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sua mão depois de fazer um acordo com o seu pai pelo que obteria um cargo melhor na empresa se se casasse com ela. Quando o descobriu, Emma desfez o compromisso e decidiu não voltar a repetir o mesmo erro.

      – Deve ser um acordo muito interessante para ti – disse-lhe, estendendo uma mão para acender as luzes.

      – O mais importante da minha vida – respondeu Nathan.

      – Então, imagino que casar-te comigo é um preço que estás disposto a pagar.

      – O que se passa, Emma?

      – Não quero casar-me contigo assim.

      – Assim? – repetiu ele. – Gostarias de casar-te comigo de alguma outra maneira?

      Ela afastou o olhar.

      – Não quero casar-me com ninguém – respondeu. Não queria casar-se com nenhum homem que o seu pai pudesse manipular porque não o respeitaria e jamais confiaria nele. – Não gosto de ser utilizada como ferramenta para negociar.

      – E eu não gosto de ser um peão que o teu pai utiliza para manipular-te – disse Nathan, falando como se tudo aquilo lhe parecesse razoável. – Mas talvez devêssemos aproveitar a situação.

      Brilhavam-lhe os olhos enquanto localizava o fecho do vestido e o abria.

      – Permite que te lembre como nos entendemos – murmurou, beijando os seus ombros.

      – Não necessito que mo recordes, Nathan – disse ela, tentando dissimular que a ansiedade era como um exército de borboletas no seu estômago. Apesar de a razão para se casar com ele ser completamente absurda, a recordação do seu corpo era um poderoso afrodisíaco. Casar-se com Nathan seria como montar um cavalo selvagem; perigoso, emocionante, incerto. Nathan dar-lhe-ia um coice no coração sem se aperceber de como isso magoava e em seguida partiria para o seu próximo objetivo. – Mas o sexo não é suficiente para começar um matrimónio.

      Nathan levantou o queixo com um dedo para olhá-la nos olhos.

      – Se tiveres expetativas pouco realistas, não.

      Emma quase desatou a rir.

      Nos momentos mais escuros, quando contemplava o que seria a sua vida se acedesse aos planos do seu pai, imaginava-se a si mesma a viver como o tinha feito a sua mãe, casada com um empresário que trabalhava sem descanso. Imaginava-se a passar as manhãs às compras e depois a almoçar no clube com as amigas. E algum dia, por fim, teria uma tórrida aventura com o seu treinador de ténis ou com o tutor da filha. O marido e ela viveriam vidas separadas, mas iriam juntos a jantares e eventos sociais. O sexo seria escasso e aconteceria apenas se um dos dois tivesse bebido demasiado.

      Claro que essa não seria a vida que teria com Nathan Case, um homem que podia fazer com que os seus joelhos tremessem apenas com um olhar. Por ele, compraria roupa interior sexy e iria ao ginásio para ter uma figura perfeita. Via-se a si mesma a organizar jantares para dois e férias em lugares exóticos. Tornar-se-ia na sua vida, na sua obsessão.

      Emma sentiu um arrepio.

      E o que conseguiria em troca? Seria Nathan um marido fiel ou as suas aventuras extra conjugais fariam com que acabasse por ser como a sua mãe, ciumenta e possessiva até ao ponto de afastá-lo da sua vida? Tinha-a visto sofrer até ao primeiro ano da secundária, quando pediu o divórcio e se mudou para Los Angeles. Nunca tinha voltado a casar-se, apesar de Emma não saber se era por medo a perder a pensão que lhe dava o seu pai ou por medo a arriscar o seu coração outra vez.

      Recordando os jogos de Nathan com a loura na biblioteca, Emma tinha as suas dúvidas.

      – Expetativas pouco realistas? – repetiu. – Como a fidelidade, por exemplo?

      – Quero que o nosso seja um casamento a sério – replicou ele. – Serás a única mulher na minha cama.

      Mas e no seu coração? Como podia ser real um casamento sem amor?

      Emma imaginou o turbilhão emocional que a esperaria como esposa de Nathan. Quando o seu pai lhe impediu o acesso ao seu fideicomisso dez meses antes, dizendo que o dinheiro que gastava em roupa demonstrava que era uma irresponsável, Emma pensou que estava a tentar dar-lhe uma lição, mas jamais pensou que a forçaria a casar-se com alguém.

      Nervosa, levantou uma mão para brincar com o seu brinco, mas em seguida se lembrou que Nathan os tinha guardado no bolso. Eram um dos seus primeiros desenhos, de safiras e diamantes. Desenhava joias desde que terminou a licenciatura, mas dois anos a trabalhar como ajudante de um joalheiro tinham anulado o seu entusiasmo por executar os desenhos de outros.

      Quando o seu pai começou a pôr-lhe entraves com o dinheiro, tinha decidido viver do que ganhasse a fazer a sua própria linha de joias, mas seis meses depois apercebeu-se de que mesmo vivendo sem luxos como a roupa de design ou as visitas ao spa, teria de trabalhar muito mais do que tinha feito até então para pagar o empréstimo, pôr gasolina no carro e ter comida no frigorífico. E não apenas durante um ano, mas durante o resto da sua vida.

      Ou poderia recuperar o seu fideicomisso. Se fizesse o que o seu pai queria e casasse. Nesse mesmo ano. Essa era a condição que tinha imposto.

      Estava cansada de lutar contra os desejos do pai, contra a tentação de gastar dinheiro, farta de não poder pagar as faturas. Aquele ano tinha sido um inferno. Seria tão fácil render-se, fazer o que o seu pai queria e casar-se com Nathan. Então não teria que estar doze horas sentada em frente à secretária, não teria de poupar cada cêntimo para conseguir ir às aulas de ioga.

      Emma encolheu os ombros.

      – Devolves-me os meus brincos?

      – Não, acho que os guardarei durante mais um tempo.

      – Porquê?

      – Desapareceste da minha vida há três semanas e não quero que isso volte a acontecer.

      – Não desapareci – disse ela. Mas sim, tinha desaparecido. O desejo que sentia por ele tinha-a feito fugir espavorida qual coelho assustado. – Por favor, Nathan, não podemos falar amanhã? Estou cansada e necessito tempo para pensar. Podemos tomar o pequeno-almoço juntos amanhã.

      O seu tom cansado devia tê-lo afetado porque afastou as mãos da porta e manteve-se em silêncio enquanto ela subia o fecho do vestido.

      – Venho buscar-te às dez – disse Nathan, poderoso e seguro de si mesmo, perigoso e sexy: tudo isso sabotando a sua resolução de se afastar sem olhar para trás.

      – Sim, claro.

      Emma saiu do estúdio antes de poder detê-la. Não tinha forças suficientes para resistir nem mais um minuto. Tinha de sair dali, nessa mesma noite.

      Correndo pelas escadas acima, com o coração a bater a toda a velocidade por medo a que Nathan a seguisse, deteve-se no segundo andar para respirar.

      O patamar do segundo andar rodeava o salão de quatro andares terminando numa cúpula pintada com nuvens. O seu pai tinha gasto cinquenta milhões de dólares para recrear uma mansão de estilo francês numa quinta de noventa hectares ao norte de Dallas. A mansão, de oito mil metros quadrados, estava inspirada em Versalhes em estilo e grandiosidade e mobilada com antiguidades francesas. Tinham demorado quase três anos em construí-la, graças à obsessão do seu pai por comprovar pessoalmente cada detalhe, mas assim pelo menos tinha-se esquecido do divórcio da sua quarta mulher e, durante um tempo, tinha deixado de meter-se na vida de Emma.

      Infelizmente, nada durava para sempre. E quando chegou o último móvel a finais de fevereiro, Silas tinha voltado a intrometer-se na sua vida.

      – E queixa-se de que eu gasto muito dinheiro – murmurou, irónica.

      A festa continuava em todo o seu apogeu no andar de baixo, como um mosaico de elegantes vestidos e joias que a deixavam tonta.

      – Ah, estás aqui.

      Emma voltou a ouvir a voz do seu pai, que se dirigia a ela pelo corredor. Aos sessenta e três anos, tinha o aspeto atlético

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