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Não haveria com certeza muitos homicídios numa pequena cidade do Iowa. Talvez o polícia mais velho já tivesse lidado com um ou dois homicídios, mas Riley tinha a certeza que o mais jovem nunca vira nada igual.

      Quando Doty começou a conduzir, Riley pediu aos dois polícias para lhe contarem a ela e Jenn o que pudessem sobre o sucedido.

      Doty disse, “O nome da rapariga era Katy Philbin, dezassete anos. Uma estudante na secundária Wilson. Os pais são donos da farmácia local. Uma rapariga simpática, todos gostavam dela. O velho George Tully encontrou o corpo dela esta manhã quando ele e os filhos se preparavam para a sementeira de primavera. O Tully tem uma quinta não muito longe de Angier.

      Jenn perguntou, “Sabe-se há quanto tempo lá estava enterrada?”

      “Terão que perguntar isso ao Chefe Sinard. Ou ao médico-legista.”

      Riley recordou-se do pouco que Meredith lhes havia relatado sobre a situação.

      “E a outra rapariga?” Perguntou. “A que está desaparecida?”

      “Chama-se Holly Struthers,” Disse Laird. “Ela era… uh, penso que é estudante na escola Lincoln. Está desaparecida há cerca de uma semana. Toda a cidade esperava que ela aparecesse mais cedo ou mais tarde. Mas agora… bem, acho que temos que ter esperança.”

      “E fé,” Acrescentou Doty.

      Riley sentiu um estranho arrepio quando ele disse aquilo. Já perdera conta ao número de vezes que ouvira pessoas a dizer que rezavam para que uma pessoa desaparecida aparecesse sã e salva. Mas a fé nunca ajudara.

      Fará com que as pessoas se sintam melhor? Interrogou-se.

      Não imaginava porquê ou como.

      A tarde estava luminosa quando o carro saiu de Des Moines rumo à auto-estrada. Pouco depois, Doty virou para uma estrada de duas faixas que se espraiava pelo campo.

      Riley teve uma sensação estranha no estômago. Demorou alguns momentos a perceber que essa sensação não estava relacionada com o caso – pelo menos, não diretamente.

      Sentia-se muitas vezes assim quando tinha um trabalho no Midwest. Ela geralmente não sofria de medo de espaços amplos – agorafobia, pensava que se chamava. Mas as vastas planícies e pradarias despoletavam um tipo de ansiedade único nela.

      Riley não sabia o que era pior – as planícies planas que vira em estados como o Nebraska, espraiando-se até onde a vista alcança, ou uma pradaria monótonoa como aquela com as mesmas quintas, cidades e campos a surgirem vezes sem conta. De qualquer das formas, considerava aquilo perturbador, até mesmo enjoativo.

      Apesar da reputação do Midwest como uma terra de valores Americanos íntegros, de certa forma não a surpreendia que se cometessem homicídios ali. No que lhe dizia respeito, só o campo era suficiente para enlouquecer uma pessoa.

      Em parte para afastar a mente da paisagem, Riley pegou no telemóvel para enviar uma mensagem à família.

      Cheguei bem.

      Pensou por um momento, depois acrescentou…

      Já tenho saudades vossas. Mas provavelmente estou de volta num instante.

      *

      Após cerca de uma hora na auto-estrada de duas faixas, Doty virou para uma estrada de gravilha.

      Enquanto prosseguia a condução disse, “Estamos a chegar ao terreno de George Tully.”

      Riley olhou à sua volta. A paisagem parecia igual – grandes pedaços de campos vazios interrompidos por regos, vedações e linhas de árvores. Reparou numa casa grande no meio de tudo aquilo, situada ao lado de um celeiro decrépito.Calculou que Tully ali vivesse com a família.

      Era uma casa de aspeto estranho que parecia ter sido sujeita a alterações ao longo dos anos, provavelmente por várias gerações.

      Entretanto, Riley viu o veículo do médico-legista, estacionado na berma da estrada. Vários outros carros estavam estacionados por perto. Doty estacionou atrás da carrinha do médico-legista e Riley e Jenn seguiram-no e ao seu parceiro mais jovem na direção de um campo recentemente arado.

      Riley viu três homens à volta de um local escavado. Não conseguia ver o que ali tinha sido encontrado, mas entreviu um pedaço de tecido colorido a flutuar na brisa primaveril.

      Era ali que estava enterrada, Percebeu.

      E naquele momento, Riley foi atingida por uma sensação estranha.

      E percebeu que ela e Jenn tinham um importante papel a desempenhar ali.

      Tinham trabalho a fazer – uma rapariga estava morta e elas não parariam até o assassino ser descoberto.

      CAPÍTULO DEZ

      Duas pessoas estavam junto ao corpo recentemente desenterrado. Riley dirigiu-se de imediato a um delas, um homem musculoso aparentando ter a sua idade.

      “Chefe Joseph Sinar, presumo,” Disse ela com a mão em posição de cumprimento.

      Ele anuiu e apertou-lhe a mão.

      “As pessoas daqui tratam-me por Joe,”

      Sinard indicou um homem obeso de aspeto aborrecido na casa dos cinquenta a seu lado, “este é Barry Teague, o médico-legista do condado. Vocês devem ser o pessoal do FBI por que esperávamos.”

      Riley e Jenn mostraram os seus distintivos e apresentaram-se.

      “Aqui está a nossa vítima,” Disse Sinard.

      Apontou para baixo na direção do buraco onde uma jovem repousava descuidadamente com um vestido cor de laranja vivo. O vestido estava levantado acima das coxas e Riley viu que a roupa interior havia sido retirada. Não usava sapatos. O rosto estava anormalmente pálido e a sua boca aberta ainda apresentava vestigios de terra. Os olhos estavam abertos. O corpo sujo apresentava uma cor opaca, já sem traços de vida.

      Riley estremeceu. Raramente sentia qualquer emoção ao ver um cadáver – Vira muitos ao longo dos anos. Mas esta rapariga lembrava-lhe muito April.

      Riley virou-se para o médico-legista.

      “Já chegou a alguma conclusão, Sr. Teague?”

      Barry Teague acocorou-se junto ao buraco e Riley juntou-se a ele.

      “É mau – muito mau,” Disse ele num tom de voz que não expressava qualquer emoção.

      Apontou para as coxas da rapariga.

      “Vê estas nódoas negras?” Perguntou ele. “Parece-me que foi violada.”

      Riley não o disse, mas pareceu-lhe que tinha razão. A julgar pelo odor, talbém pressupôs que a rapariga tivesse morrido há duas noites e que estaria ali enterrada desde essa altura.

      Riley perguntou ao médico-legista, “Qual terá sido a causa da morte?”

      Teague soltou um suspiro de impaciência.

      “Não sei,” Disse ele. “Talvez se vocês me deixarem retirar o corpo daqui para fazer o meu tarbalho, eu vos consiga dizer.”

      Era palpável o ressentimento do homem por ali estar o FBI. Iriam ela e Jenn enfrentar muita resistência local?

      Lembrou a si própria que fora o Chefe Sinard a chamá-los. Pelo menos podia contar com a cooperação de Sinard.

      Riley disse ao médico-legista, “Já a podem levar.”

      Levantou-se e olhou em seu redor. Viu um homem idoso a alguns metros de distância, encostado a um trator e a olhar diretamente para o corpo.

      “Quem é aquele?” Perguntou ao Chefe Sinard.

      “George Tully,” Disse Sinard.

      Riley

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