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que industriada e modelada pelo bravo Libertador do Perú e do Chile, se porá cedo em estado de abater de uma vez o orgulho dos Lusitanos70.

      Aqui, Brasil e Peru continuam a trocar exemplos positivos. É o que indica um artigo da Gazeta del Gobierno de Lima de 02 de novembro de 1822, publicado pelo Diário do Governo do Brasil, em 25 de abril de 1823:

      Notícias de parte a parte prosseguiriam, até que, em março de 1825, o Diário do Governo, do Rio de Janeiro, estamparia uma notícia que, de muitos modos, pode ser lida como o anúncio do fim de uma época protagonizada, dentre outros, por Brasil e Peru. Não seria, certamente, a única notícia com o mesmo tom na imprensa do Brasil que, como já pudemos observar anteriormente, tinha em meio a suas pretensões analíticas o costume de «encerrar» épocas do tempo presente; no entanto, aqui o pretexto é o fim da ordem realista espanhola no Peru, com a compressão das notícias do triunfo de Bolívar e da passagem do último vice-rei deposto, La Serna, pelo Rio de Janeiro, antes de seguir para a Europa (Wagner de Reyna, 1985). Ambas notícias convertiam-se em exemplo pedagógico para que Portugal —que ainda não tinha reconhecido a independência do Brasil— «aprendesse» com a história:

      Evidentemente, as relações políticas e determinações recíprocas entre Brasil e Peru não ficariam por aqui. No entanto, os vetores da experiência histórica específica que os envolvera, posicionando-os em meio ao processo geral de independência da América ibérica, doravante e cada vez mais tenderiam a se modificar em razão de um novo processo geral, do qual o anterior derivava sem com ele se confundir, tampouco se dissociar por completo: o de formação dos Estados nacionais americanos.

      3. Conclusões (preliminares)

      Respeitando o modo indicativo e preliminar com que até agora foi esboçada uma colocação do Brasil e do Peru, um pelo no outro, em uma experiência revolucionária moderna, o que tal colocação pode sugerir?

      A hipótese de uma solidariedade calcada na defesa de uma ordem monárquica tradicional, a inclinar círculos políticos realistas do Brasil e do Peru a conceber a positividade da manutenção de tal ordem no continente americano em geral, e não apenas em seus espaços políticos de atuação mais imediata, demanda, sem dúvida, aprofundamento empírico e, consequentemente, maior densidade analítica. Limito-me, porém, a entender que os modos pelos quais foram se processando os conteúdos de aprendizados políticos recíprocos, a envolverem fronteiras geograficamente contínuas, mas também descontínuas, e a penetrarem no âmago de visõs de mundo amparadas em leituras da história recente de cada parte da América, de todo o continente e do mundo em geral, estimulam a idieia de que os portos do Brasil —em especial, o do Rio de Janeiro— não eram, no contexto das independências, simples passagem necessária às viagens do Peru à Europa. Uma vez na Corte portuguesa, depois brasileira, exilados realistas provenientes do Vice-reino deveriam encontrar um ambiente onde, sem dúvida, despetariam atenção das autoridades locais, mas onde também gozariam de algum tipo de respaldo político. Tal respaldo, aliás, já movera muitos outros indivíduos que, por terra, saíam do Peru e chegaram ao Brasil.

      Assim, se a imprensa e os espaços públicos de discussão política no Brasil envolveram a trajetória concreta de espanhóis e hispanoperuanos que atuavam naquele contexto, é plausível que as formulações relativas ao Brasil e ao Peru, veiculadas naqueles espaços, também tenham sido, de alguma forma, moldadas por tais trajetórias, em um jogo de determinações recíprocas marcante da experiência histórica aqui abordada. O encontro entre tais dimensões da mesma, no entanto, ainda depende de maiores investimentos historiográficos, dos quais poderão resultar o abandono definitivo da insistência na história de Brasil, Peru e de outras partes como sendo realidades autossuficientes e isoladas umas das outras.

      Bibliografia

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