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      Trabalho com a Ashley há imenso tempo e somos boas amigas. Ela conhece-me bem e eu conheço-a bem também. Estou a gostar de me meter com ela.

      “Não o fizemos…” digo e deixo o pensamento ficar a pairar.

      “…mas?” ela incita.

      “Tive de voltar aqui por causa do limite do bar mas pode-se dizer que perdi a minha roupa interior,” digo enquanto dou um golo na minha bebida.

      “Como assim perdeste?” Ashley pergunta confusa, e depois atinge-lhe. A sua mão voa até á sua boca enquanto se apercebe do que eu quis dizer. “Oh meu…”

      Sorrio e pisco-lhe o olho. Depois os seus olhos voam até um ponto atrás da minha cabeça e um momento mais tarde ouço a voz dele de novo.

      “Esta lugar está ocupado?” ele pergunta.

      Claro que não, e se estivesse, teria ficado livre agora mesmo só para ti, penso antes de responder. “Não, mas presumo que está prestes a estar.”

      “Tudo vai depender se permites que me sente,” ele sorri enquanto espera pela autorização.

      Que cavalheiro, penso, questionando-me o que ele fez com as minhas cuecas.

      “Por favor, senta-te,” digo e depois adiciono, “Não precisas da minha autorização.”

      Ele puxa a cadeira e senta-se enquanto olho para Ashley. Ela dá-me um rápido piscar de olho e depois retira-se da mesa. Quero pedir-lhe para ficar, mas é demasiado tarde.

      “Posso roubar-te da tua agenda ocupada por mais uns momentos?”

      “Podes,” respondo.

      “Tenho de dizer que realmente te excedeste com o planeamento e execução imaculados deste casamento. Está fabuloso.” Rick diz ligeiramente. A sua voz é confiante. Tem um tom autoritário mas amável. Um que diz, Eu é que mando e sei o que quero. Também consigo o que quero.

      Apanho o cheiro do seu perfume de novo. Tem um toque de madeira e é forte. Não no sentido de ele ter posto demasiado, mas o cheiro é simplesmente forte, poderoso, masculino.

      “Obrigada pelo elogio,” digo, corando de novo. Estou a corar entre as coxas e tenho quase a certeza de que ele sabe. Fecho as coxas com força e sinto o quão molhada estou. Coro mais profundamente.

      “Um passarinho disse-me que és uma das melhores organizadoras de casamentos em Los Angeles,” ele diz enquanto me estuda.

      “Bem, não me preocupo com as classificações. Simplesmente faço o melhor que posso pelos meus clientes. Eles são importantes e é um dia muito especial, então merecem o melhor.”

      “Essa é uma forma muito nobre de pensar. Muito humilde também.”

      “Obrigada,” coro de novo. “Tens o hábito de elogiar assim tanto as mulheres? Sabes que funciona maravilhosamente, não sabes? Mas vou adicionar, tiveste-me atrás da árvore. Não precisas de me elogiar mais.”

      Ele sorri. “Não te estou a elogiar. Simplesmente acredito em dar o crédito onde é devido,” ele sorri.

      “Obrigada, de novo,” inclino a minha cabeça na sua direção.

      Ele aproxima-se e baixa a sua voz. “Podemos pôr o nosso momento anterior de lado? Há outra coisa sobre a qual te quero falar,” ele diz.

      “O quê?” pergunto surpreendida.

      “Bem, és uma das melhores no que fazes, quer o queiras admitir ou não. Eu acredito que também sou um dos melhores no que faço, e estava a pensar que talvez podíamos colaborar.”

      O quê? Pergunto a mim própria. Ele acabou mesmo de começar a falar em trabalho? Começo a sentir-me desanimada, desiludida. A nuvem número nove começou repentinamente a descer mais rápido.

      “Tenho a certeza de que podemos falar sobre colaborar. Mas já tenho uma grande rede de pessoas,” respondo.

      “Compreendo isso, mas eu forneço um serviço especializado,” ele responde. “Duvido que tenhas alguém como eu na tua equipa. Muito poucos organizadores de casamentos têm.”

      “Okay,” respondo. “E fazes o quê, exatamente?”

      Rick sorri e vai até ao seu casaco. Ele remove a sua carteira e tira um cartão profissional. Arruma a sua carteira de novo no bolso do seu casaco e dá-me o cartão.

      Pego nele mas não olho imediatamente para lá. Estou impressionada com o que ele acabou de fazer. Pareceu tão fluído, ágil é a palavra que me vem à mente.

      “Sou um advogado,” Rick diz.

      As suas palavras atingem-me com força. Um advogado? Mas que raio...?

      As minhas sobrancelhas franzem-se em confusão. “Porque é que quereria colaborar com um advogado?” Não gosto de advogados por razões pessoais e não consigo evitar a irritação que atinge a minha voz quando eu respondo.

      “Porquê?” ele sorri e olha para mim antes de continuar, “Bem, muitos casais preferem ter acordos pré-nupciais feitos antes de se casarem. Alguns até querem um último testamento. Eu faço isso tudo.”

      Aceno lentamente com a cabeça. “Okay, isso faz sentido.”

      “Claro,” ele sorri. Ele inclina-se para a frente e continua, “Mas isso é apenas o início.”

      “O que queres dizer com ‘é apenas o início’?”

      “Bem, há o divórcio mais tarde.”

      Estou a beber a minha bebida quando ele diz isto, e a bebida acaba por entrar no buraco errado. Tusso e gaguejo enquanto pouso o copo. Quando o meu ataque de tosse acaba, dou mais uns golos para a minha voz voltar ao normal. “Divórcio?” digo, um pouco demasiado alto, e os convidados na mesa ao lado olham para nós. Estou enojada e chocada.

      “Sim, divórcio,” repete.

      Num instante, tudo o que aconteceu entre nós anteriormente foi apagado. Sinto que entrei num mundo alternativo.

      “Tens noção de que este é um dos dias mais bonitos que um casal irá ter na sua vida?”

      Rick acena com a cabeça. “Sim. Um dos dias mais bonitos. Mas não dura para sempre. A vida acontece.”

      “Então, presumes que todos os casamentos vão acabar em divórcio, mais cedo ou mais tarde?” pergunto, incrédula. Desta vez mantenho a minha voz baixa o suficiente para os outros convidados não ouvirem.

      “Não todos os casamentos,” Rick responde. “Mas deixa-me dar-te uma ideia do que estou a falar. Só na Califórnia, estimam-se que as taxas de divórcio são dez por cento mais elevadas do que a média nacional.”

      “Há uma média nacional para algo tão mau como o divórcio?” pergunto, enojada.

      “Sim. Gostarias de saber qual é a média nacional? Far-te-á questionar porque é que ainda incluem o ‘até que a morte nos separe’ nos seus votos.”

      “Não me interessa adivinhar,” respondo.

      “Bem, deixa-me esclarecer-te, então. A média nacional é de cinquenta por cento. Isso significa que na Califórnia é de…”

      “… sessenta por cento,” termino em nojo. Sinto a minha raiva aumentar. “Tens noção que estamos na receção de um casamento?”

      “Claro,” Rick responde. “Qual é o teu ponto?”

      Ignoro a sua pergunta. “Estás a falar a sério? O que fizeste com o homem que estava no jardim há pouco tempo?”

      Ele gargalha. “Engraçada. Ele está mesmo aqui.”

      “O que aconteceu ao homem que disse, quando os nossos olhos se encontraram, fui atraído para ti como uma traça a uma chama? Como me podes

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