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enfrentá-los de cabeça erguida."

      Elas olharam para ela, claramente perplexas.

      "Com a tua foice?", perguntou a sua prima em dúvida.

      "Talvez eles não venham com maldade", entrou na conversa a sua outra prima.

      Mas Genevieve via-os a chegar. Lentamente, abanou a cabeça.

      "Eles vêm", ela respondeu.

      Ela viu-os perto, esperando que abrandassem – contudo, para sua surpresa, eles não o fizeram. Ao centro cavalgava Manfor, um nobre privilegiado de vinte anos de idade, a quem ela desprezava, o duque do reino, um menino com lábios grandes, olhos claros, cabelos cacheados dourados e um sorriso permanente. Parecia que estava constantemente a olhar para o mundo de cima para baixo.

      Quando ele se aproximou, Genevieve viu que ele tinha um sorriso cruel no rosto, enquanto olhava para o seu corpo como se ela fosse um pedaço de carne. A menos de vinte jardas de distância, Genevieve levantou a foice e deu um passo para a frente.

      "Eles não me levarão", disse ela resignada, pensando em Royce. Mais do que qualquer coisa, ela desejava que ele estivesse ao seu lado agora.

      "Genevieve, não!", exclamou Sheila.

      Genevieve correu em direção a eles com a foice erguida, sentindo a adrenalina a percorrer-lhe o corpo. Ela não sabia como tinha convocado a coragem, mas fê-lo. Avançou, levantou a foice e golpeou o primeiro nobre que se aproximou dela.

      Mas eles eram demasiado rápidos. Cavalgavam como trovões e, enquanto ela dava balanço, um simplesmente ergueu o seu taco, girou ao redor e arrancou-lhe a foice da mão. Ela sentiu uma vibração terrível através das suas mãos e viu, sem esperança, a sua arma a voar e a cair nas espigas nas proximidades.

      Logo a seguir, Manfor passou a galopar, inclinou-se e golpeou-a na cara com as costas da mão com a sua manopla de metal.

      Genevieve gritou, girou com a força do movimento e caiu de cara nas espigas com uma dor lancinante.

      Os cavalos pararam abruptamente e, enquanto os cavaleiros à sua volta desmontavam, Genevieve sentiu umas mãos ásperas sobre ela. Foi posta de pé com um puxão, arrebatada pelo golpe.

      Ela ficou ali a cambalear. Olhou para cima e viu Manfor de pé diante dela. Ele riu com desdenho, levantando o elmo e removendo-o.

      "Larga-me!", ela sibilou. "Eu não sou tua propriedade!"

      Ela ouviu gritos. Olhou e viu a sua irmã e primas a correrem até ela, tentando salvá-la – e ela viu horrorizada os cavaleiros a darem-lhe com as costas das mãos, atirando-as ao chão.

      Genevieve ouviu o riso horrível de Manfor quando ele a agarrou e a atirou para as costas do seu cavalo, amarrando-lhe os punhos um ao outro. Um momento depois, ele montou-se atrás dela, esporeou o cavalo e partiu, com as miúdas a gritarem atrás dela enquanto ela se distanciava cada vez mais. Ela tentava lutar, mas era escusado reagir já que ele a segurava como se ela estivesse presa num torno.

      "Como estás errada, jovem", respondeu ele, rindo enquanto cavalgava. "Tu és minha."

      CAPÍTULO CINCO

      Royce estava no meio dos campos de trigo, a talhar com a sua foice, alegre ao pensar na sua noiva. Ele mal podia acreditar que o dia do seu casamento tinha chegado. Ele amava Genevieve desde sempre. E este dia seria um dia que não rivalizaria com nenhum outro. Amanhã, ele iria acordar com ela ao seu lado, numa nova cabana só deles, com uma nova vida pela frente. Ele conseguia sentir a excitação no seu estômago. Não havia nada que ele desejasse mais.

      Enquanto dava balanço à sua foice, Royce pensava nos treinos com os seus irmãos todas as noites, com os quatro a lutar incessantemente com espadas de madeira e às vezes com espadas verdadeiras, com pesos duplos, quase impossíveis de levantar, para torná-los mais fortes, mais rápidos. Embora ele fosse mais jovem do que os seus três irmãos, Royce percebia que já era um melhor lutador do que todos eles, mais ágil com a espada, mais rápido a atacar e a defender. Era como se ele fosse cortado de um pano diferente. Ele era diferente, ele sabia disso. No entanto, não sabia porquê. E isso incomodava-o.

      De onde vinha o seu talento para o combate? ele perguntava-se. Porque é que ele era tão diferente? Não fazia muito sentido. Eram todos irmãos, todos do mesmo sangue, da mesma família. No entanto, ao mesmo tempo os quatro eram inseparáveis, fazendo tudo juntos, quer fosse lutar ou trabalhar nos campos. Isso, na verdade, era a sua única apreensão acerca daquele alegre dia: seria a sua saída de casa o início do afastamento deles? Ele prometeu, em silêncio, que não iria permitir que isso acontecesse.

      Os pensamentos de Royce foram subitamente interrompidos por um som no limite do campo, um som incomum para aquele momento do dia, um som que ele não queria ouvir num dia perfeito como aquele. Cavalos. Galopando com pressa.

      Royce virou-se e olhou, instantaneamente alarmado, e seus irmãos fizeram o mesmo. A sua preocupação aprofundou-se ao vislumbrar as irmãs e primas de Genevieve a cavalgarem até ele. Mesmo dali Royce conseguia ver as suas expressões de pânico, em urgência.

      Royce tentava desesperadamente compreender o que estava a ver. Onde estava Genevieve? Porque é que eles estavam todos a cavalgar para ele?

      E então, ele ficou verdadeiramente preocupado ao perceber que algo terrível tinha acontecido.

      Ele largou a foice, assim como os seus irmãos e a outra dúzia da sua aldeia, correndo ao encontro deles. A primeira a chegar ao pé dele foi Sheila, a irmã de Genevieve, que desmontou do cavalo mesmo antes de ele parar, agarrando-se aos ombros de Royce.

      "O que é que passa?", Royce gritou. Ele agarrou-lhe os ombros. Ele conseguia senti-la a tremer.

      Ela mal conseguia pronunciar as palavras por entre as suas lágrimas.

      "Genevieve!", ela gritou, com uma voz aterrorizada. "Eles levaram-na!"

      Royce sentiu o seu mundo a desabar ao ouvir as palavras dela, ocorrendo-lhe os piores cenários.

      "Quem?", ele perguntou, enquanto os seus irmãos corriam até ele.

      "Manfor!", chorava ela. "Da casa de Nors!"

      Royce ficou apavorado e a indignação percorreu-lhe o corpo. A sua noiva. Levada pelos nobres, como se ela fosse propriedade deles. O rosto dele encolerizou-se.

      "Quando!?", ele exigiu saber, apertando o braço de Sheila com mais força do que pretendia.

      "Mesmo agora!", respondeu ela. "Arranjámos estes cavalos para te vir dizer assim que conseguimos!"

      As outras desmontaram atrás dela e, ao fazê-lo, entregaram as rédeas a Royce e aos seus irmãos. Royce não hesitou. Num movimento rápido ele montou o cavalo dela, esporeou e foi a romper pelos campos.

      Atrás dele, ele ouvia os seus irmãos a cavalgar, também, sem perderem o ritmo, todos através das espigas e na direção do distante forte.

      O seu irmão mais velho, Raymond, cavalgava ao seu lado.

      "Sabes que a lei está do lado dele", ele gritou. "Ele é um nobre e ela é solteira – pelo menos por agora."

      Royce acenou de volta.

      "Se invadirmos o forte e pedirmos para eles a deixarem voltar, eles vão recusar", Raymond acrescentou. "Não temos base legal para exigir que a devolvam."

      Royce rangeu os dentes.

      "Eu não vou pedir para eles a deixarem voltar", ele respondeu. "Eu vou tirá-la de lá."

      Loren abanava a cabeça enquanto cavalgava ao lado deles.

      "Nunca vais conseguir passar por aquelas portas", ele gritou. "Um exército profissional espera por ti. Cavaleiros. Armamento. Portões". Ele abanou a cabeça novamente. "E mesmo que conseguisses, de alguma forma, passar por eles, mesmo que conseguisses resgatá-la, eles não a iriam libertar. Eles vão perseguir-te e matar-te."

      "Eu sei", respondeu-lhe Royce.

      "Meu irmão," disse Garet. "Eu adoro-te. E adoro Genevieve. Mas isto vai significar a tua morte. A morte de todos nós. Deixa-a ir. Não há nada que

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