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escutar sua voz era como um retorno rápido e abrupto para realidade.

      "Sim, estou aqui."

      "Desculpe-me por ligar cedo," ele disse. E antes que ele adicionasse qualquer outra coisa, Mackenzie escutou o telefone de Ellington tocar do outro lado da cama.

      Algo grande, ela pensou. Algo ruim.

      "Olha, eu sei que eu assinei nas suas duas semanas," disse McGrath. "Mas nós temos uma bagunça em mãos por aqui e eu preciso de você nisso. Você e Ellington. Encontre-me no meu escritório o mais rápido que você puder."

      Não era um pedido, mas uma ordem direta. E sem qualquer coisa que lembrasse um adeus, McGrath terminou a ligação. Mackenzie deixou escapar um suspiro e olhou para Ellington, o qual estava terminando sua própria ligação.

      "Bem, parece que suas férias acabaram," ele disse com um sorriso fino.

      "Tudo bem," ela disse. "Terminou em um estouro."

      E então, como um velho casal no matrimônio, eles se beijaram e escorregaram da cama, indo para o trabalho.

      CAPÍTULO DOIS

      O edifício J. Edgar Hoover estava vazio quando Mackenzie e Ellington entraram. Ambos já estiveram nesses corredores em todas as horas da noite, então não era qualquer coisa fora do ordinário. Ainda assim, ser chamada no trabalha em uma hora dessas nunca era uma boa coisa. Normalmente significava que havia algo realmente terrível esperando por eles.

      Quando chegaram ao escritório de McGrath, encontraram a porta aberta. Ele estava sentado a uma pequena mesa de conferências no fundo do seu escritório, olhando uma variedade de arquivos. Havia outro agente com ele, uma mulher que Mackenzie havia visto antes. Seu nome era Agente Yardley, uma mulher quieta do tipo sem baboseiras que entrava para ajudar o Agente Harrison de tempos em tempos. Ela assentiu e deu um sorriso robótico quando eles entraram na sala e foram até a mesa da sala de conferências. Ela olhou de volta para seu notebook, focada no que quer que estivesse na tela.

      Quando McGrath olhou acima para Mackenzie, ela não podia deixar de notar o que parecia ser um ligeiro alívio em seus olhos. Era uma boa maneira de ser apresentada de volta ao trabalho depois de ter suas férias encurtadas.

      “White, Ellington,” disse McGrath. "Vocês conhecem a Agente Yardley?"

      "Sim," disse Mackenzie, dando um aceno de reconhecimento para a agente.

      "Ela acaba de voltar de uma cena criminou que está ligada a outra que tivemos a cinco dias. Originalmente eu a coloquei no caso, mas quando eu pensei que nós pudéssemos ter um serial nas nossas mãos, eu a pedi para fornecer tudo que ela tivesse para que eu pudesse repassar para vocês dois. Temos um assassinato… o segundo do tipo em cinco dias. White, eu chamei você especificamente porque eu quero você nele baseado em sua história─especificamente o Assassino do Espantalho."

      "Qual é o caso?" perguntou Mackenzie.

      Yardley virou seu notebook para eles. Mackenzie foi até a cadeira mais próxima a ele e tomou o assento. Ela olhou para a imagem na tela com uma tranquilidade mórbida que ela passou a conhecer bem─a habilidade de estudar uma imagem de algo grotesco como parte do trabalho, mas com uma simpatia resignada que a maioria dos humanos sentiria em uma morte trágica como essa.

      Ela viu um homem mais velho, seu cabelo e barba majoritariamente grisalhos, pendurado em uma porta de uma igreja. Seus braços estavam estendidos e sua cabeça estava curvada para baixo em uma apresentação de crucificação falsa. Havia talhos em seu peito e uma extensa e profunda ferida em sua fronte. Ele fora despido e deixado apenas de roupa íntima, a qual pegou uma grande parte do sangue que escoou da sua testa e peito. Pelo que ela podia ver nas imagens, estava bem certa de que suas mãos foram literalmente pregadas na porta. Os pés, porém, foram simplesmente amarrados juntos.

      "Essa é a segunda vítima," disse Yardley. “Reverendo Ned Tuttle, cinquenta e cinco anos de idade. Ele foi descoberto por uma velha senhora que parou na igreja mais cedo para colocar flores no túmulo do seu esposo. A perícia está na cena enquanto nós conversamos. Parece que o corpo foi colocado lá menos de quatro horas atrás. Nós já enviamos agentes para falar com a família para avisá-los."

      Uma mulher que gosta de tomar a frente e concretizar as coisas, pensou Mackenzie. Talvez ela e eu nos déssemos bem juntas.

      "O que nós temos na primeira vítima?" perguntou Mackenzie.

      McGrath deslizou uma pasta para ela. Ao abrir e olhar o conteúdo, McGrath a repassou. “Padre Costas, da Igreja Católica do Sagrado Coração. Ele foi encontrado no mesmo estado, pregado nas portas da sua igreja cinco dias atrás. Estou honestamente bem surpreso que vocês não viram alguma coisa sobre isso nos noticiários."

      "Fiz questão de não ver as notícias durantes as férias," ela disse, mandando um olhar para McGrath que deveria ser cômico, mas sentiu que passou totalmente despercebido.

      "Eu lembro escutar sobre isso na salinha do café," disse Ellington. A mulher que descobriu o corpo ficou em estado de choque por um momento, certo?"

      “Certo,” disse McGrath.

      "E, baseado no que a perícia forneceu," acrescentou Yardley, "o Padre Costas certamente não esteve pregado lá por mais que duas horas."

      Mackenzie olhou pelos arquivos. As imagens dentro mostraram o Padre Costas na exata posição do Reverendo Tuttle. Tudo parecia bem idêntico, até a ferida alongada cruzando a fronte.

      Ela fechou o arquivo e o deslizou de volta para McGrath.

      "Onde fica essa igreja?" perguntou Mackenzie, apontando para a tela do notebook.

      "Logo fora da cidade. Uma igreja presbiteriana de um tamanho decente."

      "Envie as direções para mim por mensagem," disse Mackenzie, já ficando de pé. "Eu gostaria de ir vê-la por mim mesma."

      Aparentemente, ela sentiu falta do trabalho pelos últimos oito dias mais do que percebera.

***

      Ainda estava escuro quando Mackenzie e Ellington chegaram na igreja. A equipe de perícia estava acabando de terminar o trabalho. O corpo do Reverendo Tuttle fora removido da porta, mas isso estava bem por Mackenzie. Baseado nas duas imagens do Padre Costas e do Reverendo Tuttle que ela havia visto, ela viu tudo o que precisava ver.

      Dois assassinatos em estilo de crucificação, ambos nas portas frontais de igrejas. Os homens mortos eram os presumíveis líderes dessas igrejas. Está bem claro que alguém tem um rancor bem grande da igreja. E quem quer que fosse, não é específico para uma denominação em particular.

      Ela e Ellington se aproximaram da frente da igreja enquanto a equipe da perícia concluía as coisas. Ao lado à esquerda, próximo a uma pequena placa de madeira com o nome da igreja, havia um pequeno grupo de pessoas. Algumas delas estavam em prece enquanto se abraçavam. Outros choravam abertamente.

      Membros da igreja, assumiu Mackenzie com uma tristeza ressonante.

      Eles chegaram perto da igreja e a cena só piorava. Havia manchas de sangue e dois grandes buracos onde os pregos foram inseridos. Ela olhou pela área em busca de alguma outra iconografia religiosa, mas viu nenhum. Havia apenas sangue e pequenas porções de sujeira e suor.

      Uma atitude ousada, ela pensou. Tem que haver algum tipo de simbolismo nisso. Por que uma igreja? Por que as portas de uma igreja? Uma vez seria coincidência. Mas dois em seguida, ambos pregados às portas─era proposital.

      Ela achou quase ofensivo que alguém fizesse uma coisa dessas em frente a uma igreja. E talvez esse fosse o ponto. Não havia como saber com certeza. Embora Mackenzie não fosse um forte crente em religião ou em Deus ou nos efeitos da fé, ela também respeitava completamente os direitos das pessoas que realmente viviam pela fé. Algumas vezes ela desejava que ela fosse esse tipo de pessoa. Talvez esse fosse o motivo de ela achar tal ato tão deplorável; zombar a morte de Cristo na própria entrada de um lugar no qual pessoas se reuniam para procurar consolação e refúgio em seu nome era detestável.

      "Mesmo se esse fosse o primeiro assassinato," disse

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