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expressão. Mas o cabelo e os olhos tão escuros deviam parecer-se com o seu pai, porque Crystal tinha os olhos castanhos e o cabelo castanho-claro.

      Crystal era muito parecida com o seu pai e ela era parecida com a sua mãe. Rachel tinha o cabelo muito loiro e usava-o sempre curto. Tinha uns olhos entre azuis e verdes.

      Um golpe inesperado na porta interrompeu os seus pensamentos.

      Rachel ficou tensa.

      – Quem pode ser?

      Afastou uma madeixa de cabelo dos olhos, olhou para as duas crianças nuas e considerou ignorar a porta. Fosse quem fosse, não podia ter chegado em pior momento.

      Jolie começou a chorar. Durante a semana que os gémeos tinham estado ao seu cuidado, Rachel aprendera que Cody gostava de estar nu, mas Jolie não.

      Rachel era uma mulher solitária, que preferia os animais e as plantas à maioria das pessoas e que não costumava receber visitas, nem sequer dos seus vizinhos. Mas a pessoa que batia à porta queria entrar, porque insistiu.

      Deixou os gémeos no berço, certificou-se de que não havia mais nada ao alcance de Cody e dirigiu-se para a porta, dizendo para si que já não era uma solitária. Viu um homem que tinha as mãos nos bolsos do casaco preto que vestia.

      Hum. Seria Ford Sullivan a pessoa com quem partilhava a tutela das crianças? Era membro das Forças Especiais e o seu comandante dissera a Rachel que Sullivan, aliás Mustang, estava fora do país quando os gémeos ficaram órfãos, mas que estaria disponível assim que voltasse da sua missão.

      Tanto lhe fazia se não voltasse.

      Abriu a porta só alguns centímetros.

      O homem era mais alto e largo de costas do que lhe parecera à primeira vista. Muito maior. Vestia calças de ganga e casaco de couro e usava óculos escuros, botas de motorista e barba de três dias. O céu estava cinzento e nevava, os flocos de neve caíam sobre os seus ombros largos e o seu cabelo escuro.

      Pareceu-lhe um homem perigoso.

      Rachel, que sentia fraqueza pelos filmes de acção, sentiu um calafrio ao vê-lo.

      Fez figas para que fosse um motorista que ficara sem gasolina.

      – Sim? – perguntou. Não lhe perguntou se podia ajudá-lo. Nem sorriu. Pensava que, se sorrisse, as pessoas entretinham-se mais e, a maior parte do tempo, preferia estar sozinha.

      – Rachel Adams? – perguntou ele. Tinha uma voz profunda de barítono.

      Ela voltou a sentir outro calafrio.

      – Sim – mudou de posição, inquieta, e pensou que devia ter estacionado o todo-o-terreno no celeiro.

      – Irmã de Crystal Adams?

      Não podia ser um motorista. Rachel deitou a cabeça para trás e observou-o com mais calma.

      – Suponho que é Ford Sullivan.

      Ele assentiu.

      – Sim, vim buscar os gémeos.

      Furiosa, Rachel pôs-lhe a mão no meio do peito quando ele tentou atravessar a soleira da porta.

      – Espere, tipo duro. Não o conheço. E, por enquanto, não gostei do que ouvi.

      Sullivan não recuou nem um centímetro, mas Rachel sentiu como ficava tenso e semicerrava os olhos, como um aviso da sua força e determinação. Pôs a mão no casaco e tirou a carteira. Mostrou-lhe o seu cartão de identificação militar.

      Ela sabia que as Forças Especiais eram um corpo de elite que trabalhava nos lugares mais complicados do mundo. Sabia por filmes e livros, mas era evidente que estava a considerar um trabalho de alta segurança.

      Depois de um instante, ele retirou o cartão dos dedos gelados de Rachel.

      – Senhora, vim de muito longe e está muito frio aqui fora.

      Ela não queria deixá-lo entrar, sobretudo porque lhe dissera que viera para levar os gémeos. E porque queria ficar com eles, mas aquele homem tinha direitos legais que Rachel não podia ignorar.

      Contrariada, desviou-se e deixou-o entrar. O oficial com quem falara dissera-lhe que Sullivan era um homem honesto. Muito bem.

      Rachel suspirou e fechou a porta. Depois, cerrou os dentes ao vê-lo à frente da lareira. O seu corpo enorme fazia com que a sala dela, pintada de azul e cinzento, parecesse demasiado pequena.

      E mais desordenada do que ela pensara. Os bebés tinham chegado com muitas necessidades. Arrumar a casa era um luxo, tal como dormir e tomar banho.

      Os gritos de Jolie do quarto fizeram Rachel lembrar-se do que estivera a fazer antes de abrir a porta. Sorriu, divertida. Estivera a pensar que estava na guerra e ali estava um dos seus inimigos.

      Aquele homem queria as crianças? Então, ia ajudar.

      – Fico contente por estar aqui – comentou, tentando ignorar o desprezo com que Sullivan olhava em seu redor e segurando-o pelo braço para o levar para o quarto. – Porque os gémeos precisam de um banho.

      Sullivan não resistiu. Tirou os óculos de sol, deixando à vista uns olhos azuis e inexpressivos, e pousou-os em cima da cama juntamente com o seu casaco.

      Jolie parou de chorar imediatamente ao olhar para ele. Rachel não a culpava. A t-shirt de algodão que vestia marcava-lhe os peitorais duros e os ombros. Tinha os braços fortes e bronzeados. Aquecia o quarto melhor do que uma lareira.

      Rachel não devia ter reparado naquilo, mas não conseguiu evitá-lo, sobretudo quando Sullivan se aproximou para limpar o queixo de Jolie.

      – O que se passou? – quis saber.

      Rachel explicou-lhe os costumes de Cody.

      Sullivan arqueou uma das suas sobrancelhas escuras.

      – Talvez devesse vigiá-los melhor.

      – Oh, como não me terá ocorrido antes? – estúpido! Rachel pegou em Jolie ao colo. – Pegue em Cody. A casa de banho é ali.

      Rachel tremeu ao perceber que havia toalhas e roupa suja por todos os lados. Metade do seu estojo de primeiros-socorros estava no lavatório. E também havia… um garfo?

      Tentou ignorar o caos e a vergonha que estava a passar e dobrou-se para abrir a torneira da banheira. Quando a água começou a sair quente, ajoelhou-se sobre uma toalha que deixara ao lado da banheira da última vez que dera banho às crianças. Depois, pôs Jolie na água.

      – Vigie os bebés – pediu a Sullivan, levantando-se. – Vou procurar toalhas limpas.

      – Isso seria bom – respondeu ele, sem se incomodar em esconder o seu desdém.

      Surpreendida, Rachel virou-se para o enfrentar, mas ele estava concentrado nas crianças. Hesitou durante alguns segundos; não sabia se devia tranquilizar-se ou desafiá-lo.

      Por um lado, tinha de admitir que a casa estava muito desarrumada e, por outro, só estava há seis dias com as crianças. Como é que aquele tipo se atrevia a julgá-la?

      Teria gostado de ver se ele era capaz de o fazer melhor.

      Não, virou-se e foi buscar as toalhas. Era melhor não o desafiar, porque então levaria os gémeos e ela precisava de cuidar deles, estar lá para eles, já que não estivera lá para a sua irmã.

      Se Sullivan pensava que ia deixar que os levasse tão facilmente, estava errado.

      – Como conheceu Crystal? – perguntou Rachel, quando voltou para a casa de banho.

      Ajoelhou-se ao seu lado, deixando bastante espaço no meio. Olhou para ele e tentou fingir que não via que as crianças lhe tinham molhado a t-shirt, que se colava ao seu peito impressionante.

      – Ei! – gritou Cody, contente, e salpicou água com as duas mãos, molhando todos. Jolie afastou-se,

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