas.

      – Adoram-nas! – Meg sorriu, surpreendendo-se. – As nossas orquídeas são o presente perfeito para qualquer mulher.

      – Ou talvez para várias mulheres?

      Meg decidiu não responder à pergunta. Havia demasiada gente que dependia dela para começar a ter aquelas conversas com os clientes. De modo que, virando-se um pouco, assinalou com uma mão as plantas da banca. Dúzias delas, sobre camas de musgo verde. Centenas de caules finos, que tremiam com o mais ligeiro movimento do ar. Sentia-se tão orgulhosa delas que se permitiu um sorriso.

      – Chamam-lhes, com frequência, «delícias dançantes». Sente-se tentado a comprar alguma?

      O seu bonito cliente inclinou a cabeça para um lado, com um sorriso brincalhão nos lábios.

      – Depende. A menina dança?

      Meg riu-se novamente. Em qualquer outro momento, ter-se-ia zangado consigo mesma por um comportamento tão pouco profissional, mas, naquela noite, parecia-lhe bem. Olhar para aquele homem animava o seu coração. Havia qualquer coisa no brilho dos olhos dele, na vida que havia nas feições elegantes.

      – Imagino que, com um sorriso como o seu, não seja preciso que dance.

      Magicamente, o elo entre eles pareceu fechar-se, como se estivessem sozinhos. Meg, desconcertada, olhou para as suas plantas.

      – Não tenho tempo para dançar… Só para o meu trabalho. Cuidar destas plantas não é fácil.

      – Pois, deve fazê-lo muito bem, porque todas têm um aspecto fabuloso.

      – Obrigada – respondeu Meg, tão contente que esqueceu a sua timidez.

      Mas então apercebeu-se de que ele não estava a olhar para as suas plantas, senão para ela, e sentiu que não só lhe ardiam as faces, como também todo o corpo.

      – Levo uma dúzia – anunciou ele, tirando a carteira do bolso das calças. – Envie-as para o meu apartamento de Mayfair, assim conseguirei manter as minhas amigas contentes durante alguns dias. O meu nome é Gianni Bellini, já agora. Aqui tem o meu cartão e muito obrigado… Estes minutos consigo foram um verdadeiro prazer – o seu sorriso era o de um impostor e Meg soube que as orquídeas não eram o mais importante para um homem como ele. – Diga-me quanto lhe devo.

      Depois de terminada a transacção comercial, Gianni Bellini levou a mão aos lábios e Meg sentiu que lhe falhavam as pernas.

      – Até à próxima, mia bella…

      E, antes que ela pudesse dizer alguma coisa, virou-se e desapareceu entre a multidão.

      Meg acordou, sobressaltada, mas apercebeu-se em seguida de que continuava no avião. Tinham acontecido muitas coisas desde a Feira de Flores de Chelsea, mas a imagem de Gianni Bellini continuava a persegui-la. Só a emoção de trabalhar na villa Castelfino poderia fazer com que o esquecesse. Tinha ido regularmente à Toscana durante as últimas semanas, mas, a partir daquele dia, seria oficialmente «responsável pelas plantas exóticas do conde de Castelfino». Era o início oficial do seu novo trabalho como empregada do conde italiano.

      E, embora estivesse desejosa, Meg sentia-se inquieta. Seria a primeira vez que viveria fora da sua casa, afastada dos seus pais, e não gostava de os deixar sozinhos no viveiro, porque sabia que dava muito trabalho. E não ajudava nada que tivesse a cabeça a latejar e todos os músculos doridos por causa da viagem.

      Mas contentou-se ao pensar que alguém iria recebê-la ao aeroporto. Assim que saísse do terminal, Franco, o motorista do conde, estaria lá para a ajudar, como tinha feito durante as últimas semanas.

      Mas, quando finalmente aterraram e saiu do terminal, Franco não estava ali. Assustada, questionou-se se teria havido algum problema na villa Castelfino. Sabia que o velho conde não se dava bem com o filho e, embora Meg nunca tivesse visto o «ragazzo», como costumava chamá-lo o seu aristocrático chefe, com desdém, tinha descoberto o suficiente para que não lhe agradasse.

      O conde de Castelfino amava a sua propriedade, com os seus olivais, os seus velhos carvalhos e os seus prados cheios de flores silvestres. O seu filho queria transformar tudo aquilo numa monocultura, apenas vinhedos a perder de vista. Quanto à amada colecção de plantas exóticas… Enfim, a ambição do idoso parecia em perigo, em contraste com as ambições do seu filho. A vida na villa Castelfino era uma luta entre a beleza e o negócio.

      De modo que esperou, mas ninguém veio buscá-la. «Um mau início para alguém que trazia uma tonelada de bagagem», pensou Meg. Mas, em vez de continuar à espera, decidiu apanhar um táxi.

      O taxista reconheceu imediatamente a morada e sorriu, falando em italiano, o que a animou um pouco. Pelo menos, alguma coisa corria bem. Tentou explicar-lhe a situação, mas o seu domínio do italiano era péssimo e o taxista achava-o muito engraçado.

      Suspirando, Meg recostou-se no banco.

      «O que estará a fazer agora Gianni?»

      «De certeza que nunca o deixaram pendurado num aeroporto», pensou, imaginando-o a afastar uma multidão de namoradas para chegar até ela.

      Suspirando, questionou-se se voltaria a vê-lo algum dia. Não, de certeza que não. A sua única esperança era convencer o conde de Castelfino a exibir as plantas numa das feiras de Londres. E, nos seus sonhos, o lindo Gianni Bellini iria à procura de mais presentes para o harém.

      Durante a viagem, imaginou como seria ser seduzida por um homem tão encantador. «É lógico que tenha tantas namoradas», pensou, porque o sorriso dele a tinha cativado como nenhum outro.

      Ela era mulher de um só homem, de modo que a sensatez sempre lhe tinha pedido que se afastasse de alguém como Gianni Bellini. Mas, nas suas fantasias, podia fazer o que quisesse.

      E também o senhor Bellini…

      Enquanto Meg fantasiava, o homem dos seus sonhos olhava para o cano de uma arma. Podia ser o gargalo de um decantador de conhaque, mas era igualmente mortífero.

      Gianni Bellini sabia perfeitamente que o álcool só servia para abrandar os seus movimentos. Estar tanto tempo sem dormir era mau e beber álcool pioraria a situação e a relação com os seus empregados, de modo que decidiu não o fazer.

      – Prefere um copo de champanhe, signor Bellini? – perguntou-lhe o mordomo.

      A única coisa que recebeu como resposta foi um gemido e um gesto com a mão para que o deixasse sozinho.

      Apenas vinte e quatro horas depois

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