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estavam muito distantes. Ele deu uma única olhada ansiosa nas luzes da janela do pub, então apressou o passo e seguiu em frente.

      A hospedaria estava silenciosa quando ele voltou, mas por uma porta fechada veio o som abafado de uma televisão com o volume baixo. Slim abriu a porta e viu a Sra. Greyson dormindo em sua cadeira em frente a uma lareira elétrica. O controle remoto da televisão repousava no braço da cadeira ao lado dela, como se ela tivesse tido a premeditação de diminuir o som antes de cochilar.

      Slim subiu as escadas. Ele colocou o relógio em sua cama e saiu. A oitocentos metros na estrada, em frente à única loja da vila, Slim encontrou um telefone público.

      Ele ligou para um amigo em Lancashire. Kay Skelton era um especialista em linguística e tradução que Slim conhecia desde os tempos de exército e com quem já havia trabalhado. Slim explicou sobre a velha carta encontrada dentro do relógio.

      "Preciso saber o que está escrito nela, se houver alguma coisa," disse Slim.

      "Mande para mim pelo correio," disse Kay. "Não é algo que eu possa fazer, mas tenho um amigo que pode ajudar."

      Depois de encerrar a ligação, Slim ficou surpreso ao descobrir que a loja ainda estava aberta, mesmo às quase seis e quinze.

      "Estou fechando," foi a saudação ríspida da lojista, uma senhora idosa com um rosto tão azedo que Slim duvidou que ela conseguisse sorrir se tentasse.

      "Só vou demorar um minuto," disse Slim.

      "Ah, todos dizem isso, não é?" disse ela com um sorriso e uma risada sarcásticos que deixaram Slim sem saber se ela estava fazendo uma piada ou sendo rude.

      Depois de comprar um envelope, Slim descobriu que, sim, a loja também funcionava como um correio local, mas, embora pudesse providenciar uma entrega especial de correspondência, era necessário pagar uma sobretaxa para envios fora do horário comercial.

      "Trelee fica longe?" ele perguntou, enquanto a lojista não tão sutilmente o conduzia em direção à porta.

      "Por que você quer ir lá? Não há muito para turistas."

      "Ouvi dizer que existe um certo mistério nesse lugar."

      A lojista revirou os olhos. "Ah, você quer dizer Amos Birch, o relojoeiro. Achei que isso já fosse passado. Por que você se importa com o desaparecimento de um velho?"

      "Eu sou um investigador particular. A história despertou meu interesse."

      "Porque? Há muito pouco para contar. Alguém te contratou?"

      Tanto desprezo foi colocado na palavra "contratar" que Slim se perguntou se a lojista teve alguma experiência ruim com investigadores particulares no passado.

      "Estou de férias," disse ele. "Mas você sabe o que dizem: uma vez policial, sempre policial."

      "Dizem isso, é?"

      "Então... para a esquerda ou direita ao sair da aldeia?"

      A lojista revirou os olhos de novo. "Ao norte pela velha estrada de Camelford. Talvez você veja uma placa — costumava haver uma, mas o conselho já não corta o mato como antes. Cerca de dez minutos de carro."

      "E a pé?"

      "Uma hora. Um pouco mais, talvez. Se você conhece o caminho, pode cortar pela orla de Bodmin Moor e ganhar tempo, mas tenha cuidado. Costumava ser uma área de minas."

      "Obrigado."

      "E leve algo para comer. Esta aqui é a única loja daqui até o posto Shell na A39, perto de Camelford."

      Slim assentiu. "Obrigado pela informação."

      A lojista deu de ombros. "Se você quer meu conselho, eu não me daria ao trabalho. Não há muito para ver, além de uma velha casa de fazenda, e nem muito para saber. Quando Amos Birch desapareceu, ele garantiu que nunca seria encontrado."

      6

      A chuva cumprimentou Slim na manhã seguinte, mas a Sra. Greyson estava com o humor mais alegre que ele já tinha visto quando ele contou que estava saindo.

      "Não é o melhor dia para ir para a charneca, é?" disse ela. Quando Slim deu de ombros, ela acrescentou: "Digo, eu tenho um guarda-chuva que poderia te emprestar, mas você não vai poder usar em sua bicicleta e, de qualquer forma, o vento lá vai estragá-lo."

      Slim considerou pedi-lo de qualquer maneira, mas decidiu arriscar com sua jaqueta normal. A Sra. Greyson ofereceu a ele um mapa velho, porém, com Trelee marcado como um ponto ampliado a um par de quadrados acima de onde Penleven havia recebido um pouco mais de espaço do que seu esparso agrupamento de casas merecia.

      A estrada era como ele esperava de Cornwall em qualquer lugar longe da A30 ou A39: uma faixa sinuosa sem fim, que mal dava para dois veículos passarem, um emaranhado de esquinas cegas e convergências escondidas mergulhando para dentro e para fora de vales arborizados entre as colinas de terras agrícolas e charnecas. Sebes claustrofóbicas ocasionalmente se abriam para revelar panoramas rudes e belos de um espaço aberto enevoado, mas andando na escuridão lançada por árvores pendentes, tendo como única companhia o latido distante de um cachorro ou o canto de um pássaro, a imaginação de Slim começou a provocá-lo com imagens de corpos mutilados e anúncios de pessoas desaparecidas nos jornais de domingo.

      Trelee, na fenda de estrada onde o mapa indicava que a aldeia deveria estar, era apenas uma dúzia de casas, espaçadas ao longo de meia milha de um trecho mais plano interrompido por portões em campos abertos com vista para Bodmin Moor. Algumas trilhas de fazendas desapareciam em vales escondidos, aglomerados de celeiros e casas de fazenda isoladas, revelando apenas telhados por entre as árvores sem folhas.

      Slim acorrentou sua bicicleta a um portão próximo a uma placa do conselho anunciando TRELEE em letras confiantes, a grama ao redor cortada como se tivesse sido golpeada por uma vara, então continuou a pé, se perguntando se ele havia perdido a viagem. As três casas mais próximas eram bangalôs modernos afastados da estrada. Nenhuma tinha veículos do lado de fora, sugerindo que os ocupantes estavam trabalhando em alguma metrópole distante. Ele avistou alguns outros sinais de vida: alguns brinquedos de criança espalhados na garagem de uma casa, um gato elegante sentado na janela de outra.

      Depois dos bangalôs, havia três chalés mais velhos, com paredes de pedra e telhados de palha, um pedaço de um documentário de viagem transportado para o meio do nada em Cornwell. Os dois primeiros pareciam vazios, portões trancados e caixas de correio lacradas, mas um velho vasculhava o jardim do terceiro, esvaziando os restos de plantas mortas em uma pilha de composto antes de empilhar as bandejas velhas.

      Slim ergueu a mão em resposta a uma saudação educada.

      "Gostaria de saber se eu poderia lhe tomar um minuto?" ele chamou.

      O homem se aproximou. "Claro. Você é novo por aqui?"

      "Estou visitando. Férias."

      O homem assentiu de forma atenciosa. "Que bom. Eu teria escolhido algum lugar um pouco mais perto da costa, mas cada um com seu gosto."

      Slim deu de ombros. "Estava barato."

      "Isso não é nenhuma surpresa."

      "Estou procurando alguém que possa ter conhecido Amos Birch," disse Slim, as palavras saíram antes dele realmente saber o que estava dizendo. "Estou ciente de que ele faleceu, mas me pergunto se ele talvez tivesse uma esposa ou um filho. Eu encontrei algo que pode pertencer a ele."

      O homem ficou visivelmente tenso com o nome de Amos. "Se ele faleceu ou não, há controvérsias. Quem deseja saber?"

      "Meu nome é Slim Hardy. Estou hospedado na Lakeview em Penleven."

      "O que você encontrou?"

      Slim achou que não havia razão para esconder nada. "Um relógio. Ouvi dizer que ele

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