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Os meus três amores - Tal como sou. Rebecca Winters
Читать онлайн.Название Os meus três amores - Tal como sou
Год выпуска 0
isbn 9788413752686
Автор произведения Rebecca Winters
Жанр Языкознание
Серия Omnibus Bianca
Издательство Bookwire
– Tenho de admitir que tinha algumas ideias falsas. Não esperava a tua valentia, paciência e dedicação. No meu trabalho, pomos as emoções de lado para cumprir com o trabalho.
Naquele momento, fora ele quem falara demasiado. Os olhos inteligentes de Rachel faziam-no falar com facilidade. Algo perigoso. Para evitar o seu olhar curioso, Ford levantou-se e levou os pratos para o lava-loiça.
Ela parecia querer continuar a falar do assunto, mas, felizmente, a sua renitência habitual apareceu.
– Estou muito cansado – declarou Ford, pensando que acabara de evitar uma bala. – O que te parece se lavarmos a loiça e formos para a cama?
Capítulo 4
Para a cama. Para a cama. Para a cama. As palavras ecoavam na divisão, trazendo imagens de pele nua, pernas entrelaçadas e bocas unidas.
Eram palavras, no mínimo, perturbadoras. Sobretudo porque Rachel não se sentia incomodada por o imaginar nu.
Envergonhada pela sua reacção, porque era evidente que ele não quisera dizer que iam para a cama juntos, Rachel evitou o seu olhar enquanto arrumava a mesa. No entanto, sentiu como corava. A sua raiva também aumentou, porque não estava a corar apenas devido à vergonha.
Também corava de desejo, puro e simples.
O facto de preferir estar sozinha habitualmente não queria dizer que não soubesse o que fazer com um homem.
Ao aproximar-se da bancada, viu o relógio do forno: sete horas e três minutos.
– Só são sete horas – comentou. Tinham acontecido tantas coisas nas últimas horas que parecia muito mais tarde. – É um pouco cedo para ir para a cama.
Ele olhou para o relógio e sorriu ironicamente.
– Só sete? Devo estar a sentir os efeitos da noite de ontem. Não te disse que quase não dormiram?
– Sim – Rachel abriu a torneira do lava-loiça. Ela dormira bem na noite anterior graças a ele. – Porque não…? Oh…
Deu um salto ao virar-se e encontrar-se com ele. Recuou instintivamente, mas escorregou na água que havia no chão e quase caiu.
– Cuidado! – avisou Sullivan, agarrando-a mesmo a tempo. – Já te agarrei.
Surpreendida ao voltar a encontrar-se nos seus braços, Rachel levantou o olhar e percebeu que estava a poucos centímetros de uns olhos azuis que olhavam para ela com desejo.
Pestanejou e voltou a olhar para ele nos olhos, que olhavam para ela de modo inexpressivo.
O olhar de Sullivan mudara tão depressa que Rachel se perguntou se realmente sentira alguma coisa ou se fora ela quem projectara o seu desejo sobre ele.
– Lamento – desculpou-se, afastando-se.
Ele deixou-a ir-se embora com demasiada facilidade. Repreendendo-se em silêncio, Rachel arregaçou as mangas da camisola e pôs as mãos na água.
– Vieste até aqui de carro ou de avião? – perguntou, decidida a manter uma conversa para evitar uma situação violenta.
– De carro – Sullivan começou a limpar os pratos.
Ela olhou para ele pelo canto do olho. Segundo a sua experiência, os homens evitavam as tarefas do lar. Provavelmente, teria de agradecer à avó de Sullivan pela sua amabilidade.
Rachel apreciou a sua ajuda, mas não a sua proximidade.
– Assim seria mais fácil pôr as duas crianças no carro e levá-las para casa.
Ele encolheu os ombros.
– Esse é o plano.
Respondera no presente, portanto não mudara de ideias a respeito dos gémeos apesar de pensar melhor dela. Desanimada, Rachel ficou em silêncio.
Um gemido proveniente da sala interrompeu aquele momento. Os bebés estavam a acordar.
– Eu vou.
Sullivan passou ao seu lado para se dirigir para a sala e foi directo ao parque.
– Eh, Cody! – exclamou, levantando o menino. – Como estás? Tens fome? É hora de jantar.
Cody parou de chorar e apoiou a cabeça no seu ombro.
Jolie levantou os braços para que Rachel pegasse nela ao colo. Ela deu um abraço à menina e descobriu que precisava urgentemente de mudar a fralda.
Passaram a hora seguinte a resolver esse problema, a dar de jantar às crianças e a prepará-las para irem para a cama.
– Só há um quarto. Que é onde está o berço – explicou Rachel. Depois, apontou para o sofá azul. – Tu podes dormir no sofá. Vou buscar alguns lençóis.
– Está bem – concordou ele, olhando para as almofadas, hesitante. E com razão, ele era muito maior do que o sofá.
Rachel deixou-o a tratar da logística e foi buscar a roupa de cama.
Quando voltou para a sala, as crianças estavam a brincar no parque e Sullivan abrira o depósito de lenha e estava a encher a cesta que havia ao lado da lareira, na qual ardia um bom fogo.
As luzes da cozinha estavam apagadas e ele acendera velas que faziam com que o ambiente da sala fosse acolhedor.
A cena cheirava a tranquilidade doméstica. Demasiado caseira para Rachel, que não gostou do ambiente. Porque, no fundo, gostava demasiado daquilo. Sullivan era um estranho, um intruso. Não deviam sentir-se bem juntos.
Era a hora de uma retirada estratégica.
– Aqui tens – ofereceu Rachel, deixando a roupa de cama ao lado do sofá. Já era um rapaz grande, podia fazer a cama sozinho. – Estou cansada e é hora de as crianças irem para a cama. Vamos dormir.
Ele fechou a porta do depósito de lenha e limpou o pó das mãos.
– Obrigado. Achas que a tempestade durará muito tempo?
– É difícil de saber – será que aquela pergunta significava que ele se sentia tão incomodado como ela? – Supostamente, não ia nevar. Pensava que só ia chover durante os próximos dias.
– Quanto tempo demoram a limpar as estradas depois de uma tempestade como esta?
– Porquê? De repente, tens de ir a algum lado?
– Para além de ir para casa com os gémeos? Não – passou uma mão pelo cabelo. – Estava a pensar no combustível que temos.
– Está bem. Terei de desligar o gerador. O aquecimento é a gás propano, não teremos problema com isso.
– E também há muita madeira.
Divertida, Rachel levou as mãos às ancas.
– Ninguém diria que és o Senhor Califórnia.
Ele dirigiu-se para o sofá e começou a fazer a cama.
– Na Califórnia também neva, no caso de não saberes – declarou ele, afastando as almofadas com os seus braços poderosos.
Mantendo a distância porque se sentia tentada a testar a dureza daqueles músculos, Rachel demorou um segundo a processar o que Sullivan acabara de dizer.
Distraíra-a. Não costumava ter estranhos em casa, muito menos homens altos e musculados que a faziam baixar a guarda.
– E quanto tempo dura? Um dia e meio? – ela riu-se finalmente. – Por favor. O frigorífico desligar-se-á com o gerador, vou pôr um pouco de neve em sacos para manter as coisas frias.
– Está bem. Vai buscar a neve. Eu trato do gerador.
Surpreendida e contente