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antes de baixar o olhar para os seus lábios.

      – Sim, mas não vou oferecer-te as minhas desculpas aqui, no meio da rua.

      Embora não o achasse possível nessa situação, Suki deu por si a rir-se.

      – Sabes quantos anos faço hoje. Já não chupo o dedo.

      Ramón afastou uma mão da parede para lhe acariciar a face.

      – Posso dizer-te o que queres ouvir e deixar que te vás embora… Ou podes deixar que te leve a casa, como prometi ao Luis e, a caminho, desculpar-me como é devido. Imagino que queiras que o meu irmão fique tranquilo, não é?

      – Já sou crescidinha para voltar sozinha. Tenho a certeza de que o Luis entenderá. E a única coisa que quero é um pedido de desculpas – insistiu.

      – Queres mais do que isso. Queres deixar-te levar, arrancar a fruta proibida da árvore e dar-lhe uma dentada. Não é verdade, Suki?

      «Não.» Abriu a boca para o dizer, mas a palavra ficou presa na garganta.

      Ramón tirou a outra mão da parede e recuou lentamente, como se a tentasse com o que ia perder, e Suki não percebeu que o seguira até à beira da calçada onde uma limusina preta se aproximava e parava atrás dele. Ramón abriu a porta traseira.

      – Vais entrar no carro e deixar que te leve a casa, Suki. O que acontecer depois, depende de ti. Só de ti.

      Capítulo 2

      – Está bem – murmurou Suki.

      Assim que pronunciou essas palavras, o seu instinto disse-lhe que já não podia voltar atrás.

      Ramón ajudou-a a entrar no carro, sentou-se ao seu lado e, quando se fechou a porta, perderam-se num silêncio carregado de tensão sexual.

      – Onde vives? – perguntou.

      Deu-lhe a morada e Ramón repetiu-a ao motorista, antes de fechar a divisória que os separava dele para que pudessem ter intimidade.

      – Deve haver duas dúzias de pubs entre onde tu vives e onde o Luis vive. Porque escolheram encontrar-se num bar nos subúrbios? – perguntou, enquanto se punham a caminho.

      – Um amigo da universidade acabou de herdar o pub dos seus pais. O Luis prometeu-lhe que viríamos celebrar os nossos aniversários aqui – explicou ela, aliviada com aquele tema inofensivo de conversa.

      Infelizmente, no entanto, aquela pausa não durou muito tempo.

      – E fazes sempre o que o meu irmão diz? – perguntou Ramón, num tom muito diferente.

      Os dedos de Suki apertaram a alça da mala no colo.

      – Estás a tentar causar outra discussão? Porque, se bem me lembro, ainda me deves um pedido de desculpas.

      Ramón arrancou-lhe a mala, atirou-a para um lado e afundou os dedos no seu cabelo. Ao ver o brilho decidido nos seus olhos, Suki sentiu a boca seca. Ramón ficou a olhar para ela durante uma eternidade e estava tão perto dela que a respiração de ambos se misturava.

      – Lamento – murmurou. – Lamento que tenha errado nas minhas conjeturas a respeito do meu irmão e de ti. E embora não esteja de muito bom humor esta noite, não é desculpa para o comportamento que tive, portanto, espero que aceites as minhas desculpas.

      As suas palavras pareciam sinceras e silenciaram momentaneamente o alarme que disparou no seu cérebro.

      – Está bem – balbuciou.

      Os dedos de Ramón mexeram-se em círculos, massajando-lhe sensualmente o couro cabeludo, e Suki sentiu como um calorzinho aflorava na sua barriga.

      – Satisfeita? – perguntou Ramón.

      – Isso… Isso depende.

      Ramón arqueou uma sobrancelha.

      – Do quê?

      – Se vais começar outra discussão ou não.

      – Não, linda – murmurou ele –, estou prestes a começar algo completamente diferente e sabes.

      – Eu não…

      – Basta, Suki. Já te disse que o que acontecer neste momento depende de ti, mas tenho a impressão de que tenho de te dar um empurrãozinho antes de um de nós morrer de impaciência. A única palavra que quero ouvir desses lábios apetitosos agora é um «sim» ou um «não». Desejo-te… Deixando de lado o meu comportamento pouco exemplar desta noite, também me desejas? Sim ou não?

      O coração de Suki subiu-lhe à garganta. Há três longos anos que estava apaixonada por aquele homem, mas, até então, nunca albergara a mínima esperança de, um dia, o ter à frente dela a dizer-lhe aquelas coisas.

      Abanou a cabeça. Aquilo não era uma boa ideia… Engoliu em seco e passou a língua pelos lábios.

      Os dedos de Ramón ficaram tensos e um barulho abafado escapou da sua garganta. Prestes a pronunciar a palavra que a livraria daquela loucura, Suki baixou o olhar. Não conseguia dizê-la enquanto olhava para ele. Os seus lábios estavam tão perto e ela morria por um beijo… Só um beijo…

      Porque não? Assim, perceberia que não era um deus, que só o elevara para essa categoria porque se sentia sozinha e por causa das suas fantasias absurdas de contos de fadas.

      – Suki…

      O seu nome nos lábios de Ramón era como uma corrente que a puxava irremediavelmente.

      Sentia os seios pesados e tinha uma sensação quente e húmida entre as pernas, onde parecia ter uma ansiedade incontrolável.

      – Sim…

      A palavra escorregou dos seus lábios. Sucumbira à tentação.

      Ramón não precisou que o dissesse duas vezes. Mexendo-se depressa, puxou-a e a sua boca, premente, precipitou-se sobre a dela.

      Acariciou-lhe os lábios com a língua, atrevidamente e várias vezes, antes de a urgir, sem falar, a abrir a boca. Suki cedeu, trémula, sem conseguir acreditar que Ramón Acosta estava a beijá-la.

      Um formigueiro elétrico percorreu-a da cabeça aos pés, arrancando gemidos da sua garganta, que eram contidos pelos lábios de Ramón, fundidos com os seus. Tinham-na beijado antes, vezes suficientes para saber que não havia um beijo igual a outro e que havia quem beijasse melhor e pior, mas nunca a tinham feito gemer e aquele beijo não podia comparar-se com outro.

      Cada carícia da língua de Ramón e dos seus lábios causava uma explosão de prazer e fazia-a apertar-se contra ele, suplicando mais.

      Quando a necessidade de respirar os obrigou a afastar-se, Ramón apenas lhe concedeu uns segundos de descanso, acariciando-lhe, fascinado, os lábios com a ponta do polegar e murmurando, antes de a beijar novamente e tornar o beijo mais profundo:

      – Meu Deus, és linda…

      As suas palavras libertaram-na das correntes de que, até esse instante, nem sequer se sentira consciente e relaxou as mãos, com que se agarrara ao banco. Atreveu-se a levantar uma mão e pô-la na coxa de Ramón.

      Ele ficou tenso e sentiu como os músculos da sua perna se endureciam. Afastou os seus lábios dos dela e estudou-a com um olhar selvagem. Atordoada, Suki tentou afastar a mão, mas ele reteve-a.

      – Queres tocar em mim, não é? Então, toca.

      – Ramón…

      Ele respirou fundo.

      – Creio que é a primeira vez que te ouço a dizer o meu nome.

      – Como? – balbuciou ela.

      Era impossível. Dissera-o tantas vezes… nas suas fantasias.

      A outra mão de Ramón, que continuava no seu cabelo, empurrou-lhe a cabeça

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