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aproximar dela. Isso também lhe deu razão para falar com ela na Penn Station, mas esse fato não significava que ela confiasse nele. A senhorita Collins parecia pensar que olhar para ele era um desgosto.

      Teria que fazê-la mudar de ideia. Ela poderia ser a única pessoa que ele precisaria para espionar as sufragistas e relatar seu progresso ao seu país. Os homens da alta sociedade eram seus alvos secundários. Eram eles que controlavam o clima nos Estados Unidos e que tinham altos cargos no governo federal. Já que eram eles que davam as cartas, por assim dizer, em último caso, a mudança caberia a eles.

      De certa forma, Julian não tinha certeza de por que eles se importavam com o que se passava na América. Por que a Inglaterra não poderia decidir por si mesma se iria ou não garantir mais direitos às mulheres sem saber o que estava se passando ao redor do mundo? Era um assunto difícil e ele podia ver por que os homens não queriam abrir mão do controle que eles tinham desde, bem… sempre; entretanto, as mulheres deveriam ter a habilidade de escolherem por si mesmas o que queriam para as próprias vidas sem ter alguém ditando os seus passos. Isso não queria dizer que ele aceitava algumas das ações das quais as Pankhurst tomavam parte. Elas eram perigosas e radicais.

      No entanto, aquela era a sua missão. Gostasse ele ou não.

      CAPÍTULO TRÊS

       Junho de 1911

      Brianne odiava o teatro. Infelizmente, aquele também era um dos poucos lugares aos quais ela podia ir para ser vista e para socializar. Nunca entendeu a razão para usar o teatro para tal propósito. A única hora que se podia ter uma conversa de verdade era durante o intervalo. O resto do tempo ela se via ou enfiada em um camarote privado; para aqueles que eram ricos o bastante para manter um, e felizmente a sua família era; ou apertada nos assentos minúsculos da plateia. Nunca tinha ido a uma peça que gostasse, e como debutante, ela tinha ido a muitas. Ao menos isso lhe dava uma desculpa para se vestir bem. Seu vestido era de uma macia seda violeta com uma delicada sobreposição de renda. Ela até mesmo tinha uma estola branca para colocar sobre os ombros e se proteger do frio e seu cabelo tinha sido semeado com pérolas, parecia quase uma coroa.

      Eles entraram no Teatro Harris e foram para o camarote que alugaram pelo tempo da estadia em Nova Iorque. William conduziu a mãe e Brianne até lá. Ele não parecia mais feliz por estar no teatro do que Brianne. Estavam na cidade há um mês, e até então, ela não estava correspondendo às suas expectativas. Era tão entediante quanto Lilimar e não mostrava sinais de que iria desenvolver nem um grama de animação.

      William puxou a cortina que conduzia ao camarote e fez sinal para elas entrarem. A mãe entrou primeiro e se sentou à direita e William se sentaria ao lado dela. Brianne entrou no camarote depois da mãe e parou subitamente quando notou um homem familiar já acomodado ali. Droga. Ela seria forçada a conversar com aquela besta maligna durante a peça porque o assento dela era ao lado do dele, do outro lado do camarote onde estavam a mãe e o irmão.

      — Milorde — Brianne fez uma mesura. A mãe tinha incutido a etiqueta apropriada nela, e mesmo tendo crescido na América, Brianne não negava suas raízes inglesas. Julian Kendall era filho de um duque, e aquele parentesco deveria ser respeitado. — Não sabia que o senhor conhecia os Dewitts. — Os Dewitts eram os donos do camarote que eles estavam usando naquela noite. Ela tomou o assento à direita de Julian. William se sentou ao lado da mãe deles.

      — Eles são da família — respondeu ele, despreocupado. — De maneira indireta. Temos uma ligação por intermédio da minha tataravó Alys Dewitt Kendall, mas eu nunca entendi como isso se deu. Aprendi a não questionar as esquisitices da família, ou melhor, nada que envolva essa avó em particular.

      Brianne não se importava muito com o parentesco dele com os Dewitt. Desejava ter sabido daquilo antes de concordar sair aquela noite. William tinha sugerido o teatro. Ela deveria ter percebido que aquela ideia era ruim apenas baseado nesse fato. O irmão nunca sugeria sair de casa, e ele odiava qualquer entretenimento. Certo, talvez ela estivesse indo um pouco longe demais, mas Brianne não podia se lembrar da última vez que tinha estado irritada desse jeito.

      — Fascinante — disse ela, um pouco sarcástica. — Por favor, conte mais. — Sua voz não podia estar mais carente de emoção. Esperava que ele não tomasse aquelas palavras como encorajamento.

      — Princesa — disse Julian e então ele riu baixinho. Como se aquele tratamento em particular o divertisse. Aquilo só serviu para aumentar a sua irritação. — Não tema, eu não me atreveria a expor meus familiares com detalhes. Isso é para os ouvidos de indivíduos que já são parte da família ou que têm probabilidade de se tornar um dos nossos estimados membros.

      No que dizia respeito a insultos… aquele em particular foi um tapa bem na cara. Como ele se atrevia?

      — Então é uma sorte eu não ter quaisquer aspirações de me ligar a alguém próximo e querido a você. — Ela se aproximou um pouco dele e disse aos sussurros — Preferia enfiar um punhal no olho e torcer a lâmina a passar o resto dos meus dias ao seu lado.

      Desde o encontro na Penn Station, eles tinham estado nessa querela. Brianne o evitava tanto quanto possível. Ele era um homem tão horrível. Ele tinha ido à sua casa várias vezes para se encontrar com William. Tinha feito seu melhor para evitá-lo em todas as ocasiões. Teve até uma vez que ela o viu caminhando pelo Gramercy Park e ela se virou na direção contrária.

      — Fabuloso — respondeu ele, baixinho. — Então estamos em total acordo. — Ele se recostou no assento e olhou para o palco. — O que você sabe sobre a peça que estamos prestes a assistir?

      Nada. Porque ela não se importava com aquilo. Ela olhou ao redor do teatro. Havia uma razão para ela ter concordado em vir, e não tinha nada a ver com a apresentação. Ela inclinou a cabeça para o lado. Onde estavam todas as socialites e suas mães? Os cavalheiros à procura de esposa? Aquelas não eram as pessoas que ela costumava ver no teatro.

      — Que lugar é esse?

      — Está sob nova direção — respondeu Julian. — Conheço o dono, Henry Harris. Ele é membro do meu novo clube. William e eu dissemos a ele que viríamos na apresentação desta noite. Ele está animado, é o primeiro musical que eles fazem.

      — Musical? — Ela gemeu. — Tenho medo de saber o que isso quer dizer.

      Julian sorriu quase maniacamente ou talvez tenha sido com alegria. De qualquer forma, ela não gostou daquilo.

      — Tenho certeza de que será maravilhoso. Tem tudo: romance, intriga, drama familiar…

      — Deixe-me adivinhar — começou ela. — Tudo ambientado com música.

      — Disseram-me que poderia haver canto. E, senhorita Collins — disse ele, ameaçador. — Tem mais de cinco horas de duração. Espero que esteja preparada para ficar aqui por algum tempo.

      Ela não pôde impedir o gemido que escapou de sua boca. Brianne cobriu a boca com a mão, mas já era tarde demais. Por que ela estava sendo punida? Cinco horas presa com Julian Kendall como acompanhante. Alguém, em algum lugar, odiava-a.

      — Shh — disse ela. — As cortinas foram abertas.

      — Você não me engana — disse Julian, em um sussurro. Ele estava tão perto que ela podia sentir o fôlego dele na pele. — Eu vejo além da sua fachada. Não há muito substância na senhorita. Uma dama que quer mudar o mundo desfrutaria de outras coisas que não as frívolas reuniões sociais.

      Brianne rilhou os dentes. Não morderia aquela isca. Não mesmo. Maldição, ela não tinha nenhum autocontrole.

      — Então é uma coisa boa eu não ter a pretensão de mudar nada no mundo em que eu vivo. Estou perfeitamente satisfeita com a minha vida do jeito que está. Por que eu desejaria algo diferente? — Ela se virou para ele e ergueu uma sobrancelha. — Tenho tudo o que quero. Dinheiro e qualquer luxo que ele possa prover.

      — A senhorita não quer mesmo mudar nada, não

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