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tropical, e ao mesmo tempo mantendo os refugiados de guerra ocupados pelo trabalho. Melhor do que uma detenção inútil. Alguma coisa boa viria disso para todo mundo.

      – Após a guerra, tu e Edward podem construir uma casa lá em cima, Isabella – dissera o seu pai.

      Mas Edward não voltara da guerra e o parque Kauri King, conforme passou a ser conhecido, nunca fora o seu lar. Agora era de Matteo e Nicole, embora ainda não tivessem ido lá. O que a lembrou da jovem mulher que estava com ela há quase três semanas.

      Apenas um encontro com Matteo.

      Era uma pena ela não ter podido observar.

      Talvez não houvesse nada para observar. A beleza que via em Nicole podia não ter apetecido a Matteo. Ele não fizera nenhuma tentativa de a rever. Nem Nicole fizera algum comentário que revelasse um interesse pessoal pelo seu neto.

      Isabella pensou que não se podia forçar uma atracção mútua. A química corporal era ordenada pela natureza e ninguém de fora poderia fazer aquilo acontecer.

      De qualquer forma, era curioso que Nicole tivesse explorado informações sobre muitos dos autocarros de Matteo, e ainda assim não tivesse escolhido seguir numa das suas visitas que a pudesse colocar em contacto com ele. Porque estaria a adiar?

      Na mente de Isabella aquilo soava como uma fuga. O que poderia significar que Matteo tirara Nicole da sua zona confortável. Uma reacção negativa? Será que ele a ofendera de alguma forma?

      O seu neto mais novo não era normalmente uma pessoa agressiva. Possuía uma personalidade alegre, uma companhia agradável para a maioria das pessoas. Era mais tranquilo do que os seus dois irmãos.

      Alessandro… o pilar forte de responsabilidade.

      António… a força da competitividade.

      Matteo… o sagaz dançarino entre os outros dois, fingindo patinar através da vida como se ela fosse um jogo. Mas importava-se realmente com responsabilidades e era tão competitivo quanto António. Apenas expressava isso de forma diferente.

      Talvez alguma coisa tivesse acontecido entre Matteo e Nicole que nenhum dos dois quisesse reconhecer. Uma inesperada química poderia ser desconfortável, perturbando o controlo de ambos sobre as suas vidas. Matteo geralmente tinha controlo sobre si mesmo, enquanto que Nicole… estava sentada com um ar de tranquilidade que era provavelmente questionável, dado a tudo que estivera a pensar. Uma tempestade de sensações podia interferir na paz desejada.

      Isabella reprovou-se a si mesma. Qualquer que fosse a situação, o projecto da história tinha que estar nos trilhos e era hora de Nicole ver o que elas tinham acabado de falar.

      – Amanhã, devo passar uma boa parte do dia na organização de um casamento – declarou ela. – A noiva e a mãe virão para decidir todos os detalhes da recepção no salão de baile.

      Nicole sorriu.

      – Não posso imaginar nada mais romântico do que um casamento aqui no castelo.

      – Nos velhos tempos, fazíamos bailes e exibíamos filmes no salão. Não queria que ele caísse em desuso, então transformei-o num centro funcional, há vários anos.

      – Tenho a certeza de que isso acrescenta muito valor emocional para as pessoas que se casam.

      – Acho que sim. O sentimento de longevidade é bom. Dá uma ideia clara da passagem do tempo. Como tu verás quando visitares o parque Kauri King. Amanhã seria um bom dia para fazeres esse passeio, Nicole, uma vez que acabo de te contar como tudo aconteceu.

      A visita que a levaria ao encontro de Matteo.

      Houve alguns instantes com sinais de tensão. Nicole endireitou os ombros, levantou o queixo e, mais interessante de tudo, uma maré de calor subiu-lhe pelo pescoço e enrubesceu a sua face.

      Podia não ser pela perspectiva de caminhar pela floresta dentro do parque com plantação de frutas exóticas que lhe causava uma reacção daquelas. Se era a possibilidade de encontrar Matteo… Bem, talvez devessem ser planeadas mais reuniões.

      Isabella esperava pela resposta de Nicole.

      – Amanhã… – Nicole pensou numa desculpa para contestar a sugestão. Nada era justificável. Prorrogara o inevitável, o mais que pudera. Não tinha uma desculpa aceitável para não ir ao território de Matt King. – Sim – forçou-se a dizer e agarrou-se à última corda de salvação. – Imagino que a visita já esteja lotada. E é tarde para ligar.

      – Se é assim, podes ir de carro e juntares-te ao grupo no portão do parque. Não é longe. Meia hora de carro, no máximo. Não perderás muitas informações do motorista do autocarro. – Mais um detalhe para qualquer possível objecção.

      O estômago de Nicole contraiu-se. Não tinha escapatória. Apenas lhe restava esperar pela ausência de Matt King.

      – Amanhã é um bom dia – insistiu a senhora King. – Matteo também está lá às quintas. Ele pode ajudar-te com alguma coisa que quiseres saber.

      Aquele era possivelmente o pior dia e agora não tinha saída. A sua própria culpa, por não ter ido antes, quando poderia ter evitado encontrá-lo. Sabia que ele ficava na empresa de turismo às segundas e sextas-feiras. O problema foi não se sentir segura para ir.

      – Não gostaria de o tirar do seu trabalho, senhora King – justificou Nicole, tentando dominar o pânico. – Tenho a certeza de que o guia turístico…

      – Matteo pode tirar um tempo para te dar detalhes mais íntimos sobre ele, a família e o parque.

      Íntimos. Um pequeno tremor percorreu a espinha de Nicole. Matt King irradiava literalmente sensualidade masculina. Naquela breve reunião na sala dele, Nicole ficara hipnotizada pelo seu poder de atracção, desejando intimidades mais primitivas. Nunca sentira nada tão físico. Aquilo confundia ainda mais a sua mente, tornando impossível manter qualquer pensamento racional.

      – Telefonar-lhe-ei esta noite e direi que vais amanhã. Assim ele pode tomar conta de ti – decidiu Isabella.

      A única questão em dúvida era, de autocarro ou de carro. Nicole não sabia o que era melhor, tentar apanhar o grupo de turismo, o que poderia amenizar o impacto de Matt sobre ela, ou ter o carro, assim poderia ir embora no momento que quisesse. Das duas formas, não poderia ignorar o seu trabalho, o que incluía juntar todas as informações históricas que pudesse da viagem.

      – Vou ligar para o escritório e ver se há um lugar disponível no autocarro – disse ela, levantando-se.

      Isabella Valeri King sorriu satisfeita enquanto assentia com um movimento de cabeça enquanto Nicole se retirava. Então ficou imóvel, sentada onde estava com a tranquila dignidade, a qual Nicole associava com uma disciplina interior que nunca se quebraria.

      Havia alguma coisa sobre o sorriso dela que fez com que Nicole a observasse com mais atenção antes de partir. Teve a estranha sensação de que um poder emanava através da mulher mais velha… um poder invencível, que não seria frustrado pelo tempo nem pelas circunstâncias.

      Mais uma vez um tremor percorreu-lhe a espinha.

      Olhos escuros brilhantes… quase pretos… como os de Matt.

      Aquela família… ela soubera desde o princípio, não era comum. Mas quão extraordinária era, e de onde vinha o poder?

      Dirigiu-se às imensas portas duplas da frente do castelo, sabendo que estava a entrar no mundo deles e, finalmente, reconhecendo que fugir não era uma opção que quisesse tomar. Aquilo intrigava-a. Fascinava-a. E ao mesmo tempo, amedrontava-a.

      Matt King… amanhã.

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