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À distância podia ver-se os aviões a tremeluzir sob o sol da manhã ao efetuarem a sua abordagem ao Aeroporto de LaGuardia.

      Luke sorriu. “Prendê-lo porquê?”

      Ed deu uma risadinha. O elevador continuava a subir.

      “Estou cansado. Quando o Don me ligou, estava a ir para a cama.”

      “Eu sei,” Disse Luke. “Eu também.”

      Ed abanou a cabeça. “Já não entrava nestas cenas urgentes há algum tempo. E não tenho saudades.”

      O elevador chegou ao último andar. Um tom quente soou e as portas abriram-se.

      Entraram num átrio largo com chão em pedra polida. Mesmo à sua frente, a dez metros de distância, perfilavam-se dois homens. Eram homens grandes, de fato, cor da pele escura, talvez persas, talvez de outra proveniência. Obstruíam um conjunto de portas duplas. Mas Luke não estava preocupado.

      “Parece que o porteiro os avisou da nossa presença.”

      Um dos homens acenou com a mão. “Não! Voltem para trás. Não podem estar aqui.”

      “Agentes federais,” Anunciou Luke e caminharam na direção dos homens.

      “Não! Não têm jurisdição. Não permitimos a vossa entrada.”

      “Acho que não vale a pena mostrar-lhes o distintivo,” Concluiu Luke.

      “Pois,” Concordou Ed. “Não vale mesmo a pena.”

      “Quando eu der sinal, ok?”

      “Ok.”

      Luke esperou um segundo.

      “Vai.”

      Estavam a uma curta distância dos homens. Luke aproximou-se de um deles e deu-lhe um soco. Ficou surpreendido com a lentidão do seu punho. O homem era ligeiramente mais alto que Luke e tinha a envergadura de um pássaro grande. Obstruiu o soco facilmente e agarrou no pulso de Luke. Era forte. Puxou Luke para si.

      Luke levantou um joelho à altura da virilha mas mais uma vez o homem bloqueou-lhe o movimento. O homem lançou uma mão grande à garganta de Luke. Dedos cerrados como as garras de uma águia a abrir caminho por entre a carne vulnerável.

      Com a mão liberta, Luke atingiu-o nos olhos com os dedos indicador e médio, um em cada olho. Não era uma defesa convencional mas servira o seu propósito. O homem soltou Luke e recuou com os olhos a lacrimejar. Pestanejou e abanou a cabeça. Depois sorriu.

      A luta ainda agora começara.

      E de repente apareceu Newsam, qual fantasma. Pegou na cabeça do homem com ambas as mãos e bateu-a com força contra a parede. Parecia que Ed Newsam queria partir a parede usando a cabeça do homem.

      Bang!

      O rosto do homem estremeceu.

      Bang!

      O maxilar deslocou-se.

      Bang!

      Os olhos reviraram.

      Luke levantou uma mão. “Ed! Ok. Acho que arrumaste com ele. Liberta-o devagar, este chão parece de mármore.”

      Luke olhou para o outro segurança. Já estava esticado no chão, olhos fechados, boca aberta e cabeça encostada à parede. Ed tinha-os despachado em dois tempos. Luke não tinha feito nada.

      Luke retirou um par de algemas de plástico do bolso e ajoelhou-se junto a um dos homens prendendo-o com força nos tornozelos como um vitelo. Alguém acabaria por aparecer e cortar aquilo. E quando o fizessem, o tipo não sentiria os pés durante uma hora.

      Ed fez o mesmo ao outro homem.

      “Estás um bocado enferrujado, Luke,” Atirou Ed.

      “Eu? Não. Eu nem devia lutar, só fui chamado por causa da minha inteligência.” Ainda sentia o ponto da garganta onde o homem tinha apertado. Amanhã ia estar dorido.

      Ed abanou a cabeça. “Eu estive na Força Delta como tu. Estive lá dois anos depois da operação Stanley Combat Outpost no Nuristão. As pessoas ainda falam disso. Como vos deixaram lá e como de manhã só três homens ainda lutavam. Eras um deles, não eras?”

      Luke pigarreou. “Não tenho conhecimento da existência de…”

      “Não me lixes,” Ripostou Ed. “Secreta ou não, eu conheço a história.”

      Luke aprendera a viver a vida com pouca margem de manobra. Raramente falava sobre esse incidente. Tinha acontecido há uma eternidade num canto tão remoto do leste do Afeganistão que o simples facto de haver tropas no local deveria ter algum significado. Era passado. A mulher nem tinha conhecimento disso.

      Mas o Ed era um Delta por isso… ok.

      “Sim,” Disse Luke. “Eu estava lá. Informações incorretas levaram-nos até lá e acabou por ser a pior noite da minha vida.” Fez um gesto na direção dos dois homens no chão.

      “Faz isto parecer um episódio de Happy Days. Perdemos nove bons homens. Ficámos sem munições pouco antes de amanhecer.” Luke abanou a cabeça. “A coisa ficou feia e quando amanheceu a maior parte dos nossos já estavam mortos. E os três que sobreviveram… não sei se realmente nos safámos. O Martinez está paralisado da cintura para baixo. A última vez que ouvi falar do Murphy era um sem-abrigo frequentemente internado na ala psiquiátrica da Veterans Affairs.”

      “E tu?”

      “Tenho pesadelos até hoje.”

      Ed apertava os pulsos de um dos seguranças. “Conheci um tipo que esteve lá nas operações de limpeza depois da área estar segura. Disse que contaram 167 corpos naquela colina, sem incluir os nossos. Ocorreram 21 mortes de inimigos em combates corpo a corpo naquele perímetro.”

      Luke olhou para Ed. “Porque é que me estás a dizer isto?”

      Ed encolheu os ombros. “Estás um pouco enferrujado e não há qualquer problema em admiti-lo. E até podes ser inteligente. E pequeno. Mas também és músculo como eu.”

      Luke desatou a rir às gargalhadas. “Ok. Estou enferrujado. Mas quem é pequeno aqui?” Riu, olhando para o enorme corpo de Ed.

      Ed também riu. Revistou os bolsos do homem no chão e em pouco tempo encontrou o que procurava. Um cartão para a fechadura digital situada na parede ao lado das portas duplas.

      “Entramos?”

      “Primeiro tu,” Disse Ed.

      CAPÍTULO 12

      “Não podem estar aqui!” Gritou o homem. “Fora! Fora da minha casa!”

      Encontravam-se numa sala de estar ampla. No canto mais distante estava um baby grand piano branco e as janelas do chão ao teto proporcionavam uma vista panorâmica excecional. A luz da manhã banhava a sala. Próximo estava um sofá branco com linhas modernas e uma mesinha com cadeirões, agrupados em torno de uma televisão de ecrã plano gigante situada na parede. Na parede oposta estava um quadro de grandes proporções com umas manchas loucas e pingos de cor clara. Luke tinha alguns conhecimentos de arte e pareceu-lhe estar perante um Jackson Pollock.

      “Pois, acabámos de discutir isso mesmo com os tipos à entrada,” Ironizou Luke. “Não podemos estar aqui e no entanto… aqui estamos nós.”

      O homem não era alto. Era compacto e atarracado, e envergava um roupão branco de pelúcia. Segurava nas mãos uma espingarda apontada para eles. Pareceu a Luke uma velha Browning de safari, talvez carregada com cartuchos de uma Winchester .270. Aquela arma abateria um alce a quatrocentos metros de distância.

      Luke dirigiu-se para o lado direito da sala e Ed para a esquerda. O homem oscilou a espingarda para trás e para a frente, sem saber a quem apontar.

      “Ali Nassar?”

      “Quem quer saber?”

      “Chamo-me Luke Stone e este é Ed Newsam. Somos agentes federais.”

      Luke e Ed acercaram-se do homem.

      “Sou

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