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Com frequência – assentiu o homem. – Mas à maioria das pessoas só importa o topázio, não como se formou.

      – A pedra é bonita, mas o rendilhado deste anel é espantoso – disse Sean, pegando num de ouro com um trabalho tão intrincado que quase parecia de renda.

      – Ah, sim, é de uma artista local. Faz uns trabalhos espantosos que se vendem muito bem.

      – E entendo porquê – murmurou Sean, olhando o anel de perto. Era pequeno, mas os dedos de Melinda era longos e finos. Certamente ficar-lhe-ia bem e se não, podia sempre levá-lo à ourivesaria para que lho arranjassem. – Levo este.

      – Acho que vai gostar.

      – Espero que sim.

      – Vou dar-lhe um polimento final antes de o meter na caixa – James estava a sorrir, talvez pela alegria de fazer uma venda.

      – Ótimo – Sean tirou um cartão de crédito do bolso. – Ainda que deva dizer que me surpreende o preço.

      – Parece-lhe caro?

      – Não, ao contrário. Acho que poderia pedir mais por um desenho como esse.

      O ourives encolheu os ombros.

      – Nesta ilha há um limite de clientes, de modo que não podemos exceder-nos com os preços.

      – Que lhe pareceria que viessem mais turistas?

      – Sei que pensam construir um hotel, se é isso que quer saber – o homem sorriu. – Em breve verá que nesta ilha é impossível guardar um segredo.

      – E o que lhe parece?

      – Sou cautamente otimista a esse respeito. Sempre me pareceu bem que o Walter não deixasse atracar os grandes cruzeiros. Não gostaria que isto se enchesse de turistas, mas um resort de luxo é diferente.

      – Sim, claro, menos incómodos e um impacto menor no meio ambiente da ilha.

      – Será uma mudança – disse James, limpando a joia com um pano antes de metê-la numa caixinha de veludo – mas nem todas as mudanças são más. E espero que a Melinda goste do anel.

      – Obrigado – Sean guardou a caixa no bolso. – Imagino que nos veremos por aqui – despediu-se.

      – Naturalmente. Irei ao casamento.

      – Juntamente com o resto dos vizinhos, calculo.

      – Naturalmente.

      Sean saiu da ourivesaria com um sorriso nos lábios. Tesouro era uma ilha tão pequena que certamente todos os vizinhos se viam como parentes.

      Nada a ver com Sunset Beach. Sempre tinha gostado do ruído e do movimento da Califórnia, ou ao menos sentia-se à vontade lá, mas nem sequer conhecia os seus vizinhos. Os seus irmãos eram os seus melhores amigos e as mulheres com as quais andava iam e vinham sem que se lembrasse delas.

      Uma vez tinha querido algo mais; o tipo de elo com outro ser humano que a maioria da gente procurava, mas tinha aprendido a lição e após o fiasco do seu casamento tinha-se isolado, usando o talento e o encanto para manter outras emoções mais profundas controladas.

      Mas estava a ponto de casar-se.

      O anel que levava no bolso pesava como se fosse uma âncora e, no entanto, não podia deixar de pensar em Melinda, como se o rosto da futura esposa estivesse gravado no seu cérebro. Recordava os seus olhos, o seu sorriso, a sua determinação…

      Se havia alguém que um King pudesse admirar, especialmente ele, era uma pessoa decidida, mas isso não significava que os seguintes dois meses fossem ser fáceis. Desejava-a e ser casado com ela mas não poder tocá-la ia ser uma tortura.

      Sean respirou profundamente, dizendo a si mesmo que o superaria. Os King superavam tudo.

      Volvidos dois meses seria um homem livre de novo e Melinda Stanford, por mais bela, inteligente e sensual que fosse, não seria mais do que uma vaga lembrança.

      Capítulo Cinco

      Os convidados aplaudiram, mas o brilho de gozo nos olhos do seu marido fizera com que Melinda mal se apercebesse do aplauso.

      Com o braço direito à volta da sua cintura, Sean apertou-a contra o tronco até que conseguiu sentir os batimentos do seu coração.

      Ouvia-se uma canção antiga de Ella Fitzgerald e a sua voz formosa e sensual fez com que os olhos de Melinda se enchessem de lágrimas. Mal conseguia acreditar no que tinha feito. Era casada.

      – As noivas não choram – disse-lhe Sean ao ouvido.

      – Eu sei… – ela piscou os olhos para conter as lágrimas. – Mas é que…

      – É estranho? – sugeriu ele, dando uma volta na pista de dança.

      – Sim, muito.

      Pelo canto do olho via as pessoas, mas não eram mais do que uma mancha. A única coisa que podia ver com clareza era Sean.

      – O teu avô parece contente.

      Ela virou a cabeça para olhar para Walter, que os observava com um sorriso nos lábios.

      – Sim, é verdade? – Melinda sentiu uma pontada de culpabilidade. Tinha-o feito feliz a mentir e imaginou o seu rosto dali a dois meses, quando lhe dissesse que se ia divorciar…

      – Lamentas? – perguntou-lhe Sean.

      Ela esteve a ponto de mentir, mas para quê?

      – Um pouco. E tu?

      – Um pouco também – assentiu ele, apertando a sua cintura. E Melinda já não só sentia os batimentos do seu coração, mas a inegável e dura evidência do seu desejo. – No meu caso, é um pouco mais pessoal.

      «Nada de sexo».

      A sua resposta àquele desejo foi um formigueiro entre as pernas, mas se ele tinha notado a sua reação não o demonstrou e continuou a dançar como se não se passasse nada.

      Melinda lembrou-se da breve cerimónia no pátio do hotel Stanford. Tinha percorrido o corredor, decorado com flores, pelo braço do seu avô e os seus olhos tinham-se encontrado com os de Sean, que vestia um fato cinzento, uma camisa branca e uma gravata cor de vinho. Tinha sentido um arrepio de prazer ao ver um brilho de admiração nos seus olhos…

      Que mulher não o teria sentido? Sean King era um homem tão atraente que começava a perguntar-se se a condição de não haver sexo era uma boa ideia.

      Mas era absurdo, pensou, substituindo a imagem de Sean pela de Steven, o homem que deveria ter sido o seu marido. O homem que tinha amado até ao dia em que morreu num trágico acidente de carro. Deveria ter-se casado por amor, não por causa de um acordo económico.

      – Estás a franzir a testa – disse Sean. – E os convidados perguntar-se-ão se disse algo que te magoou.

      – O quê? – Melinda olhou para os seus olhos azuis, tentando conter os batimentos do seu coração.

      A canção era interminável… ou talvez mal tivessem passado uns segundos, não estava certa.

      – Sorri. Ganhaste, já tens tudo o que querias.

      – Nem tudo – disse ela.

      – O que te falta?

      As mãos masculinas nas suas costas e o calor do seu corpo pareciam aumentar a chama dentro dela. A chama de um fogo que não tinha esperado ou desejado.

      – Nada – respondeu. Não queria falar de Steven ao homem com quem se acabava de casar. – Não é nada.

      – Muito bem, então sorri um pouco ou as pessoas começarão a perguntar-se por que motivo te casaste comigo.

      Melinda sorriu, olhando para

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