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veria qualquer pessoa envolvida no processo como uma ameaça—mesmo que fosse a advogada que o livrou. Mas Howard... Não parece coisa dele. Nas poucas vezes que fui até ele pedir ajuda ele estava... Não sei... sociável. Se ele tinha qualquer intenção em relação a mim, ele escondeu muito bem.

      - Claro que escondeu – O’Malley disse. – Você acha que a fuga dele foi um acidente casual? Aposto qualquer coisa com você que esse babaca estava planejando isso há meses. Talvez desde o primeiro dia dele lá. E se ele planejava escapar e de algum jeito vir atrás de você ou, no mínimo, envolver você em alguma história perturbadora, por que ele iria te contar?

      Avery queria argumentar, mas ela claramente podia entende-lo. Ele tinha todas as razões para pensar que aquele bilhete era de Howard. E ela também sabia que o medo inerente à cidade pela fuga dele tornou fácil para O’Malley e Connelly apontarem o dedo na direção de Howard quando se tratava do assassinato com a pistola de pregos.

      - Olhe, vamos deixar toda a história de Howard Randall de lado por um momento – ela disse. – Se foi Howard ou não, alguém jogou essa coisa pela minha janela. Eu só pensei que seria melhor fazer tudo pelo caminho correto já que o Connelly quer que eu esteja afastada de qualquer coisa que possa ter relação com Howard.

      - Certo – Finley disse. – Eu falei com ele no caminho para cá. Ele está ocupado com alguma coisa com o prefeito e a imprensa agora.

      - Sobre Howard Randall?

      Finley assentiu.

      - Meu Deus – Avery disse. – Isso está ficando ridículo.

      - Bom, então – O’Malley disse, - você não vai gostar nada do que ele me mandou fazer.

      Avery esperou que O’Malley falasse. Ela podia ver que ele estava desconfortável—que preferia que Connelly estivesse ali para dar a ordem ele mesmo. Finalmente, suspirou e disse:

      - Ele quer que nós realoquemos você por alguns dias. Mesmo que Randall não tenha jogado esse tijolo, está claro que alguém está te ameaçando. E sim... provavelmente porque ele escapou. Odeio te dizer isso, mas você não está nada bem nessa. Você o libertou anos atrás... Livrou ele para uma matança. Muitas pessoas—

      - Isso é ridículo – Rose se intrometeu. – As pessoas acham que minha mãe tem algo a ver com a fuga?

      - Tem gente que leva as coisas ao extremo, sim – O’Malley admitiu. – Felizmente, houve apenas murmúrios sobre isso na mídia. Você não viu nada? – Ele perguntou, olhou para Avery.

      Ela pensou naqueles momentos irritantes no quarto de hospital de Ramirez. A TV estivera ligada e ela havia visto o rosto de Howard, sabendo da essência das notícias através do letreiro inferior na tela. Mas nunca havia visto seu próprio nome, nem esperava por isso. Finalmente, balançou a cabeça respondendo à pergunta de O’Malley.

      - Bem, seja lá o que você ache, eu acredito que ele está totalmente certo. Você precisa ser realocada alguns dias até que isso se acalme. Vamos dizer que quem atirou o tijolo não foi Howard. Então significa que algum cidadão aleatório atirou. Algum babaca que pensa que você é responsável por termos um assassino à solta. E então? Para onde? – O’Malley disse. – Pense enquanto arruma suas coisas. Finley e eu ficaremos felizes em te levar para onde você precisar.

      - Não preciso pensar – Avery disse. – Já tenho um lugar em mente.

      ***

      Eles chegaram ao apartamento de Ramirez meia hora depois. Avery levou menos de dez minutos para fazer uma mala com as coisas essenciais. Rose viera junto, com a insistência tanto de Avery quanto de O’Malley. Após uma pequena a calorosa discussão, Rose havia cedido, decidindo ficar com sua mãe por um ou dois dias... para ter certeza de que ela estaria bem.

      Quando os quatro entraram na casa de Ramirez, o lugar estava um pouco assustador. Mesmo que já tivesse tecnicamente aceitado se mudar para o apartamento de Avery, ele não chegara a ter a chance. Todas suas coisas estavam ali, esperando para quando ele voltasse.

      Avery caminhou pelo local, fingindo que aquilo não estava a afetando. Ela estivera ali muitas vezes antes e sempre se sentira bem-vinda. Não deveria ser diferente agora.

      - Você tem certeza disso? – Finley disse. – Me desculpe por perguntar, mas me parece meio triste.

      - Não é mais triste do que ficar no quarto de hospital dele – Rose disse.

      Avery queria que o lugar se conectasse a ela, queria sentir algo por ele para depois tentar decidir o que deveria fazer em seguida.

      Quando eles entraram, O’Malley estava no telefone, discutindo detalhes de vigilância para os apartamentos de Ramirez e Avery. Eles haviam sido cuidadosos para não serem seguidos no caminho, mas nem por isso queriam dar brecha ao azar.

      Quando Avery colocou sua mala no chão da sala de Ramirez, O’Malley encerrou a ligação. Ele esperou um momento, respirou fundo, e olhou pela janela. Lá embaixo, as ruas estavam um pouco menos cheias do que quando Avery e Rose haviam curtido o vinho e uma boa conversa. Além disso, depois de ter um gato morto entrado por sua janela, a rua parecia mais sinistra também.

      - Então é o seguinte – O’Malley disse. – Nos próximos três dias, você vai ter constantemente alguém aqui vigiando, estacionado na rua. Vão ser carros à paisana, mas sempre membros do A1.

      - Não é necessário – Avery disse. Ela estava começando a achar que as coisas estavam saindo do controle.

      - Acho que é sim – ele respondeu. – Você viveu uma espécie de solidão nessa situação toda nos últimos dias. E as coisas pioraram. Temos certos vigilantes na rua procurando Randall. As pessoas estão começando a ir fundo nessa história e estão te encontrando nela.

      Vá logo e acabe com isso, ela pensou. Eles vão me encontrar na história como a advogada que conseguiu liberta-lo—liberdade essa que ele usou para matar mais uma pessoa. É isso o que você está querendo dizer.

      Mas ele não disse. Ao invés disso, continuou a olhar pela porta.

      - Os dois primeiros vão ser Sawyer e Dennison. Eles vão chegar em cerca de meia hora. Até lá... Parece que seremos eu e Finley.

      Rose olhou para os dois policiais e depois para sua mãe.

      - Isso.. é tão perigoso assim? Precisamos de proteção?

      - Não – Avery respondeu. – É um pouco de exagero.

      - É para a proteção de sua mãe. E a sua também. Dependendo de quem esteja por trás do assassinato com a pistola de pregos e o arremesso do tijolo e do gato, você pode estar em perigo também. Depende do tamanho do desejo de vingança que essa pessoa tem contra sua mãe.

      - Vamos baixar um pouco o tom dramático – Avery disse, com raiva na voz. – Eu gostaria muito que você não assustasse minha filha.

      CAPÍTULO SEIS

      Qualquer esperança de uma noite de garotas tranquila fora por água abaixo. Quando O’Malley e Finley saíram, o apartamento ficou em silêncio. Rose havia se jogado no sofá de Ramirez. Ela estava viajando em linhas do tempo de redes sociais e mandando e recebendo mensagens de suas amigas.

      - Acho que você sabe que não é para contar para ninguém o que aconteceu – Avery disse.

      - Eu sei – Rose respondeu, um pouco ressentida. – Ei, e o pai? Devemos contar para ele?

      Avery pensou naquilo por um momento, colocando as opções na balança. Se fosse só por ela, não haveria dúvida. Não havia necessidade de Jack saber. Mas com Rose envolvida, as coisas mudavam. Ainda assim... era arriscado.

      - Não – Avery respondeu. – Ainda não.

      Rose apenas assentiu timidamente em resposta.

      - Rose, não sei o que te dizer. Isso é chato.

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