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      No final de contas, havia incontáveis Jillys por esse mundo fora e muito poucas eram salvas de vidas terríveis.

      Riley não as podia ajudar a todas, nem podia livrar o mundo de todos os seus terríveis assassinos.

      É tudo tão fútil, Pensou. Tudo o que faço.

      Abriu os olhos e olhou pela janela. O avião deixara as luzes de DC para trás e lá fora só se via uma escuridão impenetrável.

      Ao espreitar para a noite sombria, pensou na sua reunião daquele dia com Bill, Lucy e Meredith, e quão pouco sabia sobre o caso em que iam trabalhar. Meredith dissera que as três vítimas haviam morrido com disparos de longa distância realizados por um atirador habilidoso.

      O que é que isso lhe dizia sobre o assassino?

      Que matar era um desporto para ele?

      Ou que estava nalguma missão sinistra?

      Uma coisa parecia certa – o assassino sabia o que estava a fazer e era bom a fazê-lo.

      O caso ia sem dúvida ser um desafio.

      Entretanto, Riley começou a sentir as pálpebras pesadas.

      Talvez consiga dormir, Pensou. Mais uma vez encostou a cabeça para trás e fechou os olhos.

      *

      Riley olhava para o que pareciam ser milhares de Rileys, todas em pé em ângulos estranhos viradas umas para as outras, tornando-se mais pequenas e finalmente desaparecendo na distância.

      Virou-se ligeiramente e também todas as outras Rileys.

      Levantou o braço e as outras também o fizeram.

      Depois a sua mão tocou numa superfície de vidro.

      Estou cercada de espelhos, Apercebeu-se Riley.

      Mas como chegara ali? E como sairia?

      Ouviu uma voz chamar…

      “Riley!”

      Era uma voz de mulher, algo familiar para ela.

      “Estou aqui!” Gritou Riley. “Onde estás?”

      “Também estou aqui.”

      De repente, Riley viu-a.

      Estava bem à sua frente, no meio da multidão de reflexos.

      Era uma mulher jovem e atraente que usava um vestido fora de moda há várias décadas.

      Riley soube de imediato de quem se tratava.

      “Mãe!” Disse ela num sussurro espantado.

      Ficou surpreendida por ouvir que a sua própria voz agora era a de uma menina.

      “O que é que estás aqui a fazer?” Perguntou Riley.

      “Vim só dizer adeus,” Disse a mãe com um sorriso.

      Riley lutou para compreender o que se estava a passar.

      Depois lembrou-se…

      A mãe tinha sido morta à frente de Riley na loja de doces quando Riley tinha seis anos.

      Mas ali estava a mãe, com o mesmo aspeto que tinha quando Riley a viu pela última vez.

      “Onde é que vais mãe?” Perguntou Riley. “Porque é que tens que ir?”

      A mãe sorriu e tocou no vidro que estava entre elas.

      “Estou em paz agora, graças a ti. Posso prosseguir.”

      Aos poucos Riley começou a compreender.

      Há pouco tempo Riley encontrara o assassino da mãe.

      Tornara-se num velho sem-abrigo a viver debaixo de uma ponte.

      Riley deixara-o lá, percebendo que a sua vida fora castigo suficiente para o crime que cometera.

      Riley tocou no vidro que a separava da mão da mãe.

      “Mas não podes ir mãe,” Disse ela. “Eu sou só uma menina pequenina.”

      “Oh não, não és,” Disse a mãe com o rosto radiante. “Olha só para ti.”

      Riley olhou para o seu reflexo no espelho ao lado da mãe.

      Era verdade.

      Riley agora era uma adulta.

      Parecia estranho perceber que ela era muito mais velha do que a mãe quando morrera.

      Mas Riley também parecia cansada e triste em comparação com a sua mãe mais jovem.

      Ela nunca envelhecerá, Pensou Riley.

      Tal não se aplicava a Riley.

      E ela sabia que o seu mundo estava repleto de julgamentos e desafios ainda para serem vividos.

      Alguma vez teria paz para o resto da sua vida?

      Deu por si a invejar a alegria pacífica, eterna e intemporal da mãe.

      Depois a mãe virou-se e afastou-se, desparecendo nos reflexos infinitos de Riley.

      De repente ouviu-se um som terrível e todos os espelhos se estilhaçaram.

      Riley estava numa escuridão quase total e com vidros partidos até aos tornozelos.

      Ergueu com cuidado os pés, depois tentou sair do meio daqueles destroços.

      “Cuidado onde pões os pés,” Disse outra voz familiar.

      Riley virou-se e viu um velho enrugado com um rosto duro.

      “Pai!” Disse ela.

      O pai riu perante a sua surpresa.

      “Esperavas que estivesse morto, não é?” Disse ele. “Lamento desapontar-te.”

      Riley abriu a boca para o contradizer.

      Mas então percebeu que ele tinha razão. Ela não sofrera com a sua morte em outubro.

      E era certo que não o queria de volta à sua vida.

      No final de contas, raramente dissera uma palavra gentil em toda a sua vida.

      “Onde tens estado?” Perguntou Riley.

      “Onde sempre estive,” Disse o pai.

      A cena começou a mudar de uma vastidão de vidro partido para o exterior da cabana do pai na floresta.

      Ela agora estava na porta de entrada.

      “Podes precisar da minha ajuda neste caso,” Disse ele. “Parece que o teu assassino é um soldado. Eu si muito sobre soldados. E sei muito sobre matar.”

      Era verdade. O pai tinha sido capitão no Vietname. Ela não fazia ideia de quantos homens matara em serviço.

      Mas a última coisa que queria era a sua ajuda.

      “Chegou o momento de ires,” Disse Riley.

      O sorriso do pai transformou-se numa careta.

      “Oh não,” Disse ele. “Ainda agora me estou a instalar.”

      O seu rosto e corpo mudaram de forma. Numa questão de segundos, era mais jovem, mais forte, de pele escura, mais ameaçador do que anteriormente.

      Agora era Shane Hatcher.

      A transformação aterrorizou Riley.

      O pai sempre tinha sido uma presença cruel na sua vida.

      Mas começava a temer Hatcher ainda mais.

      Muito mais do que o pai, Hatcher tinha alguma espécie de poder manipulativo sobre ela.

      Podia obrigá-la a fazer coisas que nunca imaginara fazer.

      “Vá-se embora,” Disse Riley.

      “Oh não,”

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