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      "Você acredita em mim?" ele perguntou.

      Ela assentiu. "Sim. Acredito". Então, ela se aproximou um pouco mais e olhou nos olhos dele. "Conte-me tudo".

      Então, Oliver falou. Ele começou do início, desde o dia da tempestade. Para a Srta. Belfry, tinha sido na noite passada, mas, para Oliver, vários dias haviam se passado.

      Ele contou a ela sobre Armando Illstrom e sobre Lucas. Sobre seu encontro com Ralph Black e sua jornada até a Escola de Videntes. Sobre como a escola ficava entre as dimensões e só podia ser acessada através de um portal especial em 1944. Ele contou-lhe sobre as aulas, a Doutora Ziblatt e os portais interdimensionais. Contou a ela sobre a praça de alimentação e as mesas suspensas, sobre Hazel Kerr, Simon Cavendish e Walter Stroud, o incrível jogador de zástrás. Ele contou a ela sobre o Orbe de Kandra e o escritório do Professor Ametista com gravidade zero, as cápsulas de sono e o teste que determinava o tipo de Vidente que se é. Então ele contou a ela sobre seu encontro com Esther Valentini e o ataque à escola. Ele falou sobre os eventos na Alemanha nazista com a bomba de Lucas. Mostrou-lhe o amuleto que o Professor Ametista lhe dera, aquele que esquentaria se estivesse perto de um portal que o pudesse levar de volta à Escola de Videntes. E finalmente, ele contou a ela sobre seus pais, sobre como os Blues não eram sua verdadeira família e como ele queria encontrar seus pais verdadeiros, que lhe apareciam em visões.

      Finalmente, quando falou toda sua história, Oliver parou de falar.

      A Srta. Belfry parecia atordoada. Ela apenas balançou a cabeça devagar, enquanto seus olhos se moviam discretamente de um lado para o outro dentro das órbitas. Parecia que estava tentando processar tudo o que ele acabara de contar. Era muito para absorver de uma vez, pensou Oliver. Ele esperava que seu cérebro não explodisse com aquilo.

      "Fascinante", ela falou, finalmente.

      Então, se recostou na cadeira, ainda com os olhos fixos nele. Eles estavam cheios de curiosidade e admiração.

      Oliver esperou, com o estômago revirando de antecipação.

      Finalmente, a Srta. Belfry deu uma leve batidinha no queixo com o dedo. "Posso ver a bússola?"

      Ele a pegou da bolsa e entregou a ela. Ela examinou o objeto muito devagar. Então, pareceu subitamente muito animada.

      "Eu vi uma assim uma vez..."

      "Sério?"

      "Sim. Pertencia ao Professor Rouxinol, de Harvard. Um antigo professor meu. O homem mais brilhante que já conheci".

      Sua animação era palpável. Oliver viu quando ela pulou da cadeira e correu para a estante de livros. Pegou um livro e entregou a ele.

      Oliver olhou para o livro com curiosidade, e leu o título. "A Teoria da Viagem no Tempo". Ele ficou perplexo e seu olhar se ergueu para encontrar o dela. "Eu... não entendo".

      A Srta. Belfry se sentou novamente. "A especialidade do professor Rouxinol era física - com ênfase na viagem no tempo".

      Oliver ficou tonto. "Você acha que ele pode ser um Vidente? Como eu?"

      Ele pensava que não havia outros em sua linha do tempo. Mas talvez esse professor Rouxinol fosse um deles. Talvez por isso a bússola o tenha guiado até a Srta. Belfry, em primeiro lugar.

      "Sempre que ele me ensinava sobre um novo inventor, falava como se os conhecesse pessoalmente". Ela levou a mão à boca e balançou a cabeça em descrença. "Mas agora eu percebo que ele realmente conhecia. Ele deve ter viajado através do tempo para conhecê-los!"

      Oliver se sentiu sobrecarregado. Seu coração começou a bater descontroladamente. Mas Belfry descansou a mão sobre a dele, confortando-o.

      "Oliver", ela falou, gentil, "acho que você deveria conhecê-lo. Acho que o caminho para os seus pais e para o seu destino passa por ele".

      Assim que ela disse isso, Belfry pareceu perplexa.

      "Oliver, olhe".

      Só então, Oliver viu os mostradores de sua bússola se moverem. Um apontou para o símbolo de uma folha de carvalho. O segundo apontou para um símbolo que se assemelhava a um pássaro. O terceiro permaneceu na imagem de um capelo de formatura.

      Os olhos de Oliver se arregalaram de surpresa.

      Ele apontou para a folha de carvalho. "Boston". Então, para o pássaro. "Rouxinol". E, finalmente, para o capelo. "Professor." Sentiu-se muito animado. "Você está certa. Eu tenho que ir para Boston. Conhecer o Professor Rouxinol. Ele tem a próxima pista".

      A Srta. Belfry rapidamente rabiscou algo em seu caderno e depois rasgou a página. "Tome. É o endereço dele".

      Oliver pegou o papel e olhou para o endereço. Aquela era a próxima peça do quebra-cabeça em sua missão? O professor Rouxinol era outro Vidente?

      Ele dobrou o papel com cuidado e colocou-o no bolso, subitamente ansioso para começar sua jornada. Levantou-se logo.

      "Espere", disse Belfry. "Oliver. O livro". O livro de viagens no tempo do professor Rouxinol estava em sua mesa. "Pegue", ela acrescentou. "Quero que fique com ele".

      "Obrigado", Oliver disse, sentindo-se emocionado e agradecido. A Srta. Belfry era realmente a melhor professora não-Vidente que ele já teve.

      Ele pegou o livro e se dirigiu para a porta. Mas então ouviu a Srta. Belfry chamar.

      "Você nunca mais vai voltar?"

      Ele fez uma pausa e olhou para ela. "Eu não sei".

      Ela assentiu, triste. "Bem, se isso é um adeus, então tudo o que resta a dizer é boa sorte. Espero que você encontre o que procura, Oliver Blue".

      Oliver sentiu um profundo sentimento de gratidão. Sem a Srta. Belfry, ele provavelmente não teria sobrevivido àqueles miseráveis primeiros dias em Nova Jersey. "Obrigado, senhorita Belfry. Obrigado por tudo".

      Oliver saiu correndo da sala, ansioso para pegar o primeiro trem para Boston e conhecer o Professor Rouxinol. Mas se ele iria partir de Nova Jersey para sempre, havia uma coisa que precisava fazer primeiro.

      Os valentões.

      Era hora do almoço.

      E ele tinha mais uma coisa a corrigir no mundo.

      *

      Ele desceu apressadamente os degraus, enquanto o cheiro de frituras gordurosas flutuava do refeitório. Ele e a Srta. Belfry tinham conversado por tanto tempo que já era hora do almoço.

      Perfeito, Oliver pensou.

      Dirigiu-se para o refeitório. Estava cheio de estudantes e extremamente barulhento. Ele viu Paul e Samantha, seus algozes da aula de ciências. Olharam para ele e começaram a apontar e sussurrar. Outras crianças também se viraram, todas rindo de Oliver. Ele viu as crianças que jogaram bolas nele na quadra. As crianças da turma do Sr. Portendorfer que se deleitaram com a insistência do velho professor rabugento em chamá-lo de Oscar.

      Oliver examinou o lugar com os olhos até encontrar seu alvo: Chris e seus amigos. Os que o haviam perseguido durante a tempestade. Até ele ter que entrar em uma lata de lixo. Que o chamaram de esquisito, aberração e mais um monte de xingamentos horríveis.

      Eles o notaram também. A garota malvada que usava o cabelo em tranças de aparência severa começou a sorrir. Cutucou o rapaz magro e sardento que tinha assistido com alegria enquanto Chris prendeu Oliver em uma gravata. Até onde eles sabiam, ontem haviam perseguido Oliver durante uma tempestade, forçando-o a se esconder em uma lata de lixo. Vê-los sorrir o fez cerrar os dentes com uma súbita onda de raiva.

      Chris também levantou o olhar. Qualquer indício do medo que mostrava em relação a Oliver em sua sala de estar tinha desaparecido, agora que ele estava cercado por seus amigos valentões.

      Mesmo do outro lado do refeitório, Oliver podia ler os lábios de Chris enquanto dizia a seus amigos: "Ah, olhem, é o rato encharcado".

      Oliver

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