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sem entender e Louise apressou-se a explicar.

      – A Nadya Serensky, a supermodelo. São um casal há muito tempo.

      Essa era uma boa notícia, pensou Diana. Talvez só tivesse imaginado que Nikos Tramontes olhava para ela com desejo.

      «Talvez esteja a exagerar.»

      A exagerar porque era estranho que um homem a afetasse tão profundamente. Sim, devia ser isso. Enquanto bebia um gole de champanhe, tentou recordar se alguma vez na sua vida reagira assim com outro homem e não conseguia pensar em nenhum. Porque ela não se deixava afetar pelos homens. Treinara-se durante toda a sua vida para não o fazer.

      Os poucos homens com quem saíra sempre a tinham deixado fria e só permitira algum beijo tímido de boas-noites. Só com um, na universidade, é que decidira experimentar se era possível ter uma relação sem paixão excessiva.

      Descobrira que era assim, mas só para ela. A sua falta de entusiasmo fora desalentadora para o namorado, empurrando-o para os braços de outra mulher. Embora não a tivesse magoado, só confirmara que fazia bem em proteger o coração. Perdê-lo era muito perigoso. O celibato era muito mais sensato e seguro.

      Claro que, sendo celibatária, não encontraria um marido suficientemente rico para salvar Greymont. Se realmente estivesse a pensar numa solução tão drástica.

      Tentou afastar esses pensamentos. No dia seguinte, iria a Greymont para examinar novamente as suas finanças e receber os últimos orçamentos para os trabalhos mais essenciais. Mas, por enquanto, desfrutaria de uma noite sem preocupações em Covent Garden.

      E também não se preocuparia com a presença perturbadora de Nikos Tramontes. Se tinha uma namorada supermodelo, não estaria interessado noutras mulheres, incluindo ela.

      Dirigiram-se para o camarote enquanto a orquestra afinava os seus instrumentos. Os espetadores mais elegantes sentaram-se nos camarotes e os menos elegantes estavam apinhados como sardinhas na plateia.

      Diana levantou o olhar com uma certa tristeza. O mundo via-a como uma pessoa privilegiada. E era, mas ser a dona de Greymont pressupunha muitas responsabilidades. A primeira delas, evitar que se desmoronasse por causa da humidade…

      – Permita-me.

      Diana assustou-se ao ouvir a voz profunda de Nikos Tramontes, que estava a afastar uma cadeira para que se sentasse antes de ficar atrás dela.

      Nikos olhou para o perfil da mulher cuja presença orquestrara e que, segundo o relatório que pedira, poderia ser mais do que uma mera aventura.

      Aparentemente, para além de uma beleza glacial, Diana St. Clair também possuía outros atributos que condiziam com os seus propósitos. A menina St. Clair herdara do seu pai uma mansão do século XVIII e o estatuto social que tal propriedade conferia.

      Era uma família antiga, sem título nobiliário, mas com estilo, brasões e todas as coisas que vinham com esse estatuto: Terras, posses antigas e casamentos com famílias parecidas, incluindo algumas pertencentes à nobreza. Uma rede complexa de parentesco e contactos com as classes altas, impenetrável para os estranhos.

      A não ser por um meio.

      O casamento.

      Nikos olhou para a sua expressão toldada. Diana St. Clair seria a sua esposa troféu? Era uma ideia tentadora. Tão tentadora como a própria Diana.

      Continuou a observá-la, desfrutando da observação daquela mulher com quem poderia conseguir o que mais ansiava na vida.

      Para alívio de Diana, a música dramática de Verdi parecia transportá-la e fazê-la esquecer que Nikos Tramontes estava sentado atrás dela. Meia hora depois, durante o intervalo, saíram do camarote e misturaram-se com os outros espetadores para beber uma taça de champanhe, como era a tradição.

      – O verdadeiro dom Carlos de Espanha devia estar louco – comentou Louise Melmott, que conhecia a ópera e a sua relação duvidosa com a história verdadeira. – E não há provas de que estivesse apaixonado pela mulher do pai, o rei.

      – Entendo que Verdi tenha decidido reescrever a história – comentou Diana. – Um amor trágico e desventurado parece muito mais romântico.

      Estava a fazer o possível para mostrar entusiasmo, especialmente, sabendo que Toby não tinha o menor interesse pela ópera.

      – A Elisabeth de Valois era a mulher de outro homem. Não há nada de romântico no adultério.

      O tom de Nikos Tramontes era cortante e Diana levantou o olhar, surpreendida.

      – A ópera não é realista. Além disso, é lógico sentir compaixão pelo sofrimento da pobre rainha, presa num casamento sem amor.

      – Acha?

      Estava a ser sarcástico? Diana sentiu que lhe ardiam as faces. A conversa continuou, mas sentia-se incomodada, como se tivesse votado a favor do adultério, ainda que, na verdade, tivesse sido apenas um comentário insubstancial.

      Nikos Tramontes não parava de olhar para ela e, nos seus olhos escuros, pareceu-lhe ver um brilho de melancolia, em contradição com como se mostrara sofisticado e seguro de si próprio até ao momento.

      No entanto, não tinha nada a ver com ela e, além disso, não voltaria a vê-lo depois daquela noite.

      Quando a ópera acabou finalmente e se despediu de Toby, dizendo-lhe que voltava para Hampshire no dia seguinte, descobriu que Nikos Tramontes estava ao seu lado.

      – Deixe-me levá-la – ofereceu-se, abrindo a porta de um carro estacionado à frente do teatro.

      – Não, obrigada, posso ir de táxi.

      – Não será fácil encontrar um e está prestes a chover – insistiu ele.

      Seria absurdo protestar, de modo que Diana entrou no carro e, com desinteresse, deu-lhe a morada do hotel em que o pai e ela costumavam alojar-se quando estavam em Londres.

      No banco traseiro, separados do motorista por um ecrã de vidro, Nikos Tramontes estava incomodamente perto.

      – Alegro-me por ter gostado da ópera – começou a dizer, esticando as pernas compridas. – Talvez gostasse de vir comigo noutra ocasião. A menos que já tenha visto todas as representações da temporada.

      Diana ficou tensa. Como suspeitara, estava a seduzi-la, apesar da sua relação com Nadya Serensky.

      – Não, receio que não – respondeu.

      – Não as viu todas?

      Ela abanou a cabeça. A escuridão no interior do carro, apenas iluminado pelas luzes dos candeeiros e das montras enquanto se dirigiam para a praça de Trafalgar, escondia a sua expressão.

      – Não queria dizer isso – corrigiu, tentando fazer com que a sua voz parecesse firme.

      Nikos Tramontes arqueou uma sobrancelha.

      – Masterson?

      – Não, mas… – Diana respirou fundo. – Passo muito pouco tempo em Londres, de modo que seria absurdo aceitar um convite. De qualquer tipo.

      Não disse mais nada, mas pensou que mostrar desaprovação por um caso de adultério fictício numa ópera para depois a convidar para sair com ele era uma hipocrisia. Aparentemente, o senhor Tramontes não se importava de enganar a namorada.

      – E sabe de que tipo é o meu convite? – perguntou ele, com um brilho brincalhão nos olhos escuros.

      – Não preciso de saber, senhor Tramontes. Só estou a deixar claro que não venho a Londres com frequência e não terei oportunidade de ir à ópera, nem consigo nem com ninguém.

      – Volta para Hampshire?

      – Sim, indefinidamente. Não sei quando voltarei a Londres – redarguiu ela, com intenção de deixar claro que não estava disponível.

      – Entendo.

      Diana

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