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      Barbara Cartland

      Barbara Cartland Ebooks Ltd

      Esta Edição © 2016

      Título Original: “The Earl´s Revenge”

      Direitos Reservados - Cartland Promotions 2016

      Capa & Design Gráfico M-Y Books

       m-ybooks.co.uk

      NOTA DA AUTORA

      Como menciono neste livro, o uso de galés, por contrabandistas, foi uma das coisas mais difíceis de serem controladas durante a guerra contra Napoleão.

      Rasas na água, velozes e fáceis de manobrar, as galés tornavam-se alvos difíceis para os canhões.

      As autoridades tentaram controlar os contrabandistas proibindo a construção de barcos com mais de seis remos na região costeira da França.

      Os contrabandistas ingleses, entretanto, sentiam-se muito mais à vontade em Boulogne, Flushing, Calais ou Cap Gris Nez, do que em Ramsgate, Deal ou Folkestone.

      Os construtores de barcos transferiram suas operações para a França onde lhes era permitido trabalhar mediante uma autorização do governo francês, com a condição de empregarem em seus barcos determinado número de marujos franceses.

      Há relatos de que às vezes eram construídas em Calais dezoito gàlés ao mesmo tempo. O próprio Napoleão afirmava que, só em Dunquerque, havia acima de quinhentos contrabandistas ingleses.

      Esses barcos "de guinéus", como eram chamados, atravessavam o canal de Mancha transportando mercadorias e voltavam para a França trazendo de 10 000 a 1 000 guinéus por semana.

      Esse dinheiro era de valor inestimável para Napoleão, pois lhe permitia ter recursos financeiros imediatos para comprar, de países neutros, suprimentos de guerra.

      Na realidade Napoleão considerava os contrabandistas ingleses seus amigos e chegou a montar para eles um acampamento na costa francesa, em Gravelines.

      Quando Napoleão Bonaparte, finalmente, foi para o exílio na ilha de Santa Helena, seus amigos procuraram Thomas Johnson, o famoso contrabandista inglês, e lhe ofereceram uma recompensa de 40 000 libras para libertar o ex-Imperador.

      CAPÍTULO I ~ 1819

      Enquanto seu luxuoso faetonte avançava velozmente, Charles Lyndon refletia que as duas parelhas de cavalos com sangue árabe que estava conduzindo eram as mais extraordinárias que poderia haver.

      Esse tipo de faetonte, conhecido como highflyer, de altura exagerada e extremamente difícil de dirigir, especialmente quando puxado por quatro cavalos, tomara-se popular entre os jovens dândis da elegante região de St. James.

      As rodas traseiras tinham cinco pés e oito polegadas de diâmetro e o assoalho do veículo ficava a cinco pés do chão.

      Charles Lyndon possuía seu faetonte desde que retomara da França, onde havia estado como oficial do Exército de Ocupação.

      Considerava a elegante e veloz carruagem a mais esportiva que poderia haver. Prestava-se para corridas, embora um acidente com tal veículo, devido à altura, poderia ser fatal.

      Era justamente esse risco que tomava um faetonte highflyer tão sedutor para os jovens mais impetuosos.

      Já os dândis e janotas apreciavam o veículo porque a elevada altura lhes permitia olhar para os pedestres orgulhosamente e até com certo desdém.

      Com Charles Lyndon isso não acontecia, apesar de sua importância e enorme fortuna.

      Charles considerava-se um protegido da sorte. Além de culto e riquíssimo, era o mais belo e elegante entre todos os sócios do White’s Club.

      Durante a guerra contra Napoleão ele fora o mais jovem comandante de tropas. Lutara com bravura e destacara-se tanto que recebera as duas maiores condecorações que um oficial do Exército poderia receber.

      O próprio Duque de Wellington elogiara o jovem Capitão, ao Príncipe Regente e, ao regressar da França, Charles Lyndon passara a ser frequentador assíduo da Carlton House.

      Na sociedade londrina ele vinha fazendo o maior sucesso. Os amigos e outros rapazes do beau monde admiravam-no e imitavam-no, enquanto as mulheres o perseguiam, tentando conquistá-lo.

      Além da imensa fortuna, herança tanto materna quanto paterna, Charles Lyndon era também o herdeiro presuntivo do tio, o Conde de Lyndonmore.

      Como não podia deixar de ser, Charles era alvo da inveja daqueles que não conseguiam, como ele, fazer sucesso e ter praticamente tudo o que um homem pudesse desejar.

      Esses invejosos tentavam ridicularizá-lo, chamavam-no de frustrado e até o apelidaram de o "Nunca-nunca-nobre" porque Charles ainda não era um par do reino.

      O tio, que estivera doente durante anos, conseguira se restabelecer e mantinha-se forte apesar dos sessenta e cinco anos.

      Embora se aborrecesse intimamente. Charles Lyndon ria desses pobres de espírito e procurava ignorá-los.

      Já fazia um ano que ele regressara da França e durante esse tempo vinha se divertindo, indo a festas, recepções, bailes e teatros.

      Não lhe faltava a companhia de belas mulheres, fossem elas as ladies casadas e viúvas que se atiravam nos seus braços, ou as talentosas ncipriotasn, então no auge da fama.

      As mães ambiciosas, com filhas debutantes, sonhavam com um genro rico e importante como Charles Lyndon e tudo faziam para cativá-lo.

      Depois dos horrores e das agruras da guerra, era natural que Charles buscasse os prazeres e divertimentos que uma cidade grande como Londres tinha para oferecer a um homem de posses.

      Com o passar do tempo Charles sentiu-se entediado e decidiu que um homem como ele, prestes a completar vinte e oito anos, devia se casar e ter sua família.

      Possuía uma das mais belas casas da Inglaterra, a Lyndon Hall, em Berkshire, que pertencia aos condes de Lyndonmore desde o século XVII.

      Da construção original ficara bem pouco e uma nova mansão surgira no local, construída, a pedido do avô de Charles, pelo maior arquiteto da época, Robert Adam.

      Esse genial arquiteto, pertencente à escola de arquitetura influenciada pela Renascença italiana, construíra um grande número de casas históricas inglesas.

      O lema de Robert Adam não era "correção" e sim "movimento".

      Na Lyndon Hall, o arquiteto conseguira dar movimento à construção por meio de curvas contrastantes na majestosa escadaria que havia no portentoso hall de mármore.

      A magnífica abóbada por ele projetada era maior e mais imponente do que a de qualquer outra casa.

      Do corpo central da mansão, com suas imponentes colunas de mármore, estendiam-se a ala leste e a oeste.

      A Lyndon Hall, na verdade, era tão grande, tão bela e tão luxuosa quanto um Palácio.

      Charles amava mais aquela casa do que qualquer outro lugar do mundo. Ali fora criado, pois com a morte do avô, o tio, herdeiro do título e das propriedades do Conde de Lyndonmore, decidira mudar-se para o norte da Inglaterra e dera a Lyndon Hall ao irmão, pai de Charles.

      Este falecera recentemente e. Charles pensava, se agora a Lyndon Hall lhe pertencia, devia morar ali com sua esposa. Ambos teriam filhos que, por sua vez, herdariam todas as vastas propriedades e a imensa fortuna que ele possuía.

      Nos bailes aos quais comparecia. Charles Lyndon olhava ao redor e, sem falsa modéstia, notava-se que o rosto de todas as mocinhas solteiras, se iluminava ao vê-lo.

      Ele escolhia para dançar apenas aquelas jovens aclamadas como beldades pelo beau monde.

      Sylvie Bancroft, filha de lorde Bancroft, importante estadista, era considerada por todos a “incomparável" da temporada.

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