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repentinamente, sentiu uns ciúmes enormes. Não suportava que o tratassem como um tolo e Sarah fizera-o. No sábado de manhã, a indignação que Sarah mostrara fora apenas uma arma para esconder a culpa. A verdade era que Sarah se deixara seduzir por um descarado.

      «Talvez, se não tivesses feito tantas viagens de negócios, isto não tivesse acontecido…»

      Não, nada disso, o comportamento de Sarah não tinha desculpa!

      – Mais alguma coisa que tenhas a dizer a respeito da minha esposa e do tal Leighton?

      – Só que não foi ter com ele depois de sair da tua casa no sábado. O Leighton tem uma casa na zona residencial da Costa Norte de Sidney, a Sarah não foi vista por lá.

      – Talvez tenha ido para casa do Cory – murmurou Scott. – É o melhor amigo dela, conheceram-se na universidade.

      Scott não deu mais explicações, sobretudo, porque não sabia muito em relação à amizade da sua esposa com o jovem arquiteto. De repente, percebeu que, na verdade, não sabia grande coisa sobre a esposa. Sarah contara-lhe que a mãe já não era viva e que não tinha contacto com o pai ou com o irmão, mais velho do que ela. Os pais tinham-se divorciado, não amigavelmente, e o irmão ficara do lado do pai, apesar das infidelidades dele.

      Scott não tentara indagar mais no passado de Sarah. Também não lhe perguntara em relação à natureza da sua amizade com Cory, principalmente porque Cory não o preocupava. Na verdade, gostava de Cory e vice-versa.

      «Suponho que, agora, depois de a Sarah lhe ter falado da sexta-feira à noite, já não goste de mim», pensou Scott. Porque de certeza que Sarah lhe teria contado. Tudo. Quando Cory e Sarah estavam juntos, pareciam dois adolescentes.

      De repente, Scott desejou ficar sozinho para fazer algumas pesquisas sozinho. Portanto, levantou-se, deu a volta à secretária e ofereceu a mão a Harvey.

      – Obrigado, Harvey. Agradeço-te por tudo o que fizeste.

      – De nada, chefe – replicou Harvey, apertando a mão que Scott lhe estendia. – Lamento não ter podido dar-te melhores notícias.

      – A vida não é fácil, Harvey.

      Nem o amor. Porque ainda amava a esposa infiel. E não sabia porquê!

      Assim que Harvey se foi embora, Scott agarrou no telemóvel pessoal e marcou o número do emprego de Sarah. Quando lhe disseram que Sarah não fora trabalhar, alegando estar doente, não soube o que pensar. Sarah nunca faltava ao trabalho. Adorava o que fazia, sobretudo, agora que se encarregava, de forma permanente, dos casos de pessoas sem meios para pagar um advogado. Encarregara-se de vários casos, entre eles, um sobre uma demissão injusta e outros sobre discriminação de género. Ganhara a maioria deles. Não, não era próprio de Sarah faltar ao trabalho.

      Scott franziu o sobrolho. Sarah devia estar muito incomodada, sem dúvida. Mas… por causa dele ou por causa do seu próprio comportamento? Talvez só tivesse sido infiel uma vez. Talvez se arrependesse do que fizera.

      Subitamente, outra ideia apareceu na sua mente. Algo horrível. E se Sarah fugira com o tal Leighton?

      O coração pareceu querer sair-lhe do peito quando fez a pergunta seguinte à rececionista:

      – E o senhor Leighton? Está no escritório?

      – Sim, está, sim. Deseja falar com ele?

      – Não, agora não, obrigado – respondeu Scott, com firmeza e um grande alívio.

      Mas falaria com ele. Não tinha dúvidas de que fora Leighton que dera o primeiro passo. Sarah, pela sua personalidade, não tinha tendência para a infidelidade.

      Ou sim?

      Estava claro que não conhecia bem a esposa.

      Abanando a cabeça, ligou para o telemóvel de Sarah. Surpreendeu-o ver que não estava desligado, embora estivesse ocupado. Com quem estaria a falar? Com Cory? Com o descarado do seu amante? E onde estava? O mais certo era que continuasse em casa de Cory.

      Consciente de que não podia continuar a pensar nisso sem fazer nada, Scott tomou uma decisão. Tinha de enfrentar Sarah mais uma vez. Agarrou no casaco, vestiu-o, saiu do escritório e aproximou-se da secretária de Cleo, que olhava para o ecrã do computador com o sobrolho franzido.

      – Tenho de sair, Cleo. Cancela todos os compromissos que tenho esta tarde e tira o resto do dia. Mereces.

      Cleo levantou os olhos e suspirou.

      – Não vais fazer nenhuma tolice, pois não, Scott?

      – Não, hoje, não. Fiz a maior tolice da minha vida há um ano. – Quando se casara com uma rapariga que não conhecia bem, uma rapariga fora do comum.

      Porque, quando conhecera Sarah, ela era virgem.

      Capítulo 2

      – Tens a certeza de que não queres que te leve, querida? – perguntou Cory. – Vais precisar que alguém te ajude a levar as coisas. Posso tirar o resto do dia, isso não é um problema. Temos um horário flexível.

      – Obrigada, Cory, mas prefiro fazê-lo sozinha.

      – De certeza que o Brutus não estará lá?

      Sarah pestanejou ao ouvir a alcunha que Cory dera a Scott, embora não porque não fosse apropriada. O que Scott fizera na sexta-feira à noite em nome da paixão fora uma brutalidade. Sentiu um nó no estômago ao recordar que ela não só o permitira, como também desfrutara. Sim, isso era o pior. Adorara que Scott a devorasse e encorajara-a com súplicas e rogos.

      Na manhã seguinte, ao descobrir que o comportamento de Scott se devia aos ciúmes e à ansiedade de vingança, a sua surpresa transformara-se rapidamente em fúria.

      – Não é possível que acredites que o Scott não foi trabalhar – disse Sarah, com amargura. – Acredita em mim, nem uma bomba atómica o manteria afastado do seu escritório adorado numa segunda-feira de manhã.

      – A julgar pelo que me contaste, no sábado, foi como se tivesse rebentado uma bomba atómica.

      Sarah não costumava zangar-se. Mas quando se zangava…

      – Não consegues imaginar como estava furiosa!

      – Não tenho de imaginar, querida, vi-o quando apareceste em minha casa. Bom, estavas furiosa até começares a chorar. Todo o fim de semana a chorar. Achei que ia precisar de um colete salva-vidas.

      – Por favor, Cory, não tentes fazer-me rir. Esse homem partiu-me o coração. O que fez foi imperdoável.

      – Porquê? Porque se comportou como muitos homens se comportariam na sua situação? Quando descobri que o Felix estava a enganar-me, apetecia-me mais estar com ele do que nunca.

      – Mas não estavas apaixonado pelo Felix e eu não enganei o Scott!

      – Mas parecia…

      – Eu sei. Eu sei – concedeu Sarah, com um gemido.

      – Acho que devias ligar ao Scott e explicar porque estavas nesse hotel com o teu amigo advogado. Ao fim e ao cabo, tu própria me disseste que essas fotografias eram bastante incriminatórias.

      – E depois? O Scott pede-me desculpas e não aconteceu nada? Não, nem pensar, Cory.

      – Ah, desculpa, já me esquecia de que és escorpião. Os escorpiões não perdoam nem esquecem. Na verdade, paraste para pensar em quem enviou essas fotografias ao Scott?

      Sarah suspirou.

      – Passei toda a manhã a pensar nisso.

      – Achas que pode ter sido alguém do teu emprego?

      – Não sei, não consigo pensar em ninguém.

      – Evidentemente, tem de ser alguém que te odeia.

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