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da primeira tragada e soltar a fumaça, ela pegou a caixa e a revirou nas mãos.

      Agora ela se lembrava de Curtis. Um menino quieto, ficou com ela por apenas um mês, então sua família mudou. O que se lembrava era que o menino era estranho. Ele se parecia muito com o pai, magro e pálido, e não falava muito. Sentava-se sozinho para almoçar e se encostava na parede de tijolos da escola vendo as outras crianças brincarem no recreio, nunca participando. Ela se sentia mal por ele porque as outras crianças o ignoravam, mas ele não parecia se importar, então o deixava em paz. Descobriu que algumas crianças preferiam ficar sozinhas.

      Mas acabou tendo que repreendê-lo gentilmente. Na sala de aula, ele a observava muito, seguindo cada movimento, mesmo quando deveria estar fazendo uma tarefa. Um dia ela o chamou de lado e perguntou se havia algo errado.

      Ele sorriu – um sorriso assustador – e balançou a cabeça. Ela pediu que ele parasse de olhar fixamente e disse que era considerado rude observar uma pessoa tão atentamente. Ele só disse, “Sim, senhora” e esse foi o fim da conversa. Ele parou de observá-la tanto, e mudou-se logo depois. Ela não tinha mais pensado nele.

      Por que daria um presente para ela? Ela realmente tinha ajudado? Com o quê? Star abriu lentamente a tampa e saltou ao ouvir um trovão. Uma explosão de luz girou ao seu redor, sentiu-se levantada da cadeira e puxada.

      Capítulo Dois

      Star piscou e girou a cabeça, atordoada. O que tinha acontecido? Como ela passou de estar sentada à mesa da cozinha a esparramada no chão no que parecia ser um quintal? Não reconhecia este lugar. Estava cheio de árvores, plantas e flores, mas a folhagem não era familiar. Várias fontes borbulhavam e alguns pássaros piavam – tirando isso, estava silencioso. Enquanto lutava para se levantar, um homem apareceu, andando rapidamente por um caminho pavimentado com pedras.

      – Certamente não foi uma aterrissagem muito elegante. Espero que não esteja danificada. Céus, o que tem sua mão? Você está pegando fogo!

      O estranho a agarrou e puxou para uma fonte próxima, depois enfiou a mão dela na água.

      – Não estou pegando fogo, seu idiota, era um cigarro, e o meu último. Onde merda estou e o que está acontecendo?

      – Não há realmente nenhum motivo para gritar e xingar assim. Não é muito elegante. Se você vier comigo, eu explico.

      Star observou o homem de perto. Havia algo errado. Ele era alto e esguio, tinha olhos amendoados e cabelos que tocavam seus ombros. Suas pernas e braços pareciam um pouco mais longos do que deveriam. As orelhas dele! Era isso que estava realmente errado. Elas eram pontudas. Quando olhou mais de perto, percebeu que a cor da pele dele era estranha. Tinha um bronzeado ruim ou era roxo. Star cruzou os braços e ergueu o queixo.

      – Não vou a lugar nenhum com você até que me diga quem é e o que está acontecendo. – Embora tivesse tentado parecer corajosa, seu coração batia forte e suas palmas estavam suando

      – Devo insistir que venha comigo agora. Oh, onde está Vesta? Ela é que deveria cuidar das mulheres.

      – Estou indo, estou indo – gritou uma voz, e uma mulher veio correndo por outro caminho. – Sinto muito, Roven, fiquei presa.

      A mulher se parecia muito com o homem, orelhas pontudas e tudo. A pele deles não era realmente roxa, mas de uma cor de malva muito clara, realçando o verde de seus olhos. Ambos usavam calças e camisas largas, mas a mulher tinha cabelo curto e rosa. Star piscou e balançou a cabeça. Algo devia estar errado com seus olhos, ela decidiu. Essas pessoas pareciam ser duendes roxos!

      De repente, um trovão encheu o ar e um homem apareceu no mesmo local onde Star acabara de chegar. Ele também caiu de quatro.

      – O que é isso? Não deveríamos receber duas entregas ao mesmo tempo. E por que o pouso desses humanos está sendo tão difícil? Eles vão ficar danificados. Que os céus e a deusa nos protejam – exclamou Roven.

      O recém-chegado levantou-se de um salto e se virou para ela.

      – O que está acontecendo? – Parecia estar como Star imaginava que ela mesma estava, chocado, confuso e com raiva. Ele também, no entanto, parecia inteiramente humano e bastante atraente, o que deu a Star um pouco de conforto.

      O duende foi até ele e agarrou seu braço.

      – Se vier comigo…

      – Não vou a lugar nenhum com você, e tire suas mãos de mim antes que dê um soco em você.

      – Guardas! – Roven gritou.

      Vesta segurou o braço de Star, mas ela afastou a mão da mulher.

      – Senhora, talvez eu dê um soco em você também. Me deixe em paz.

      Vários duendes apareceram carregando lanças. Cercaram o homem e puxaram seus braços para trás, em seguida, o levaram embora.

      – Por favor, não me faça chamar mais soldados. Estamos com poucos e Sua Majestade ficará muito chateada se pegarmos os guardas do palácio. Venha tranquila comigo – a duende implorou.

      Star avaliou rapidamente a situação e decidiu que a resistência não era a melhor escolha. Eles tinham armas, ela não.

      – Aonde está me levando? Pode me dizer o que está acontecendo?

      – Mais tarde. Preciso levá-la ao seu quarto e prepará-la para o banquete desta noite. Sua Majestade insiste que todos os recém-chegados sejam pontuais e estejam devidamente vestidos.

      A duende conduziu Star por outro caminho de pedra, passando por um enorme arco e entraram em uma enorme sala aberta. Star olhou ao redor maravilhada, sentindo que estavam no meio de um programa do Discovery Channel passeando por um antigo palácio. Móveis grandes e ornamentados enchiam o espaço e as paredes de pedra eram decoradas com quadros brilhantes. A mulher caminhava rápido demais para Star ter a chance de ver as obras de arte de perto, mas não reconheceu nenhum dos quadros.

      Elas subiram uma escada em caracol e chegaram a um quarto que continha uma cama, uma penteadeira, um sofá e algumas outras peças de mobília que não combinavam. Não havia janelas, Star notou, para seu desânimo. Ela sentiu a claustrofobia se aproximando.

      – Aqui está um vestido para você usar. Há uma jarra em sua mesa de cabeceira com água que é segura de beber. Há uma banheira ali – a água ainda deve estar quente. Vou ajudá-la a se despir e a se banhar.

      – Não preciso de ajuda para me despir e certamente não preciso de ajuda para tomar banho – Star disse a ela, cruzando os braços ao redor de seu corpo. Ela golpearia esta mulher se tentasse tirar sua roupa. Star não ficava nua na frente de qualquer pessoa.

      – Precisamos nos apressar... Sua Majestade ficará brava se chegarmos atrasadas.

      – Sim, eu entendi, ele não gosta de atrasos. Se não quer me dizer onde estou, pelo menos me fale sobre este banquete, por que tenho que tomar banho e quem é esta Majestade. Você me arranca de minha casa e espera que eu siga suas ordens sem me dar qualquer informação. O que acontecerá se não obedecer? Vai me machucar?

      – Por favor, apenas faça o que estou pedindo. Teremos uma refeição adorável e depois poderemos conversar, eu prometo. Não queremos machucá-la. Agora, deixe-me ajudá-la.

      – Acho que consigo tomar banho e me vestir sozinha. De verdade.

      – Certo, vou deixá-la sozinha. Não tente ir embora, haverá um guarda do lado de fora da sua porta.

      – E para onde merda eu iria?

      A mulher estremeceu.

      – Vocês, humanos, falam muitos palavrões. Não é muito elegante. Voltarei para buscá-la logo. Esteja pronta.

      Elegante o cacete. Espere até eu ficar bem brava, vou mostrar a vocês o que é elegância. Star sabia que sua linguagem tendia a ficar pesada quando estava com medo e com raiva, e agora ela sentia as duas coisas.

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