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e tivesse uma personalidade tolerável. Não era pedir muito…

      – Eu ficaria feliz. – Ele ficou de pé e colocou o corpo vazio sobre a mesa. Um criado o encontraria em algum momento. – Mostre o caminho, Sua Graça. – Ele meneou a cabeça para Weston. – Talvez Seabrook possa perdoar os meus choramingos depois de um galope.

      Weston riu.

      – Ignore Dom. Ele está emburrado por uma razão completamente diferente. Tem tudo a ver com a minha irmã, sua amada esposa.

      – Segure a sua língua —ordenou Seabrook. – Prefiro não falar de Rosanna, por favor. Não se preocupe, ficaremos bem. Ela me ama. – Com aquela frase, o marquês piscou para Weston. – É a mesma coisa de quando a sua esposa perdoa você pelas tolices que comete.

      E lá vem a inveja mais uma vez. Ele estava rodeado de casais felizes, e estava enjoado disso. O que tinha acontecido com os casamentos da ton onde os casais mal se toleravam?

      – Pensei que estávamos indo montar?

      – E estamos —concordou Seabrook. – É bom ver que você finalmente está conosco. Você não parecia muito bem há uns minutos. O que quer que o esteja incomodando, deve ser algo bastante sério.

      – Prefiro não falar sobre isso. – Lucas suspirou. – Assuntos de família. – Era toda a explicação que daria para aqueles homens. Ele odiava muito o pai e suas exigências autocráticas. Desde que Helena se casara, o degenerado tinha reunido toda a sua atenção e a direcionara para Lucas. Tinha sido capaz de se esquivar da ordem de se casar pelos últimos oito anos, mas agora não podia mais ignorar o velho duque. O maldito pensava que se Lucas não se casasse e gerasse uma criança, que o título de Montford morreria com ele. Lucas não dava a mínima para tal problema. Não gostava da ideia de assumir o título ducal – mesmo isso significando que o pai não estaria mais por perto para aterrorizá-lo.

      – Certo. – Seabrook meneou a cabeça. – Se você mudar de ideia, estaremos por aqui. – Ele apontou para Weston. – Ele meio que é dono do lugar.

      Lucas riu.

      – Foi o que ouvi.

      – Muito engraçado —disse Weston com acidez. – Ultimamente, parece que todo mundo quer tentar ser um bobo da corte. Vamos lá, vamos para o estábulo.

      Lucas sorriu pela primeira vez em dias. Estava feliz por ter decidido ficar em Dover. Weston Manor sempre tinha sido como uma segunda casa, e ele era muito amigo dos gêmeos Kendall. Edward tinha nascido primeiro, mas morreu não muito depois de Lucas conhecer Lia, deixando a responsabilidade ducal para James.

      Ele sacudiu a cabeça. Não invejava Weston. Se perdesse a irmã, ele não tinha certeza se lidaria bem com o acontecido. É claro, o homem teve mais de uma década para se acostumar com a perda. Até mesmo o pior dos ferimentos levava tempo para curar…

      De qualquer forma, aquilo não importava. A irmã vivia feliz com o marido e os dois filhos, e estava esperando o terceiro. Era Lucas quem precisava dar um jeito na vida e encontrar a solução para todos os seus problemas. Era uma pena que as respostas não fossem cair aos seus pés, só para facilitar as coisas.

      Natalia Benson olhava para a mulher que a tinha contratado como acompanhante. Lady Anne Northcott era o pior tipo de pessoa. Egoísta, mesquinha e tão narcisista que chegava ao ponto de falar consigo mesma. Não havia um espelho para o qual a dama não olhasse. Se Natalia não precisasse do dinheiro, teria recusado o emprego. Já fazia anos que estava por conta própria.

      – Você acha que ele vai gostar de mim? – Lady Anne enrolou um cacho dourado no dedo indicador. – Eu espero que sim. Preciso me casar, e logo.

      Natalia revirou os olhos. Por que ela tolerava essas choramingações incessantes?

      – Eu não saberia dizer. – E ela não saberia mesmo. Parou de ouvir o balbuciar disparatado de lady Anne poucos minutos depois de conhecê-la. Natalia sentia pena pelo pobre diabo em quem ela tinha posto os olhos. Ninguém merecia o castigo de se casar com lady Anne.

      – Você não é de nenhuma ajuda. – Se fosse possível, lady Anne teria batido o pé. Inferno, é bem capaz de ela ter batido, mas Natalia não podia ter certeza. Estava na carruagem há dias. Não era bem verdade. Lady Anne não podia suportar ficar em uma carruagem por mais que poucas horas de cada vez. Então, elas paravam. Frequentemente. Tanto, que uma viagem que deveria durar não mais que um dia tinha se tornado uma viagem de uma semana. Ela não deveria estar precisando se casar tanto quanto dizia… Natalia rezou por paciência e se lembrou de por que precisava tolerar a dama insípida.

      Sua prima, Callista, estava desaparecida. Não tinha certeza do local onde ela tinha desaparecido, nem como poderia encontrá-la. Era quase como se ela não estivesse mais viva, e talvez fosse o caso. Ela vinha cumprindo algumas missões arriscadas para a coroa durante a guerra, e até mesmo muitos anos depois disso. A prima tinha agido como espiã com um único objetivo: descobrir quem matara o seu amado Edward.

      Até poucos meses atrás, Natalia tinha estado na França tentando descobrir o que tinha acontecido com Callista. Ninguém sabia com certeza, mas todos chegaram a um consenso. O marquês ou a marquesa de Seabrook seriam capazes de responder às suas perguntas, ou até mesmo os dois. Era irônico, de certa forma, ter que ir procurá-los para pedir ajuda. Lady Seabrook era irmã de Edward. Natalia não queria incomodar a família Kendall. A perda de um ente querido já era ruim o suficiente. Eles não precisavam se preocupar com a perda do único membro da família de Natalia com quem ela se importava.

      Embora Natalia também amasse uma outra pessoa, ela se mantinha afastada. Era para o próprio bem dele. Ela o amara desde a primeira vez que o viu. Na noite que ele a salvou do acidente de carruagem durante uma das piores nevascas que ela já presenciara. Ele era lindo, encantador e tinha um bom coração. Ele não merecia os problemas que causaria a ele. Ele poderia estar noivo a esta altura. Já fazia algum tempo que não verificava como ele estava. Não pôde pagar um investigador para conseguir notícias mais atualizadas. Mas não importava. Era melhor que ele esquecesse que eles se conheceram.

      – Você está ao menos me ouvindo?

      Bem, não, ela não estava. Quando lady Anne perceberia que ninguém prestava atenção nela? E por que prestariam? Ela já tinha mostrado a personalidade para centenas de pessoas. Natalia suspirou.

      – Eu sinto muito, estava perdida em meus pensamentos. Do que a senhorita precisa? – Esperava que fosse apenas outra resposta disparatada que iria satisfazer as necessidades pomposas dela.

      – Estamos quase chegando a Weston Manor. – Lady Anne se sentou erguida, aperaltada como um pássaro tentando seduzir o parceiro. Ela bateu palmas com animação. – Mal posso esperar para voltar a vê-lo. Eu sei, ele está fazendo o possível, e o impossível, para evitar o casamento, mas ele não pode fugir da forca para sempre. As fofocas dizem que o pai dele está exigindo que ele arrume uma esposa. E eu pensei, por que não eu? Afinal de contas, eu daria uma duquesa perfeita.

      – Com certeza – concordou sem se comprometer, lady Anne é a última pessoa do mundo que deveria se tornar duquesa. Isso daria a ela razões para ser ainda mais egoísta do que já era. Que o Senhor protegesse a ton no dia que isso acontecesse… Depois disso, lady Anne não precisou mais da atenção de Natalia. E isso era bom, pois ela não sabia mais o que dizer.

      Estava olhando pela janela da carruagem quando pôde jurar ter sentido o coração saltar do peito. Não podia ser… Havia três homens galopando pelo campo, e um deles parecia muito familiar. Lucas…? Não… Sempre lhe pareceu arriscado vir a Weston Manor. Ele tinha sido amigo de Edward, mas ainda assim tinha esperado que ele estivesse em Londres. Longe o bastante para que ela não fosse tentada.

      Não havia o que fazer agora. Faria o seu melhor para ficar fora da vista e talvez escondida entre a criadagem. Ser uma acompanhante paga faria com que fosse mais fácil. Talvez ele partisse logo. O resto dos convidados já devia ter partido a essa altura. Droga. Por que ele estava ali?

      Lady Anne balbuciava enquanto

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