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meu escritório e decido fazer ricochetear a ideia.

      “Lacy?”

      “Sim?”

      "Quero partilhar algo contigo. Uma ideia para possivelmente melhorar o nosso serviço e para nos diferenciar de outros organizadores de casamentos.”

      “Okay,” Lacy diz enquanto se senta à minha frente. “O quê?”

      “Um murmurador de casamento.”

      “O quê?” Lacy pergunta, não compreendendo o que estou a dizer.

      “Um murmurador de casamento. Uma pessoa que contrato para encorajar a noiva ou noivo a pôr de lado o seu medo de última hora de se casarem e para seguirem em frente com o casamento.”

      “Por que raio quererias fazer isso?” Lacy pergunta.

      “Porque os clientes desembolsam muito dinheiro num casamento. Dinheiro que perdem se a noiva ou o noivo decidirem deixar o outro de pé no altar. Esta pessoa ajudá-los-ia a ultrapassar o seu medo e a caminhar até ao altar de qualquer maneira.”

      Lacy abana a cabeça. Ela é conservadora e sei que fiz a coisa certa ao perguntar-lhe. Se alguém terá uma objeção negativa, é ela. Por mais que as suas objeções sejam negativas, fazem sentido na maioria das vezes.

      “Nem pensar. Isso é pedir problemas.”

      “Problemas? De quem?”

      “Chris,” ela diz, usando a versão curta do meu nome. “É perigoso. Uma boa ideia, mas é perigoso. Demasiado perigoso.”

      “Porque é que dizes que é perigoso?”

      Ela inclina-se para a frente, cruza as pernas e pousa os seus cotovelos nos seus joelhos. Por sua vez, ela descansa o queixo na mão, como sempre faz quando está prestes a fazer uma observação muito importante. “O que acontece se este murmurador de casamento fala com a noiva ou noivo, convence-os a casarem-se e poucos meses ou anos depois, eles divorciam-se?”

      “Não tenho a certeza se compreendo, Lacy.”

      “Bem, as pessoas ficam bastante rudes quando se divorciam. Precisam de alguém para culpar. Precisam de pôr a sua raiva em alguém e se puderem dizer que se casaram porque se sentiram pressionados a fazê-lo devido a um murmurador de casamento, então diria que terias imensos advogados a baterem-te à porta muito rapidamente.”

      Absorvo o que a Lacy acabou de me dizer. Sei que ela tem razão e, na minha mente, finalmente começa tudo a fazer sentido.

      Aceno em compreensão. “Obrigada, Lacy. Isso faz sentido. Posso contar sempre contigo.”

      “É por isso que aqui estou,” ela sorri.

      “É tudo por agora.”

      Lacy levanta-se e sai do meu escritório.

      Quase salto de alegria. Não acredito que não vi as possibilidades do que ela acabou de me dizer. Olho para o folheto de novo. Nada. Nem uma única palavra sobre um murmurador de casamento.

      E agora sei porquê. É uma bomba à procura do detonador e de um lugar para ser acionada. Qualquer casamento podia ser o lugar e o detonador.

      Rio com alegria.

      Sei o que preciso de fazer.

      VIOLA

      Receio.

      Não, não estou a falar do tipo de receio de quando estamos prestes a fazer um teste ou a experienciar algo de novo ou a fazer uma apresentação em frente a desconhecidos.

      Estou a falar do outro tipo de receio.

      O pior tipo.

      O tipo de receio que algumas mulheres e, em menor medida, alguns homens têm antes dos seus casamentos. Sim, esse tipo.

      O meu maior ódio. Porquê? Porque na minha linha de trabalho, pode arruinar tudo.

      Qual é a minha linha de trabalho?

      Sou uma organizadora de casamentos. Qualquer organizador de casamentos odeia e tem medo dos receios. Podem descarrilar tudo. O dia inteiro. Podem arruinar uma pessoa financeiramente e a sua reputação também.

      Mas já estou nesta área há algum tempo e aprendi da maneira mais dura. Quando se tem cancelamentos suficientes devido ao receio, tornamo-nos duros. Torna-se um assunto de sobrevivência, assim como de fazer o que se gosta.

      Agora insisto em depósitos não reembolsáveis da parte dos clientes. Eles assinam um contrato quando me contratam e aceitam que irão perder o seu dinheiro arduamente ganho se se atrevem a cancelar. O depósito cobre o aluguer do local, as decorações, os bolos, os fornecedores, o mobiliário e as tendas, o fotógrafo, a banda, e absolutamente tudo o que preciso de cobrir.

      Fui um passo mais longe com o meu serviço. Incluo uma conselheira que dá conselhos de último minuto se a noiva ou noivo ficam com receio. Eles não sabem que a pessoa com quem estão a falar é uma conselheira. A conselheira faz a sua magia e mantém as coisas dentro do plano.

      Sou a melhor. Não só no que diz respeito aos clientes, mas também no que diz respeito aos meus fornecedores. Eles sabem que serão pagos mesmo que o evento não aconteça.

      Estou inundada com clientes e até atrasam os seus casamentos para que eu possa ser a organizadora deles. Não me estou a gabar, estou apenas a dizer como as coisas são.

      Para mim, não se trata do aspeto comercial. Há algo em ver um casal a caminhar para o altar até àquele momento em que se comprometerão um com o outro perante Deus e todas as pessoas presentes. Ver o amor e preocupação nos seus olhos e o seu beijo e as celebrações que se seguem. Adoro isso. Adoro ver um casal apaixonado e feliz. É por isso que o faço. Ajudo casais a tornarem um sonho realidade com o seu dia de casamento.

      Mas, neste momento, estou à espera com a respiração suspensa. É o início da tarde de Sábado.

      O noivo está à espera na igreja e a noiva ainda nem sequer saiu de sua casa. A conselheira está a fazer o seu melhor, mas esta é a mais difícil até agora.

      Estou a começar a pensar que irei perder o primeiro casamento depois de imenso tempo. Vejo o meu historial de afastar o receio de noivas e noivos a ameaçar acabar aqui e agora. O noivo está agitado, assim como as pessoas na igreja.

      Espero com a respiração suspensa pela mensagem para me atualizar.

      O meu telemóvel toca. A noiva está a caminho.

      Digo uma oração silenciosa de agradecimento e solto um suspiro de alívio. Pego no walkie-talkie e falo com a minha equipa. “A noiva está a caminho. Metam-se nas vossas posições, por favor.”

      Recebo confirmações trémulas da equipa e vou para dentro para dizer ao noivo que a noiva está a caminho. Minto-lhe e digo que o trânsito esteve congestionado devido a um acidente. É normalmente essa a história que lhes conto. A noiva, ou noivo, quem quer que seja que ficou com receio, é sempre informado do que dizer de antemão. Na medida do possível, ninguém quer admitir que teve receio no dia do seu casamento. Não é assim que se deve começar um casamento. Podem resolver isto mais tarde se os noivos quiserem dizer ao seu novo cônjuge a verdadeira razão do seu atraso.

      A viagem até à igreja não é longa e felizmente o carro da noiva chega em breve. A noiva sai do carro e o órgão começa a tocar enquanto ela entra na igreja com as meninas das flores e a dama de honra atrás dela.

      O noivo observa-a e a sua cara ilumina-se com felicidade. Ele não consegue ver a cara dela muito bem devido ao véu. Espero que a noiva não esteja a mostrar o seu medo. A minha conselheira saiu do carro quando eles chegaram. Devia ter sido mau se a conselheira teve de vir no carro da noiva até à igreja.

      Preocupa-me que ela ainda possa, nesta altura, recuar, mas felizmente não o faz. Digo outra oração de agradecimento quando ela diz “sim” e beija o seu marido.

      Espero lá fora enquanto

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