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ser responsável pelas mortes de outros – nem que fosse por pura sorte?

      Alguns instantes depois, várias mãos se levantaram relutantemente.

      Então Hayman disse, “E os outros? Quantos de vocês não têm a certeza?”

      Quase todos os outros alunos levantaram as mãos.

      Hayman assentiu e disse, “Ok. Muitos de vocês podem ter cometido o mesmo erro a dada altura. Então quantas pessoas aqui se sentem culpadas pela forma como agiram ou pelo que deviam ter feito e não fizeram?”

      Outro rumor confuso se apoderou da sala.

      “O quê?” Perguntou Hayman. “Nenhum de vocês? Porque não?”

      Uma rapariga levantou a mão e gaguejou, “Bem… foi diferente porque… suponho que porque… ninguém morreu, acho.”

      Ouviu-se um múrmurio geral de concordância.

      Riley reparou que outro homem entrara na sala. Era o Dr. Dexter Zimmerman, o responsável pelo Departamento de Psicologia. Zimmerman parecia ter estado do outro lado da porta a ouvir a discussão.

      Riley tivera uma aula com ele no semestre anterior – Psicologia Social. Era um homem mais velho, de aspeto bondoso. Riley sabia que o Dr. Hayman o considerava o seu mentor – na verdade, era uma espécie de ídolo. Muitos alunos também o viam dessa forma.

      Os sentimentos de Riley em relação ao Professor Zimmerman eram mais confusos. Ele fora um professor inspirador, mas não interagira com ele como os outros. Não sabia bem porquê.

      Hayman explicou à turma, “Pedi ao Dr. Zimmermen para vir até cá e participar na discussão de hoje. Penso que nos ajudará. Ele ém a pessoa mais pespicaz que conheci em toda a minha vida.”

      Zimmerman corou e riu-se.

      Hayman perguntou-lhe, “Então o que pensa do que acabou de ouvir os meus alunos dizerem?”

      Zimmerman inclinou a cabeça e pensou por um momento.

      Então disse, “Bem, pelo menos alguns dos seus alunos parecem pensar que existe alguma espécie de diferença moral aqui. Se não ajudarmos alguém e essa pessoa se magoar ou morrer, é errado – mas não há problema se não houver consequências negativas. Mas eu não vejo qualquer distinção. Os comportamentos são idênticos. As consequências diferentes não alteram o facto de estarem certos ou errados.”

      Um múrmurio percorreu a sala quando o significado do discurso de Zimmerman começou a ser assimilado.

      Hayman perguntou a Zimmerman, “Isso significa que todos aqui deviam arcar com a culpa juntamente com a Riley e a Trudy?”

      Zimmerman encolheu os ombros.

      “Talvez seja o contrário. Sentir-se culpado faz bem a alguém? Vai trazer a jovem de volta? Talvez devamos ter sensações mais apropriadas neste momento.”

      Zimmerman colocou-se em frente à secretária e olhou diretamente para os alunos.

      “Digam-me, vocês que não eram muito próximos da Rhea. O que sentem em relação a estas duas amigas dela neste momento – Riley e Trudy?”

      A turma ficou em silêncio por alguns instantes.

      Então Riley ficou abismada por ouvir algumas pessoas a chorarem na sala.

      Uma rapariga disse numa voz abafada, “Oh, sinto-me tão mal por elas.”

      Outra disse, “Riley e Trudy, gostava que não se sentissem culpadas. Não deviam. O que aconteceu à Rhea já foi suficientemente mau. Nem consigo imaginar a dor que estão a sentir neste momento.”

      Outros alunos concordaram.

      Zimmerman sorriu para a turma.

      Disse, “Calculo que a maioria de vocês sabem que a minha especialidade é patologia criminal. O trabalho da minha vida é tentar compreender a mente do criminoso. E nestes últimos três dias, tenho vindo a tentar perceber este crime. Até agora asó tenho a certeza de uma coisa. Foi pessoal. O assassino conhecia a Rhea e queria-a morta.”

      Mais uma vez, Riley tentou compreender o incompreensível…

      Alguém odiava a Rhea o suficiente para a matar?

      Então Zimmerman acrescentou, “Por muito horrível que pareça, posso garantir-vos uma coisa. Ele não voltará a matar. A Rhea era o seu alvo, mais ninguém. E tenho a certeza de que a polícia o apanhará em breve.”

      Apoiou-se na borda da secretária e disse, “Posso dizer-vos outra coisa – esteja o assassino onde estiver agora, ele não está a sentir o que todos vocês parecem estar a sentir. Ele é incapaz de sentir compaixão pelo sofrimento de outra pessoa – muito menos a verdadeira empatia que sinto nesta sala.”

      Escreveu as palavras “compaixão” e “empatia” no quadro.

      Perguntou, “Alguém me pode recordar a diferença entre estas duas spalavras?”

      Riley ficou um pouco surpreendida por Trudy levantar a mão.

      Trudy disse, “Compaixão é quando nos importamos com o que outra pessoa sente. Empatia é quando partilhamos os sentimentos de outra pessoa.”

      Zimmerman anuiu e anotou as definições de Trudy.

      “Exatamente,” Disse ele. “Então sugiro que todos nós coloquemos de parte os nossos sentimentos de culpa. Foquemo-nos na nossa capacidade de empatia. Separa-nos dos monstros mais terríveis do mundo. É preciosa – ainda mais num momento como este.”

      Hayman parecia estar agradado com as observações de Zimmerman.

      Disse, “Se todos estiverem de acordo, penso que devíamos terminar a aula por hoje. Foi muito intenso – mas espero que tenha sido útil. Lembrem-se, estão todos a processar sentimentos muito poderosos neste momento – mesmo aqueles de vocês que não eram próximos da Rhea. Não esperem que a dor, o choque e o horror desapareçam nos próximos tempos. Deixem as coisas seguirem o seu curso natural. São parte do processo de cura. E não hesitem em pedir ajuda aos terapeutas da escola. Ou aos colegas. Ou a mim e ao Dr. Zimmerman.”

      À medida que os alunos se levantavam para ir embora, Zimmerman disse…

      “Antes de saírem, dêem um abraço à Riley e à Trudy. Acho que precisam.”

      Pela primeira vez no decurso da aula, Riley sentiu-se aborrecida.

      O que é que o faz pensar que preciso de um abraço?

      A verdade era que um abraço era a última coisa que queria naquele momento.

      De repente, lembrou-se – fora aquilo que a incomodara no Dr. Zimmerman quando tivera aulas com ele. Ele era demasiado fofo para o seu gosto e era muito sensível em relação a imensas coisas e gostava de dizer aos alunos para se abraçarem.

      Aquilo parecia um pouco estranho para um psicólogo especializado em patologia criminal.

      Também parecia estranho para um homem tamanha empatia.

      Afinal de contas, como é que ele sabia se ela e Trudy queriam ou não ser abraçadas? Nem se dera ao trabalho de perguntar.

      Quão empático é isso?

      Riley não conseguia evitar pensar que o homem era no fundo um falso.

      Contudo, ali ficou estoicamente enquanto todos os colegas lhe davam um abraço cheio de compaixão. Alguns estavam a chorar. E Riley reparou que Trudy não se importava de ser alvo daquela atenção. Trudy sorria enquanto chorava a cada abraço.

      Talvez seja eu, Pensou Riley.

      Estaria algo de errado com ela?

      Talvez ela não tivesse os mesmos sentimentos das outras pessoas.

      Em breve acabaram-se os abraços e a maioria dos alunos saíra da sala, incluindo Trudy

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