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      – Não te interessam os compromissos – prosseguiu ela. – És um monógamo compulsivo…

      – Quê?

      – Que andas com uma mulher atrás de outra. As tuas ex-namoradas falam bem de ti e isso diz-me que és boa pessoa, ainda que não sejas capaz de manter uma relação.

      – Desculpa? – Sean não saía do seu assombro.

      – A tua relação mais longa foi na universidade e durou nove meses, mas não consegui descobrir o que se passou…

      E não o faria, pensou ele, que já tinha tido mais do que suficiente. Bonita ou não, estava a começar a exasperá-lo.

      – Bom, acabou-se – disse-lhe. – Conseguirei o lote e fá-lo-ei à minha maneira. Não estou interessado nos teus enredos, de modo que tenta com outro, bonita.

      – Espera aí… – Melinda olhava-o com uns olhões azuis e Sean vacilou. – Sei que tudo isto soa muito esquisito e desculpa se te ofendi.

      – Não me ofendeste – assegurou ele. – Mas não estou interessado.

      Melinda sentiu uma onda de pânico. Tinha metido a pata na poça, mas não podia arriscar a que Sean King a recusasse.

      – Deixa que comece de novo, por favor.

      Sean olhou-a, receoso, mas não se levantou da cadeira e isso pareceu-lhe um bom sinal. Mas por onde começar? Desde que soube da visita de Sean King tinha andado a planear emboscá-lo, daí que tivesse pesquisado a sua vida. Mas não tinha pensado como ia explicar tudo aquilo sem parecer uma demente.

      – Bom, deixa-me começar outra vez – Melinda respirou profundamente. – A questão é que quando me case terei acesso a uma verba com a qual poderei viver toda a vida. Adoro o meu avô, mas ele é um homem muito antiquado que acha que as mulheres têm de se casar e ter filhos. Não para de me procurar marido e pensei que se pudesse escolher eu…

      – Muito bem, isso eu entendo – interrompeu Sean. – Mas porquê eu?

      – Porque isto nos beneficiaria aos dois – respondeu ela. – Tu consegues o lote e eu consigo a verba.

      Ele fez uma careta, nada convencido.

      – Poderia pagar pelo teu tempo – sugeriu Melinda.

      – Não penso aceitar que me pagues para me casar contigo – replicou Sean, indignado. – Não preciso do teu dinheiro.

      Essa reação disse-lhe que tinha escolhido bem. Milhares de homens teriam aceitado tal proposta, mas o seu fideicomisso, por importante que fosse para ela, certamente não era mais que uns trocos para Sean King. E ao sentir-se ofendido com a proposta deixava claro que era um homem com personalidade.

      – Muito bem. Mas o teu primo e tu querem construir um hotel em Tesouro, não querem?

      – Sim.

      – E para isso, precisam de um terreno.

      – Claro.

      – E para conseguir o lote precisam de mim. Sei que não acreditas, mas deverias – disse Melinda ao ver que não parecia convencido. – Combinaste com o meu avô de manhã, não foi?

      – Vejo que sabes tudo.

      – Por que não jantamos juntos esta noite? Talvez assim te possa convencer.

      Sean esboçou um meio sorriso que a fez engolir em seco. Era um homem muito bonito que transpirava encanto e…

      E aquilo poderia ser perigoso, pensou com os seus botões.

      – Jantar, eh? – repetiu ele, deixando a cerveja sobre a mesa. – Muito bem, eu nunca recuso a oportunidade de jantar com uma mulher bonita. Mas advirto-to: não estou interessado em casar.

      – Eu sei. Por isso é que és perfeito.

      Sean abanou a cabeça, rindo.

      – Ainda não percebi se estás louca ou não.

      – Não, não estou louca. Simplesmente, sou decidida.

      – Bonita e decidida – murmurou ele. – Uma combinação perigosa.

      – Há um restaurante muito bom na ilha: Diego’s. Vemo-nos lá às oito.

      – Às oito no Diego’s – recordou-lhe ele, levantando-se.

      Melinda observou-o enquanto se afastava. Era alto e fibroso e movia-se com a graça dos homens seguros de si mesmos. Na realidade, Sean King era mais do que tinha imaginado.

      Só esperava que não fosse mais do que ela pudesse lidar.

      – Que sabes da Melinda Stanford, Lucas? – Sean estava no cais, a contemplar os barcos de pesca dirigindo-se ao porto, com o smartphone colado à orelha.

      – É a neta do Walter – respondeu o meio-irmão.

      – Sim, isso já eu sei.

      – E o que mais te interessa dela?

      – Conheceste-a na ilha?

      – Só a vi durante um instante – respondeu Lucas. – A minha estadia foi muito breve.

      – Pois – assentiu Sean, pensativo.

      – Temos problemas? O famoso encanto de Sean King não está a funcionar?

      – Nem sonhes. Disse-te que conseguiria o lote e fá-lo-ei.

      – Então boa sorte com o velho. Acho que está imunizado contra o encanto pessoal.

      – Isso é o que vamos ver – disse Sean.

      Capítulo Dois

      – Um lugar muito romântico para tratar de um assunto de negócios – comentou Sean enquanto se sentava diante dela.

      Melinda fez um esforço para sorrir, ainda que não lhe apetecesse. Aquilo era demasiado importante e não devia cometer um único erro. Tinha de convencer Sean King para que se casasse com ela…

      – Não era minha intenção procurar um lugar romântico, só queria que estivéssemos sossegados.

      – Pois conseguiste ambas as coisas – disse Sean.

      O empregado foi nesse momento tomar nota do pedido e os dois olharam para a ementa antes de pedirem o jantar. Sean pediu-lhe um copo de vinho e apoiou os braços na mesa, à espera. A sua expressão permanecia inescrutável e Melinda não sabia se era bom ou mau sinal. Mas só havia uma forma de descobrir.

      – Sinto muito ter-te soltado aquilo de repente.

      Sean encolheu os ombros.

      – Não acho que haja uma boa forma de propor casamento a um estranho.

      – Sei que tudo isto te deve parecer muito estranho, mas deves entender que o meu avô é muito protetor comigo porque sou a única neta.

      – Tanto que tenta casar-te à força toda?

      Melinda ergueu-se na cadeira. Ela podia queixar-se tudo o que quisesse do avô, mas não deixaria que ninguém, especialmente alguém que não o conhecia, se metesse com ele.

      – Só me tenta proteger, à sua maneira.

      – E se tu fosses uma tímida donzela da Idade Média, entenderia – replicou Sean.

      Aquilo não tinha começado bem, mas Melinda decidiu ignorar os comentários. Não entendia e era lógico.

      – Os meus pais morreram num acidente de avião quando eu tinha cinco anos e o meu avô ocupou-se de mim desde então.

      – Ai, lamento, não sabia.

      Sean franziu a testa enquanto tomava o copo de vinho que o empregado acabava de deixar sobre a mesa, mas Melinda

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