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suas armas!” Exclamou ele. “Nós partimos esta noite!”

*

      Erec marchava pelo corredor do castelo do Duque, vestido novamente com sua armadura, sua espada balançava em sua cintura, ele dirigia-se para o lado oposto aos demais homens. Ele tinha uma tarefa importante para cumprir, antes de partir para o que poderia ser sua última batalha.

      Ele devia ver Alistair.

      Desde que havia retornado daquele dia de batalha, Alistair tinha estado aguardando no castelo, ao fundo do corredor em seu próprio quarto, esperando que Erec fosse até ela. Ela estava esperando por um reencontro feliz e o coração de Erec ficou apertado quando ele percebeu que teria de partilhar com ela a má notícia de que ele estaria saindo novamente. Ele sentia uma certa sensação de paz, sabendo que pelo menos ali ela estaria segura, dentro das muralhas daquele castelo. Ele se sentia mais determinado do que nunca a mantê-la segura, a protegê-la do Império. Seu coração doía com a ideia de deixá-la; tudo o que ele desejava era passar o tempo com ela, desde que os dois haviam se comprometido para casar. Mas isso, simplesmente, não parecia estar destinado a ocorrer.

      Erec virou a esquina, suas esporas tilintavam e suas botas ecoavam nos corredores vazios do castelo; ele se preparava para o adeus, o qual ele sabia que seria doloroso. Ele finalmente chegou até uma antiga porta arqueada de madeira e bateu suavemente com sua luva.

      Ouviu-se o som de passos atravessando a sala e um momento depois a porta se abriu. O coração de Erec se revigorou tal como fazia cada vez que ele via Alistair. Lá estava ela, na porta, com seu cabelo longo e loiro esvoaçante e seus olhos grandes de cristal olhando para ele como uma aparição. Ela parecia ficar mais bonita cada vez que ele a via.

      Erec entrou e abraçou-a e ela o abraçou de volta. Ela o abraçou com força por um longo tempo, não querendo soltá-lo. Ele tampouco queria soltá-la. Ele queria mais do que qualquer coisa simplesmente poder fechar a porta atrás dele e ficar ali com ela, durante o tempo que pudesse. Mas isso não era possível.

      A calidez e o aconchego dos braços dela davam a ele a sensação de que tudo estava em paz no mundo e ele estava relutante em soltá-la. Finalmente, ele se afastou e olhou nos olhos dela, eles estavam brilhando. Ela olhou para sua armadura, para suas armas e seu semblante caiu quando ela percebeu que ele não iria permanecer com ela.

      “Vai partir novamente, meu senhor?” Perguntou ela.

      Erec baixou sua cabeça.

      “Parto contra meu desejo, minha senhora.” Ele replicou. “O Império se aproxima. Se eu ficar aqui, vamos todos morrer.”

      “E se você morrer?” Perguntou ela.

      “Eu certamente morrerei algum dia, de uma maneira ou de outra.” Admitiu ele. “Mas isso pelo menos vai dar a todos nós uma chance. Uma pequena chance, mas uma chance enfim.”

      Alistair virou-se e caminhou até a janela, olhando para o pátio do Duque banhado pelo pôr-do-sol, o rosto dela estava iluminado pela luz suave. Erec podia ver a tristeza gravada nele, ele foi até ela, afastou o cabelo de seu pescoço e a acariciou.

      “Não fique triste, minha amada.” Disse. “Se eu sobreviver, eu voltarei para você. E então nós estaremos juntos para sempre, livre de todos os perigos e ameaças. Estaremos livres para finalmente viver nossas vidas juntos.”

      Ela balançou a cabeça tristemente.

      “Eu tenho medo.” Disse ela.

      “Do exército que se aproxima?” Ele perguntou.

      “Não.” Ela disse voltando-se para ele. “Eu tenho medo de você.”

      Erec olhou para ela, confuso.

      “Eu tenho medo do que você possa pensar de mim agora.” Disse ela. “Depois que você viu o que aconteceu no campo de batalha.”

      Erec abanou sua cabeça.

      “Eu não penso em você de forma diferente, de modo algum.” Disse ele. “Você salvou a minha vida e eu estou muito grato por isso.”

      Ela balançou a cabeça.

      “Mas você também viu um lado diferente de mim.” Disse ela. “Você viu que eu não sou normal. Eu não sou como todo mundo. Eu tenho um poder dentro de mim que eu não entendo. E agora eu temo que você me considere como uma espécie de monstro. Uma mulher que você já não quer como esposa.”

      O coração de Erec ficou partido ao ouvir as palavras dela. Ele deu um passo à frente, tomou as mãos dela firmemente entre as suas e olhou nos olhos dela com toda a seriedade que ele pôde conseguir reunir.

      “Alistair.” Disse ele. “Eu a amo com toda a minha alma. Nunca houve uma mulher que eu amasse mais. E nunca haverá. Eu a amo por tudo o que você é. Eu não vejo você de maneira diferente de nenhuma outra pessoa. Seja qual for o poder que você tiver, seja você quem for – mesmo que eu não entenda, eu aceito tudo isso. Sou grato por tudo isso. Eu jurei não me intrometer e vou manter essa promessa. Eu nunca vou lhe perguntar nada. “Seja quem você for, eu a aceitarei tal como você é.”

      Ela o fitou por um longo tempo, então lentamente abriu um sorriso e seus olhos se encheram de lágrimas de alívio e alegria. Ela virou-se e abraçou-o, abraçou fortemente, abraçou-o com toda a força que ela tinha.

      Ela sussurrou no ouvido dele: “Volte para mim.”

      CAPÍTULO QUATRO

      Gareth estava à beira da caverna, observando o sol se pôr enquanto esperava. Ele lambeu os lábios secos e tentou se concentrar, os efeitos do ópio finalmente estavam passando. Ele estava tonto e não tinha bebido ou comido por dias. Gareth pensou novamente em sua ousada fuga do castelo, quando ele se esgueirou pela passagem secreta atrás da lareira e escapou bem antes que Lord Kultin tentasse emboscá-lo, ele sorriu. Kultin tinha sido inteligente em seu golpe, mas Gareth tinha sido mais esperto. Como todo mundo, ele tinha subestimado Gareth; ele não tinha percebido que os espiões de Gareth estavam por toda parte e que ele tinha sido informado sobre sua trama, quase que instantaneamente.

      Gareth tinha escapado a tempo, bem antes que Kultin o emboscasse e antes que Andronicus invadisse a Corte do Rei e a devastasse. Lorde Kultin tinha lhe feito um enorme favor.

      Gareth tinha seguido as antigas passagens secretas que levavam ao exterior do castelo, elas davam várias voltas abaixo do solo e finalmente o conduziram para fora, para o campo. Ele emergiu em uma vila remota a quilômetros da Corte do Rei. Ele tinha saído perto daquela caverna e tinha se derrubado logo depois de chegar a ela. Ele dormiu durante todo o dia, encolhido e tremendo de frio no ar implacável do inverno. Ele desejou ter trazido mais camadas de roupas.

      Desperto, Gareth agachou-se e viu ao longe, uma pequena aldeia agrícola; Havia um punhado de choupanas e a fumaça subia de suas chaminés. Havia soldados de Andronicus por todas as partes, marchando através da aldeia e do campo. Gareth esperou pacientemente até que eles se dispersassem. Seu estômago doía de fome e ele sabia que precisava chegar até uma daquelas casas. Ele podia sentir o cheiro da comida cozinhando, ali mesmo onde estava.

      Gareth correu para fora da caverna, olhando para todos os lados, respirando com dificuldade, agitado e com medo. Ele não tinha se exercitado nos últimos anos e estava ofegante com o esforço; isso o fez perceber o quão magro e doente ele tinha se tornado. O ferimento em sua cabeça, onde sua mãe o tinha atingido com o busto, latejava. Se ele sobrevivesse a tudo aquilo, ele jurou que a mataria com suas próprias mãos.

      Gareth correu para a aldeia, ele teve a sorte de escapar de ser detectado pelos poucos soldados do Império, os quais estavam com as costas viradas para ele. Ele correu para a primeira casa que viu, uma casa simples, de um só cômodo, idêntica as demais, um brilho cálido provinha do seu interior. Ele viu uma jovem adolescente, talvez de sua idade, caminhando através da porta aberta com uns pedaços de carne empilhados em um prato. Ela sorria e estava acompanhada por uma menina mais nova que talvez fosse sua irmã e tivesse uns dez anos. Ele decidiu que aquele era o lugar.

      Gareth irrompeu pela porta junto com elas, acompanhando-as e batendo a porta atrás de si. Ele agarrou a menina mais nova por

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