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      Era verdade.

      Agora ela era uma mulher.

      E as vozes ainda a chamavam…

      “Ajuda-nos! Por favor!”

      Os olhos de Riley abriram-se novamente.

      Tremia mais do que da outra vez e tinha dificuldades em respirar.

      Lembrava-se de algo que Paula Steen lhe tinha dito.

      “O assassino da minha filha nunca será julgado.”

      E Paula também tinha dito…

      “O caso nunca foi seu.”

      Riley sentiu invadir-se por uma nova sensação de determinação.

      Era verdade – o assassino da caixa de fósforos não fora um caso seu.

      Mas não o podia deixar esquecido no passado.

      O assassino da caixa de fósforos tinha que ser finalmente apanhado.

      Agora o caso é meu, Pensou.

      CAPÍTULO SETE

      Riley não teve mais pesadelos nessa noite, mas ainda assim o seu sono foi inquieto. De forma surpreendente, na manhã seguinte acordou cheia de energia.

      Tinha trabalho a fazer nesse dia.

      Vestiu-se e desceu as escadas. April e Jilly estavam na cozinha a tomar o pequeno-almoço que Gabriela lhes preparara. Ambas as raparigas pareciam estar tristes, mas não tão tristonhas como no dia anterior.

      Riley viu que fora colocado um lugar na mesa para ela, por isso sentou-se e disse, “Essas panquecas estão com ótimo aspeto. Passem-mas, se faz favor.”

      Enquanto tomava o pequeno-almoço e bebia o café, as miúdas começaram a parecer mais alegres. Não mencionaram a ausência de Ryan e, em vez disso, conversavam sobre outros miúdos da escola.

      São resistentes, Pensou Riley.

      E ambas tinham passado por momentos difíceis no passado.

      Riley tinha a certeza de que também ultrapassariam aquela crise relacionada com Ryan.

      Riley terminou o seu café e disse, “Tenho que ir para o meu gabinete.”

      Levantou-se e deu um beijo na bochecha de April e de Jilly.

      “Força em apanhar gente má, mãe,” Disse Jilly.

      Riley sorriu.

      “Podes crer que é isso mesmo que vou fazer,” Respondeu.

      *

      Assim que chegou ao gabinete, Riley abriu ficheiros no computador sobre o caso de há vinte e cinco anos. Ao aceder a velhas histórias de jornais, lembrou-se de ler algumas delas nessa altura. Era adolescente nesse tempo e o assassino da caixa de fósforos era uma história de pesadelo.

      Os homicídios tinham acontecido em Virginia perto de Richmond com um intervalo de apenas três semanas entre cada morte.

      Riley abriu um mapa e descobriu Greybull, uma pequena cidade à saída da Interestadual 64. Tilda Steen, a última vítima, vivera e morrera em Greybull. Os outros dois homicídios tinham ocorrido nas cidades de Brinkley e Denison. Riley conseguia ver que as cidades distavam cerca de cento e sessenta quilómetros umas das outras.

      Riley fechou o mapa e debruçou-se novamente nas histórias de jornal.

      Um cabeçalho se destacava…

      ASSASSINO DA CAIXA DE FÓSFOROS ATACA TERCEIRA VÍTIMA!

      Estremeceu um pouco.

      Sim, ela recordava-se de ver aquele cabeçalho há muitos anos atrás.

      O artigo descrevia o pânico que os crimes haviam despoletado na área – sobretudo entre mulheres jovens.

      De acordo com o artigo, o público e a polícia perguntavam ambos o mesmo:

      Quando e onde é que o assassino vai atacar novamente?

      Quem vai ser a sua próxima vítima?

      Mas não houvera uma quarta vítima.

      Porquê? Perguntava-se Riley.

      Tratava-se de uma pergunta que à qual as autoridades não tinham conseguido responder.

      O assassino parecia ser um assassino em série impiedosamente motivado – o género que continuaria a matar até ser apanhado. Mas em vez disso, ele tinha simplesmente desaparecido e o seu desaparecimento tinha sido tão misterioso como os próprios crimes.

      Riley começou a rever velhos registos policiais para refrescar a memória.

      As vítimas não pareciam ter qualquer ligação entre si. O assassino usara o mesmo MO nos três homicídios. Engatara as jovens mulheres em bares, levou-as para motéis e matou-as. Depois enterrou os corpos em campas rasas não muito longe dos locais onde tinha cometido os crimes.

      A polícia local tinha tido dificuldades em localizar os bares onde as vítimas tinham sido engatadas e os motéis onde tinham sido assassinadas.

      Tal como acontece com alguns assassinos em série, ele deixara pistas para a polícia.

      Tinha deixado em todos os corpos, caixas de fósforos dos bares e papel de carta dos motéis.

      As testemunhas nos bares e motéis mal conseguiam dar uma descrição do suspeito.

      Riley olhou para o esboço traçado há tantos anos.

      Viu que o homem parecia bastante normal com cabelo castanho escuro e olhos cor de avelã. Ao ler descrições de testemunhas, reparou em mais alguns detalhes. As testemunhas tinham referido que ele parecia extraordinariamente pálido, como se trabalhasse num local que o mantivesse dentro de portas e afastado do sol.

      As descrições não eram muito detalhadas. Ainda assim, parecia a Riley que o caso não deveria ter sido tão difícil de resolver. Mas fora. A polícia local nunca descobrira o assassino. A UAC tomou conta do caso apenas para concluir que o assassino ou tinha morrido ou tinha abandonado a região. Continuar as buscas a nível nacional, seria como procurar uma agulha num palheiro – uma agulha que podia nem sequer existir.

      Mas houvera um agente, um mestre em resolver casos antigos que discordara.

      “Ele ainda está na região,” Dissera ele a todos. “Conseguimos encontra-lo se continuarmos a procurar.”

      Mas os chefes não seguiram o seu conselho e não o apoiaram. A UAC deixara o caso cair no esquecimento.

      Aquele agente aposentara-se da UAC há vários anos e mudara-se para a Flórida. Mas Riley sabia como entrar em contacto com ele.

      Pegou no seu telefone e ligou o seu número.

      Um momento mais tarde, Riley ouviu uma voz familiar. Jake Crivaro fora seu parceiro e mentor quando ela entrou na UAC.

      “Olá desaparecida,” Disse Jake. “Por onde andaste? Que tens feito? Não ligas, não escreves. Isso é forma de se tratar um velho solitário que te ensinou tudo o que sabes?”

      Riley sorriu. Ela sabia que ele só estava a brincar. No final de contas, tinham-se visto há bem pouco tempo. Jake até a tinha ajudado num caso há poucos meses atrás.

      Ela não perguntou, “Como tens passado?”

      Lembrou-se do que ele dissera da última vez que ela perguntara.

      “Tenho setenta e cinco anos. Fui operado aos joelhos e à anca. Os meus olhos estão uma miséria. Tenho um aparelho auditivo e um pacemaker. E todos os meus amigos, exceto tu, bateram as botas. Como é que achas que estou?”

      Perguntar-lhe apenas o faria queixar-se novamente.

      A verdade era que ele

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