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foi até à Ponte da 138th Street para o South Bronx e desapareceu. Neste momento, estamos a tentar localizá-los recorrendo a outros meios. Entrámos em contato com a empresa de camionagem, a Uber, a empresa de pavimentos e o serviço de lavandaria. Devemos ser informados em breve. E tenho oito pessoas no quartel-general a passar a pente fino horas e horas de feeds de vídeo à procura da ambulância.”

      “Ótimo. Mantém-me informado. E as questões bancárias?”

      O rosto de Trudy parecia de pedra. “Devias perguntar isso ao Swann.”

      “Luke?”

      Parou. “Sim.”

      Os olhos de Trudy percorreram toda a sala. “Podemos falar? Em privado?”

*

      “Vais despedir-me porque não infrinjo a lei por ti?”

      “Trudy, não te vou despedir. O que é que te passou pela cabeça?”

      “Foi o que disseste, Luke.”

      Estavam a conversar numa pequena despensa. Havia ali duas secretárias vazias e uma pequena janela. Os tapetes eram novos. As paredes eram brancas e estavam nuas. Uma pequena câmara de vídeo estava montada num dos cantos, junto ao teto.

      Parecia que o compartimento nunca tinha sido usado. O próprio centro de comando só estava em funcionamento há menos de um ano.

      Os enormes olhos de Trudy fixaram-no intensamente.

      Luke suspirou. “Estava a dar-te uma desculpa. Pensava que tinhas percebido isso. Se surgisse algum problema, podias culpar-me a mim. Terias apenas feito o que eu te tinha pedido. Tinhas medo de perder o emprego se não cumprisses as minhas ordens.”

      Trudy aproximou-se dele. No reduzido espaço da despensa, Luke conseguia sentir o odor do seu champô e perfume que usava com frequência. A combinação de odores exercia um estranho efeito nos seus joelhos. Sentiu-os tremer.

      “Nem me podes dar uma ordem direta, Luke. Já não trabalhas na SRT.”

      “Estou de licença.”

      Aproximou-se ainda mais dele. Os olhos estavam centrados nele como dois hipnotizantes lasers. Havia inteligência e calor naqueles olhos.

      “E foste-te embora… porquê? Por minha causa?”

      Ele abanou a cabeça. “Não. Tinha as minhas razões e tu não eras uma delas.”

      “Os irmãos Marshall?”

      Encolheu os ombros. “Quando matas dois homens numa noite, poderá ser altura de fazer uma pausa. Talvez de reavaliar o que andas a fazer.”

      “Estás-me a dizer que nunca sentiste nada por mim?” Insinuou Trudy.

      Ele olhou-a, surpreendido com a pergunta. Sempre tinha tido a sensação de que Trudy o tentava seduzir mas nunca mordeu o isco. Alturas houve em que, bêbado em festas, depois de uma discussão feia com a mulher, tinha estado muito perto de pisar o risco. Mas pensar na mulher e no filho sempre o tinham impedido de fazer qualquer coisa de que mais tarde se arrependeria.

      “Trudy, nós trabalhamos juntos,” Disse com firmeza. “E eu sou casado.”

      Ela aproximou-se ainda mais.

      “Eu não estou à procura de um casamento, Luke,” Afirmou, suavemente, debruçada a escassos centímetros de distância.

      Agora já estava encostada a ele. Luke sentia o calor que emanava dela e aquele incontrolável desejo quando ela estava perto, a excitação, a energia… a luxúria. Trudy pousou as mãos no peito de Luke e mal as palmas lhe tocaram na camisa, ele soube que tinha que agir rapidamente ou ceder completamente.

      Num supremo ato de autodisciplina, Luke recuou e afastou cuidadosamente as mãos de Trudy.

      “Peço desculpa, Trudy,” Declarou com voz rouca. “Gosto de ti. Gosto mesmo. Mas isto não é uma boa ideia.”

      Ela ia censurá-lo mas antes de conseguir dizer o que quer que fosse, um punho vigoroso bateu na porta de madeira.

      “Luke? Estás aí?” Era a voz de Newsam. “Vem cá ver isto. O Swann encontrou uma coisa.”

      Olharam um para o outro. Luke a sentir-se culpado apesar de não ter feito nada. Saiu dali antes de algo mais acontecer mas não conseguiu evitar pensar como é que aquela situação afetaria a sua relação de trabalho.

      Pior que tudo, não podia deixar de admitir que, no fundo, não se queria ir embora daquela despensa.

*

      Swann estava sentado numa mesa enorme com os seus três monitores de vídeo dispostos à sua frente. Swann parecia a Luke, com o seu cabelo escasso e óculos, um físico da NASA no controlo de uma missão. Luke ficou atrás dele com Newsam e Trudy, os três a pairarem sobre os ombros estreitos de Swann.

      “Esta é a conta corrente de Ken Bryant,” Informou Swann, a mover o cursor no ecrã central. Luke assimilou os pormenores: depósitos, levantamentos, saldo total, um espaço temporal que ia de 28 de Abril a 27 de Maio.

      “Esta ligação é segura?” Interrogou Luke. Olhou em redor da sala e para lá da porta. A sala principal do centro de comando ficava ao fundo do corredor.

      “Isto?” Questionou Swann. Encolheu os ombros. “É independente do centro de comando. Estou ligado à nossa própria torre e satélites. Está encriptado pelos nossos. Talvez a CIA ou a NSA pudessem tentar entrar mas porquê? Fazemos todos parte da mesma equipa, certo? Não te preocupes com isso e concentra-te nesta conta bancária. Não reparaste em nada estranho?”

      “O saldo ultrapassa os 24,000 dólares,” Constatou Luke.

      “Pois,” Disse Swann. “Um porteiro com uma conta bancária razoavelmente recheada. Interessante. Agora recuemos um mês. 28 de Março a 27 de Abril. O saldo sobe aos 37,000 dólares. Há aqui transferências de uma conta anónima de 5,000 dólares, depois 4,000, depois, claro, nem vale a pena pensar no que teria que se reportar às finanças… dá-me 20,000 dólares.”

      “Ok,” Disse Luke.

      “Recuemos mais um mês. Final de Fevereiro a final de Março. O saldo inicial é de 1,129 dólares. No fim do mês, já é de 9,000 dólares. Recuando mais um mês, fim de Janeiro a fim de Fevereiro, vemos que o saldo nunca atingiu os 2,000 dólares. A partir dali, se recuarmos três anos, constatamos que o saldo raramente subiu para lá dos 1,500 dólares. Aqui temos um tipo que vivia um mês de cada vez e que, de um momento para o outro, começa a receber em Março chorudas transferências.”

      “De onde vêm?”

      Swann sorriu e levantou um dedo. “Agora a parte mais interessante. Vêm de um pequeno banco offshore especializado em contas bancárias anónimas. Chama-se Royal Heritage Bank e tem sede na Grande Caimão.”

      “Consegues pirateá-los?” Perguntou Luke. Captou o olhar desaprovador de Trudy.

      “Não tenho que o fazer,” Respondeu Swann. “O Royal Heritage é propriedade de um ativo da CIA chamado Grigor Svetlana, um ucraniano que integrou o Exército Vermelho. Teve problemas sérios com os russos há vinte anos atrás depois de armamento soviético ter desaparecido e aparecido mais tarde nos mercados negros da África Ocidental. E não me estou a referir a armas. Estou a falar de misseis antiaéreos, antitanque e misseis de cruzeiro de baixa altitude. Os russos estavam a postos para o eliminar. Sem ninguém para o amparar, virou-se para nós. Tenho um amigo na Langley e as contas do Royal Heritage Bank estão longe de ser anónimas. Na verdade são um livro aberto para as agências de informação americanas. É claro que isto não é algo de que a maioria dos clientes do Royal Heritage tenham conhecimento.”

      “Então quer dizer que sabes de quem é a conta de onde partiram as transferências.”

      “Sei.”

      “Ok, Swann,” Disse Luke. “Compreendo. És muito espero. Agora diz-me onde queres chegar.”

      Swann apontou na direção dos monitores. “A conta era do próprio Bryant. A conta que tenho no meu monitor esquerdo. Como podem ver, neste momento tem 209,000 dólares.

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