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O príncipe cruel. Jane Porter
Читать онлайн.Название O príncipe cruel
Год выпуска 0
isbn 9788413489858
Автор произведения Jane Porter
Жанр Языкознание
Серия Sabrina
Издательство Bookwire
Leu os livros que encontrou na casa para pensar noutra coisa. Quando se cansava de ler, dava um mergulho ou deitava-se na areia, mas acabava sempre a pensar em Josephine. Queria vê-la e estar perto dela. Por isso, vestia uma das camisas do pai dela e ajudava-a no seu trabalho. Ajudava-a a tomar notas ou a regar a horta, o que quer que fosse desde que estivesse ao seu lado. Desejava as suas formas, o seu cheiro e o seu sorriso.
Era esperta, bonita, inocente e séria. Era singular, uma joia que resplandeceria entre as mulheres mais belas do mundo. Disse-lho um dia após um mergulho no mar e ela sorriu com timidez e um brilho trocista nos olhos.
– Obrigada pelo piropo, mas se levarmos em conta que não te lembras de nada, não sei se é válido.
– Não preciso comparar-te para saber que és inteligente e amável. Também és alegre e otimista e alegras-me a mim. E tenho a sensação de que não sou uma pessoa que fique contente facilmente.
– Isso é verdade, não estavas nada contente na praia com os teus amigos. Estavas sozinho e olhavas para o mar. Observei-te e desenhei-te…
– Desenhaste-me?
– Sim – Josephine corou. – É o que gosto de fazer quando tenho tempo livre.
– Ainda não te vi desenhar desde que estou aqui.
– Desenho quando tu não estás ou estás a dormir.
– E o que desenhas?
– Um pouco de tudo – ela corou ainda mais, – mas, sobretudo, a ti.
Ele ficava encantando porque os olhos dela pareciam mais verdes quando corava. Era tão natural e bela que lhe recordava uma sereia.
– Por que me desenhaste?
– Porque tu me fascinas.
– Porquê?
– Deves saber porquê – ela apertou os carnudos lábios. – Não me obrigues a dizê-lo.
Estava maravilhado com aqueles lábios, os dedos desejavam acariciar-lhe a face e percorrer-lhe os lábios… e reparou que estava a ficar… duro.
– Parece que o golpe na cabeça me deixou um pouco tonto. Por favor, explica-me o que tenho para fascinar-te.
– Vou dizer-te só uma vez.
– Estou a ouvir.
– És insuportavelmente atraente…
– Insuportavelmente?
– És muito inteligente.
– Voltemos ao atraente. Pode ser-se insuportavelmente atraente?
– Sim, tu já o demonstraste. Deixa-me continuar. Tens sentido do humor… quando queres.
– Isso parece-me um inconveniente… ser imprevisível.
– Tens amigos ricos. O iate era imenso, mas isso é negativo.
– Porquê?
– É desastroso do ponto de vista ambiental.
– Estou de acordo.
– Estás de acordo? – perguntou ela, arqueando as sobrancelhas.
– Sim. Sempre me preocupei com o ambiente.
– A sério?
Ele assentiu com a cabeça e ela franziu levemente as sobrancelhas.
– Interessante… – murmurou ela.
– Porquê?
– Começas a saber algo de ti mesmo. Acho que estás a recuperar a memória e isso é bom.
Ele sentiu uma pontada de inquietação e não soube porquê. Recuperar a memória deveria ser fantástico, mas tinha medo.
– Vamos falar de ti.
– Porquê? Sou uma estudiosa chata…
– Não és chata e as mulheres estudiosas são apaixonantes.
– A sério? – perguntou ela entre risos.
– Fui à escola com mulheres inteligentes e não há nada mais sensual do que uma mulher inteligente…
Ele parou ao dar-se conta do que tinha dito.
Não se tinha referido à escola preparatória ou secundária, referia-se à universidade e sabia que chamar-lhe «escola» era muito típico dos Estados Unidos. Teria frequentado a universidade nos Estados Unidos? Notou que Josephine também se tinha apercebido.
– Estás a recuperar a memória – comentou ela baixinho e com emoção.
– Estás a curar-me. O sol, os banhos…
– Não há muito para fazer – ela sorriu. – Não há televisão ou videojogos.
– Acho que nem que os tivesses os usaria. Tu adoras estar ao ar livre e moves-te no mar como um peixe.
– Vivi sempre junto ao mar. Primeiro no Havai e depois aqui. Não consigo viver sem dar um mergulho. Se passar muitos dias sem molhar-me sinto-me abatida. O mar devolve-me à vida.
– És um peixe.
– O meu pai diz o mesmo – ela riu-se. – Diz que tenho escamas e que se secam se não me banhar.
– Bom, é possível que não sejas um peixe, mas uma sereia.
– É possível.
Josephine sorriu com timidez. Tudo estava a mudar por dentro, não podia fingir que ele não a afetava, não podia fingir que não havia tensão entre eles porque olhava para ela com uma intensidade que a fazia ficar sem respiração e com o coração na boca, um olhar que a aterrorizava e, ao mesmo tempo, emocionava. Estar ao seu lado era excitante e desconcertante, ninguém a tinha olhado como se fosse importante, ninguém tinha feito com que se sentisse tão bela. A cada conversa, ele fazia sentir-se mais viva e não percebia porquê, já que não conversavam sobre nada pessoal. Ainda assim, fascinava-a.
Tinha-a fascinado quando era um desconhecido misterioso na praia e esse fascínio tinha aumentado a cada dia porque como era possível que alguém tão impressionante a desejasse?
Além disso, estava a gostar de sentir-se desejada, levando-a a repensar todas as suas crenças. Acreditara sempre que nunca teria relações sexuais com alguém que não fosse o homem com que partilharia o resto da sua vida. Ao olhá-los nos olhos, parecia-lhe que poderia perder algo que só aparecia a uma pessoa uma vez na vida.
Além disso, essa atração era mútua. O seu olhar indicava que a desejava e o facto de ela saber isso era embriagante, era um afrodisíaco. Que sentiria se além disso ele a acariciasse e a beijasse? Não se questionou sobre nada mais porque só se tinha dado um par de beijos na sua vida e não lhe tinham parecido nada de especial, só a tinham levado a concluir que não precisava de repetir a experiência. Até àquele momento. Tinha a sensação de que beijar aquele desconhecido misterioso seria algo completamente diferente que poderia, até, mudar-lhe a vida. Era o que queria?
Olhou para o desconhecido, que já não era um desconhecido e se estava a tornar alguém muito importante para ela. Tinha vivido demasiado tempo sozinha ou com o seu pai, que falava muito pouco e estava sempre absorto no seu trabalho. Percebia que o seu pai estivesse dedicado à investigação, mas ela, de vez em quando, queria algo mais. Queria que a vissem, que a reconhecessem, que… a amassem. Normalmente, sentia-se mais assim à noite e culpava o cansaço, mas, ultimamente,