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a que tenho no meu monitor direito.”

      Luke olhou para a conta à direita. Tinha mais quarenta e quatro milhões de dólares.

      “Alguém conseguiu uma pechincha ao contratar o Bryant,” disse.

      “Exatamente,” Concordou Swann.

      “Quem?”

      “Este homem.” No monitor surgiu a foto de um cartão de identificação. Um homem de meia-idade com o cabelo negro a começar a embranquecer. “Este é Ali Nassar, cinquenta e sete anos, cidadão iraniano. Nasceu em Teerão numa família influente e rica. Estudou na London School of Economics e depois na Harvard Law School. Regressou a casa e formou-se novamente, desta feita na Universidade de Teerão. Desta forma, está apto para exercer tanto nos Estados Unidos como no Irão. Ao longo de grande parte da carreira esteve envolvido em negociações de comércio internacional. Vive aqui em Nova Iorque e é atualmente um diplomata iraniano nas Nações Unidas. Tem total imunidade diplomática.”

      Luke coçou o queixo e sentiu a barba a começar a crescer. Estava a ficar cansado. “Deixa-me ver se entendi. Nassar presumivelmente pagou a Ken Bryant para aceder ao hospital e obter informações sobre medidas de segurança e como as evitar.”

      “Presumivelmente, sim.”

      “Então, o mais provável é que esteja a liderar uma célula terrorista aqui em Nova Iorque, seja cúmplice no roubo de resíduos perigosos e de pelo menos quatro homicídios, e não pode ser acusado sob a lei americana?”

      “Parece ser esse o caso.”

      “Ok. Já estás na conta, não é? Vamos ver para onde tem enviado dinheiro.”

      “Vai demorar um pouco.”

      “Tudo bem. Entretanto, tenho que fazer um recado.”

      Luke olhou para o rosto duro de Ed Newsam.

      “Ei, Ed? Não queres vir comigo? Talvez valha a pena fazer uma visita ao senhor Ali Nassar.”

      Newsam sorriu.

      “Parece divertido.”

      CAPÍTULO 10

      06:20

      Centro de Wellness do Congresso – Washington, D.C.

      Não era fácil de encontrar.

      Jeremy Spencer estava de pé à frente de um conjunto de portas de aço encerradas numa sub-cave do Rayburn House Office Building. As portas estavam ocultas num dos cantos do parque de estacionamento subterrâneo. Poucas pessoas tinham conhecimento de que este lugar existia. E menos ainda onde ficava. Sentia-se ridículo mas mesmo assim bateu à porta.

      Alguém indicou-lhe que entrasse. Puxou a porta, invadido por aquela velha sensação familiar de incerteza no estômago. Sabia que o Ginásio do Congresso estava fora do alcance de todos, exceto dos membros do Congresso dos Estados Unidos. E contudo, apesar da quebra no protocolo, tinha sido convidado a entrar.

      Hoje era o dia mais importante da sua ainda jovem vida. Estava em Washington há três anos e ia subindo aos poucos.

      Há sete anos, era um saloio proveniente de um parque de autocaravanas de Nova Iorque. Depois, com uma bolsa de estudo, frequentou a State University of New York em Binghamton. Em vez de relaxar e desfrutar da boleia, tornou-se presidente dos Republicanos do campus da universidade e comentador no jornal escolar. Em pouco tempo já escrevia para a Breitbart e para a Drudge. Agora, era jornalista da Newsmax com a responsabilidade de cobrir tudo o que estivesse relacionado com o Capitólio.

      O ginásio não era sofisticado. Havia algumas passadeiras, alguns espelhos e alguns pesos numa prateleira. Um homem já com alguma idade, vestido com umas calças suadas e uma t-shirt, com headphones, caminhava numa passadeira. Jeremy entrou no vestiário silencioso. Dobrou uma esquina e à sua frente encontrou o homem com quem se vinha encontrar.

      O homem era alto, cinquenta e poucos anos, cabelo grisalho. Estava de pé em frente de um cacifo aberto, por isso Jeremy viu-o de perfil. As costas eram direitas e o grande maxilar sobressaía. Usava uma t-shirt e calções, ambos ensopados do treino. Os ombros, braços, peito e pernas eram musculados e bem definidos. Tinha o aspeto de um líder de homens.

      O homem era William Ryan, Representante por nove vezes da Carolina do Norte e Presidente da Câmara dos Representantes. Jeremy sabia tudo a seu respeito. Vinha de uma família com uma fortuna antiga. Tinham sido proprietários de plantações de tabaco desde antes da Revolução. O seu trisavô fora Senador dos Estados Unidos no período da Reconstrução. Tinha sido o melhor da turma na Citadel. Era encantador, delicado e exercia o poder com um sentido de confiança e pertença tão absolutos que poucos dentro do partido consideravam sequer opôr-se a ele.

      “Sr. Presidente?”

      Ryan virou-se, viu Jeremy e sorriu-lhe. Envergava uma t-shirt azul escura com letras vermelhas e brancas que compunham duas palavras: PROUD AMERICAN. Estendeu a mão para cumprimentar Jeremy. “Desculpe,” Disse. “Ainda estou um pouco suado.”

      “Não há problema, Sr. Presidente.”

      “Ok,” Disse Ryan. “Acabemos com os senhores. Em privado pode chamar-me Bill. Se for difícil, trate-me pelo título. Mas quero que saiba uma coisa. Chamei-o e vou dar-lhe um exclusivo. Ao final da tarde, devo dar uma conferência de imprensa com todos os órgãos de comunicação social. Ainda não tenho a certeza. Mas até lá, durante todo o dia, o que eu penso sobre esta crise estará somente ao seu alcance. O que lhe parece?”

      “Parece-me fantástico,” Confessou Jeremy. “É uma honra. Mas porquê eu?”

      Ryan baixou o tom de voz. “É um bom rapaz. Já o acompanho há algum tempo e quero dar-lhe um conselho off the record. A partir de hoje, já não é um cão de ataque. É um jornalista experiente. Quero que publique o que vou dizer palavra por palavra, mas a partir de amanhã quero que seja ligeiramente mais… subtil, digamos. A Newsmax é ótima mas daqui a um ano vou vê-lo no Washington Post. É onde precisamos de si. Mas antes as pessoas têm que acreditar que amadureceu e se transformaste num justo e equilibrado jornalista de primeira linha. Se é verdade ou não, pouco importa. Tudo tem a ver com perceções. Compreende o que lhe estou a dizer?”

      “Penso que sim,” Respondeu Jeremy. O sangue fluía-lhe furiosamente nas veias. Aquelas palavras, ao mesmo tempo que o entusiasmavam, também o assustavam.

      “Todos precisamos de amigos nos lugares certos,” Rematou o Presidente. “Incluindo eu. Agora podemos começar.”

      Jeremy segurou no telefone. “O gravador está ligado… agora. Sr. Presidente, tem conhecimento do roubo de material radioativo que ocorreu de madrugada em Nova Iorque?

      “Sim, tenho conhecimento,” Declarou Ryan. “Como todos os americanos, estou profundamente preocupado. Os meus assessores acordaram-me às quatro da manhã com a notícia. Estamos em contato permanente com as agências de informação e estamos a monitorizar a situação de forma muito próxima. Como sabe, tenho trabalhado no sentido de que seja aprovada no Congresso uma declaração de guerra contra o Irão que o Presidente e o seu partido têm bloqueado constantemente. Estamos perante uma situação de ocupação do Irão a um nosso aliado, a nação soberana do Iraque, e o nosso próprio pessoal tem que passar por postos de controlo iranianos para entrar e sair da embaixada lá. Não me lembro de uma série de acontecimentos tão humilhantes desde a crise dos reféns iraniana em 1979.”

      “Pensa que este roubo foi levado a cabo pelo Irão, Sr. Presidente?”

      “Antes de mais nada, vamos chamar as coisas pelos nomes. Quer uma bomba rebente no metro ou não, estamos a falar de um ataque terrorista em solo americano. Pelo menos dois seguranças foram mortos e a grande cidade de Nova Iorque está em estado de terror. Em segundo lugar, não temos ainda informação suficiente para identificarmos os terroristas. Mas sabemos que certas fraquezas encorajam este tipo de ataques. Temos que mostrar a nossa verdadeira força e temos que nos unir enquanto país, à direita e à esquerda, para nos defendermos. Convido o Presidente a juntar-se a nós.”

      “Como pensa que

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