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da sua vida pareciam estar ligados.

      E de alguma forma, não conseguia deixar de se culpar por toda a perda, por toda a dor.

      Pelo menos já não lhe apetecia chorar. Chorar não ajudaria. Para além disso, Riley tinha que tratar de alguma papelada. Sentou-se na secretária e tentou trabalhar.

      *

      Mais tarde, Riley foi de Quantico para a Brody Middle School. Jilly já estava à espera no passeio quando Riley parou o carro.

      Jilly entrou no carro.

      “Etive quinze minutos à espera!” Disse ela. “Despacha-te! Vamos atrasar-nos para o jogo!”

      Riley deu uma risada.

      “Não nos vamos atrasar,” Disse ela. “Vamos chegar mesmo a tempo.”

      Riley conduziu até à escola de April.

      Ao conduzir começou a preocupar-se novamente.

      Teria o Ryan ido a casa buscar as suas coisas durante o dia?

      E quando e como daria a notícia às miúdas?

      “O que é que se passa?” Perguntou Jilly.

      Riley não se apercebera que o seu rosto denotava os seus sentimentos.

      “Nada,” Disse ela.

      “Não é nada,” Disse Jilly. “Eu consigo perceber que se passa algua coisa.”

      Riley conteve um suspiro. Tal como April e Riley, também Jilly era observadora.

      Devo dizer-lhe agora? Perguntou-se Riley.

      Não, não era o momento. Estavam a caminho de ver April a jogar num jogo de futebol. Não queria estragar a tarde com más notícias.

      “Não é mesmo nada,” Disse ela.

      Riley estacionou na escola de April minutos antes do jogo começar. Ela e Jilly fora para as bancadas que já estavam bastante bem compostas. Riley percebeu que talvez Jilly tivesse razão – talvez devessem ter chegado mais cedo.

      “Onde é que nos sentamos?” Perguntou Riley.

      “Ali em cima!” Disse Jilly, apontando para as bancadas superiores onde ainda havia espaço disponível. “Dali vou conseguir ver tudo.”

      Treparam as arquibancadas e sentaram-se. Dali a poucos minutos, o jogo começou. April estava a jogar no meio-campo, a divertir-se imenso. Riley reparou de imediato que ela era uma jogadora agressiva.

      Ao assistirem, Jilly comentou, “A April diz que quer desenvolver as suas habilidades nos próximos anos. É verdade que o futebol lhe pode dar acesso a uma bolsa?”

      “Se ela realmente for boa,” Disse Riley.

      “Uau. Isso é fixe. Talvez eu também possa fazer isso.”

      Riley sorriu. Era maravilhoso que Jilly tivesse uma perspetiva tão positiva do futuro. Na vida que deixara para trás, Jilly nada tinha a ansiar. As suas perspetivas eram sombrias. O mais certo era não ter concluído o liceu quanto mais pensar na faculdade. Todo um mundo de possibilidades se abria para ela.

      Acho que faço algumas coisas bem feitas, Pensou Riley.

      Entretanto, April bateu um canto que enganou a guarda-redes adversária e marcou o primeiro golo do jogo.

      Riley levantou-se batendo palmas.

      E foi então que Riley reconheceu outra rapariga da equipa. Era Crystal Hildreth, a amiga de April. Riley já não via Crystal há algum tempo. Ver a rapariga despoletou algumas emoções complicadas.

      Crystal e o pai, Blaine, viviam na casa ao lado da sua.

      Blaine era um homem encantador por quem Riley tivera um interesse romântico e ele por ela.

      Mas tudo terminara há alguns meses atrás quando algo terrível sucedera. Depois Blaine e a filha mudaram-se.

      Riley nem se queria lembrar desses acontecimentos horríveis.

      Olhou para a multidão. Visto que Crystal estava a a jogar, o mais certo era Blaine estar por ali. Mas naquele momento não o via.

      Esperava não ter que o encontrar.

      *

      O intervalo chegou e Jilly pôs-se à conversa com alguns amigos que encontrara.

      Riley reparou que tinha um SMS. Era de Shirley Redding, a agente imobiliária que tinha contactado para vender a cabana do pai.

      Dizia…

      Boas notícias! Ligue-me assim que puder!

      Riley ligou para a agente imobiliária.

      “Estive a debruçar-me sobre a venda,” Disse a mulher. “A propriedade deve render mais de cem mil dólares. Talvez o dobro disso.”

      Riley sentiu-se entusiasmada. Esse dinheiro seria uma grande ajuda para os planos universitários das miúdas.

      Shirley continuou, “Precisamos de falar sobre os detalhes. É boa altura agora?”

      É claro que não era, por isso Riley combinou para conversarem no dia seguinte. Ao terminar a chamada, viu alguém a atravessar a multidão na sua direção.

      Riley reconheceu-o imediatamente. Era Blaine, o seu antigo vizinho.

      Notou que o homem sorridente e bem parecido ainda tinha uma cicatriz na bochecha direita.

      Riley desanimou.

      Será que ele culpava Riley pela cicatriz?

      Ela não conseguia evitar sentir-se culpada.

      CAPÍTULO SEIS

      Blaine Hildreth sentiu uma série de emoções contraditórias ao atravessar a multidão. Tinha visto Riley quando ela se levantara para aplaudir. Parecera-lhe tão vital e impressionante como sempre, e Blaine não se conteve indo ao seu encontro. Agora ela olhava para ele à medida que ele se aproximava, mas ele não conseguia ler a sua expressão.

      Como se sentira por vê-lo?

      E como é que ele se sentira por vê-la novamente?

      Blaine não conseguiu evitar recuar a um dia traumático ocorrido há mais de dois meses…

      Ele estava sentado na sua própria sala de estar quando ouviu u barulho ensurdecedor vindo da porta ao lado.

      Foi a casa de Riley e viu que a porta estava parcialmente aberta.

      Entrou e viu o que se estava a passar.

      Um homem estava a atacar April, a filha de Riley. O homem tinha atirado April ao chão e ela contorcia-se, batendo-lhe com os punhos.

      Blaine interviu e afastou o atacante de April. Lutou com o homem, tentando subjugá-lo.

      Blaine era ais alto do que o atacante, mas não era mais forte, nem mais ágil.

      Continuou a tentar atingir o homem, mas a maioria das suas tentativas falharam e as que acertava parecia não causar qualquer impacto.

      De repente, o homem deu um golpe no abdómen de Blaine que ficou imediatamente sem ar. Debruçou-se não conseguindo respirar.

      Depois o atacante deu-lhe um pontapé no rosto…

      … e tudo ficou negro.

      Dali para a frente Blaine só se lembra de estar no hospital.

      E agora, ao aproximar-se de Riley, Blaine estremecia um pouco ante aquela memória.

      Tentou acalmar-se.

      Quando alcançou Riley, não sabia o que fazer. Apertar as mãos parecia um pouco ridículo. Deveria abraçá-la?

      Blaine viu que o rosto de Riley estava

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